Ricardo Domeneck e a reivindicação do lirismo
Resumo
Ricardo Domeneck frequentemente associa seu trabalho poético à tradição lírica. Sublinhar o lirismo, nesse caso, tem um sentido crítico e estabelece, principalmente, um contraste em relação às tendências mais objetivas da poesia brasileira, que foram formuladas a partir de uma determinada leitura da poesia e do discurso crítico de João Cabral de Melo Neto. Partindo de textos ensaísticos de Ricardo Domeneck e do livro a cadela sem Logos, o presente trabalho pretende investigar a concepção de lirismo que está em jogo. Nesse sentido, a discussão convoca oposições como interioridade e exterioridade, subjetividade e objetividade, profundidade e superfície, metonímia e metáfora para esboçar os contornos da articulação que o poeta faz desses termos. A hipótese deste trabalho é que, em lugar de um ensimesmamento narcísico, a reinscrição do lirismo em Ricardo Domeneck pressupõe o embate do eu com o outro e o faz como trânsito, passagem e deslocamento. Desse modo, a crítica da objetividade converge com uma problematização das categorias constantemente associadas ao lirismo e uma reconfiguração do sentido da poesia lírica.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFReferências
CAMPOS, Augusto de; PIGNATARI, Décio; CAMPOS, Haroldo de. Teoria da poesia concreta: textos críticos e manifestos 1950-1960. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2006.
CATROPA, Andréa; NUERNBERGER, Renan; MARTIN, Carlos Frederico Barrère. Tentativa de balanço: entrevista com Iumna Maria Simon. Novos estudos - CEBRAP, São Paulo, n. 94, p. 163-176, nov. 2012.
COLLOT, Michel. A matéria-emoção. Tradução de Patricia Souza Silva. Rio de Janeiro: Oficina Raquel, 2018.
COLLOT, Michel. O outro no mesmo. Tradução de Marcelo Jacques de Moraes. ALEA, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 29-38, jan.-jun. 2006.
DOLAR, Mladen. A política da voz. Tradução de Fábio Roberto Lucas. Literatura e Sociedade, v. 19, n. 19, p. 192-206, 13 abr. 2015.
DOMENECK, Ricardo. De figurinos possíveis em um cenário em construção. Modo de Usar & Co, Rio de Janeiro, n. 1, separata, 2007.
DOMENECK, Ricardo. Ideologia da percepção ou algumas considerações sobre a poesia contemporânea no Brasil. Inimigo Rumor, Rio de Janeiro, n. 18, 2. sem. 2005 / 1. sem. 2006.
DOMENECK, Ricardo. Entrevista. Inimigo Rumor, Rio de Janeiro, n. 17, p. 120-127, 2. sem. 2004 / 1. sem. 2005.
DOMENECK, Ricardo. Entrevista para o jornal “O Estado de S. Paulo”. Rocirda Demencock, 2010. Disponível em: . Acesso em: 19 maio 2018.
DOMENECK, Ricardo. a cadela sem Logos. São Paulo: Cosac Naify; Rio de Janeiro: 7Letras, 2007.
GANDOLFI, Leonardo. João Cabral vê seu rosto no desenho do mundo. In: DICK, André (Org.). Paideuma. São Paulo: Risco Editorial, 2010, p. 171-196.
MARQUES, Ivan. A vertigem do arbitrário. Aletria, Belo Horizonte, v. 15, p. 107-115, Jan.-jun. 2007.
MARTINELLI, Leonardo. Primeiras impressões e segundas intenções da crítica diante de certa poesia contemporânea. Inimigo Rumor, Rio de Janeiro, n. 20, p. 244-263, 2008.
MELO NETO, João Cabral de. Agrestes. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
MELO NETO, João Cabral de. Prosa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.
PINHEIRO, Tiago Guilherme. Espectros sonoros: voz, corpo e democracia em Ricardo Domeneck. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, Brasília, n. 52, p. 172-196, set./dez. 2017.
SIMON, Iumna Maria. A retradicionalização frívola: o caso da poesia. Cerrados - Revista do Programa de Pós-Graduação em Literatura, Brasília, v. 24, n. 39, p. 212-224, 2015.
SISCAR, Marcos. De volta ao fim: o ‘fim das vanguardas’ como questão da poesia contemporânea. Rio de Janeiro: 7Letras, 2016.
SISCAR, Marcos. João Cabral e a poesia contemporânea: o drama da destinação. Texto Poético, v. 14, n. 25, p. 610-616, jul./dez. 2018.
DOI: https://doi.org/10.18554/rs.v8i2.4157
Apontamentos
- Não há apontamentos.

Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição - NãoComercial 4.0 Internacional.
ISSN: 1983-3873