Escritas que mobilizam saber: articulações de vozes para a produção de conhecimento

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18554/ifd.v8i1.5601

Palavras-chave:

Escrita acadêmica, Paráfrase linguística, Escrita mobilizadora.

Resumo

RESUMO: Este estudo analisa como a voz alheia é incorporada e apropriada de maneira a produzir traços de escritas mobilizadoras de conhecimento. Propomos a seguinte questão: há uma regra fixa para a escrita dos gêneros acadêmicos estudados na Graduação? Partimos da hipótese de que não há uma estrutura modelar para a escrita dos gêneros acadêmicos estudados nesse nível de ensino. É possível que isso ocorra porque, ao produzir os textos, os alunos são estimulados a dominar os aspectos estruturais dos gêneros sem que seja oferecido um ensino que possibilite, por meio de uma prática de escrita, a apropriação de um conhecimento já produzido. Intentamos descrever como, por meio de (re)escritas orientadas, o aluno estabelece relação com a palavra alheia utilizando-se da paráfrase. Tomamos por base contribuições de Fabiano (2007) sobre a escrita no Ensino Superior, de Grigoletto (2011) sobre a escrita mobilizadora, de Pêcheux (1997) sobre a forma-sujeito e de Fuchs (1985) sobre a paráfrase linguística. Para o corpus, utilizamos três textos produzidos por alunos da disciplina de Leitura e Produção de Textos Acadêmicos I – em contexto de aulas remotas. Os resultados apontam certa recorrência ao marcar o outro na escrita quando é realizado um trabalho de leitura e escrita implicadas. Não identificamos de fato escrita mobilizadora, mas vestígios relevantes para aquilo que se aproxima, ou melhor, que se revela nessas produções como um efeito discursivo, sem desviar-se daquilo dito no texto-fonte.

Biografia do Autor

Diógenes Paulo da Silva, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Graduado em Letras - Língua Portuguesa e Literaturas pela UFRN. Possui Especialização em Fundamentos Linguísticos para o Ensino da Leitura e da Escrita pela UFRN. Mestrando em Linguística Teórica e Descritiva pela UFRN. Integrante do Grupo de Estudos do Texto e do Discurso (GETED/UFRN). Atualmente trabalha na rede de ensino privada CAdE - Centro Avançado de Ensino. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8355-2393.

Maria Aparecida da Silva Miranda, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Possui graduação em letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2006), Mestrado e Doutorado em Estudos da Linguagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2013 e 2019), respectivamente. Professora de Língua Portuguesa da Rede Estadual de Ensino da Educação Básica (SEEC/RN) e da Rede Municipal de João Câmara. Atualmente atua como Assessora Pedagógica pela 16 DIREC/ SEEC/RN, e Coordenadora Pedagógica na E.M.Professor Cícero Varela . Tem experiência na área de Lingüística, com ênfase em Teoria e Análise Lingüística, atuando principalmente nos seguintes temas: escrita acadêmica, heterogeneidade enunciativa, não-coincidências do dizer, processos de produção escrita acadêmica: paráfrase, alusão e simulacro. É integrante do Grupo de Pesquisa em Estudos do Texto e do Discurso - GETED, e já publicou vários artigos científicos sobre a temática da escrita no ensino superior.

Referências

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Publicado

2021-07-03

Edição

Seção

Experiências de ensino e pesquisa: a prática de leitura e escrita em diferentes contextos