“ENSINAR INGLÊS É POUCO?”: A INTRIGANTE REINCIDÊNCIA DO MAL-ESTAR (I)NOMINADO

Autores

  • Renata Nascimento Salgado Universidade Federal do Triângulo Mineiro/Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.18554/ri.v6i2.410

Resumo

Nunca é demais rememorar as notórias condições de trabalho que aturdem os professores brasileiros: salários reduzidos, más condições de trabalho, violência em sala de aula, acúmulo de obrigações, baixo prestígio e falta de reconhecimento junto à sociedade. Dentre estas, grifo as duas últimas, enquanto foco de investigação para este artigo, por querer investigar o impacto dessas condições no exercício profissional daqueles que são formados na área. É certo que paira um senso comum dominante a respeito do que sejam e o que fazem, então, os profissionais licenciados para o ensino de Língua Inglesa. A reincidente pergunta: “você dá aula de inglês?”, meu exemplo seminal, permanece e, não raras vezes, emerge enquanto opinião e sentença. Tão logo, sua materialização possibilita um rico espaço de análise discursiva, onde subliminares interpretações desvelam uma pueril e deformada compreensão do afazer profissional em si, quando afirma que “ensinar inglês é pouco”, ou questiona se “esse é o único trabalho por ele exercido”, questionando sua suficiência, denegrindo sua finalidade. Mais ainda, é possível imaginar que o professor, enquanto sujeito desta interpretação, compreenda o ‘só’ como ‘sozinho’, como ‘solitário’, posto a natureza equívoca da linguagem e de seus subjetivos sentidos produzidos, sejam por nós ou pelo outro. Dito isso, interpretar o discurso de professores formados em Letras, com habilitação para o ensino de Língua Inglesa, e, mais especificamente, discernir como que um grupo de professores formados em Letras – inclusos no intervalo temporal que abrange desde 1980 até 2010 – pensam sobre “o que são” e como se portam frente a esta situação, constituem o objetivo e corpo da presente investigação. Haja vista meu interesse na pesquisa de assuntos que envolvem a Linguística Aplicada e seus desdobramentos, para a supracitada tarefa, inscrevo a pesquisa a partir de uma tríplice perspectiva linguístico-discursivo-psicanalítica. Uma conjuntura conceitual multidisciplinar que se implica e colabora na tentativa de compreensão sobre o que está em jogo nessa teia de representações, as quais, conjecturo desde já, são de ordem identitária e identificatória, uma vez observada a insistente referência diminutiva alocada para aqueles que optam pela carreira de professor de inglês, a saber: “só”, “pouco” e “único”. Assim, tais referências abrem o devido espaço para a perscrução de outras (re)significações, bem como de suas fontes, permitindo que se pense também na história que forjou esse sujeito.

Biografia do Autor

Renata Nascimento Salgado, Universidade Federal do Triângulo Mineiro/Universidade Federal de Minas Gerais

Departamento de Línguas Estrangeiras/Linguística Aplicada

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Publicado

2014-03-17

Como Citar

SALGADO, R. N. “ENSINAR INGLÊS É POUCO?”: A INTRIGANTE REINCIDÊNCIA DO MAL-ESTAR (I)NOMINADO. InterteXto, Uberaba, v. 6, n. 2, 2014. DOI: 10.18554/ri.v6i2.410. Disponível em: https://seer.uftm.edu.br/revistaeletronica/index.php/intertexto/article/view/410. Acesso em: 19 mar. 2024.

Edição

Seção

ARTIGOS