A maquinaria teatral de Antônio José da Silva e o Mundus est fabula: as relações entre teatro e pensamento filosófico na era barroca

Autores

  • Eduardo Neves da Silva Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"

DOI:

https://doi.org/10.18554/rs.v4i2.550

Resumo

As “óperas” joco-sérias de Antônio José da Silva, O Judeu (1705-1739), parecem atestar uma cosmovisão de Mundus est Fabula: o mundo é uma fábula. Tal é a inscrição do retrato do filósofo René Descartes, de aproximadamente 1647, do holandês Jean-Baptiste Weenix.  A expressão, de acordo com Jean-Pierre Cavaillé, remeteria à ciência cartesiana, que, ainda que visando à ciência verdadeira, antagônica tanto ao ceticismo barroco quanto à escolástica, não escapou ao estatuto de “fábula do mundo”. Cavaillé coloca a física cartesiana circunscrita à teatralidade mundana e, portanto, esta apresentar-se-ia como desvelamento mecânico de uma natureza já artificializada pela alegoria maior do Barroco. Deste modo, indaga-se o seguinte: sendo possível vislumbrar uma relação entre a ciência cartesiana e a Weltanschauung barroca, poder-se-ia, tendo em vista o teatro d’O Judeu, enredar o arcabouço estético de uma composição teatral baseada em engenhocas feitas de fios, roldanas e engrenagens a uma perspectiva próxima ao mecanicismo cartesiano? Para responder esta questão, deter-nos-emos, especialmente, na análise da peça Os encantos de Medeia (1735). Esta, mais do que as outras peças do comediógrafo, apresenta considerável variedade de recursos mecânicos simuladores de magia, que, entretanto, só são possíveis graças a uma concepção mecanicista do teatro e, concomitantemente, da realidade.

Biografia do Autor

Eduardo Neves da Silva, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"

Mestre em Estudos Literários pela UNESP, campus de Araraquara, bacharel e licenciado em Letras pela mesma universidade. 

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Publicado

2014-07-25

Como Citar

da Silva, E. N. (2014). A maquinaria teatral de Antônio José da Silva e o Mundus est fabula: as relações entre teatro e pensamento filosófico na era barroca. Revista Do Sell, 4(2). https://doi.org/10.18554/rs.v4i2.550