Níveis de ativação para autogestão de saúde em pacientes com dor crônica no ombro
Resumo
CONTEXTUALIZAÇÃO: A dor musculoesquelética resulta de múltiplos fatores estruturais, psicossociais e de estilo de vida, impactando a gestão dos sintomas, a adesão aos exercícios e a manutenção da atividade física. A identificação de determinantes que favorecem comportamentos ativos pode contribuir para o desenvolvimento de estratégias de reabilitação mais eficazes. Entre esses fatores, destacam-se a ativação para autogestão de saúde e a autoeficácia. A ativação refere-se ao conhecimento, à confiança e à capacidade do indivíduo para gerenciar sua saúde e adotar um papel ativo nos cuidados. Entretanto, sua influência em pacientes com dor crônica no ombro ainda não está totalmente esclarecida, ressaltando a necessidade de investigação nessa população. OBJETIVOS: Investigar os níveis de ativação para autogestão de saúde, autoeficácia, dor e incapacidade em pacientes com dor crônica no ombro. MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal com pacientes recrutados no Serviço de Fisioterapia do Centro de Saúde Escola Prof. Dr. Joel Domingos Machado da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Foram coletados dados sociodemográficos, clínicos e antropométricos. A ativação para autogestão de saúde foi avaliada pelo Patient Activation Measure (PAM-13), a autoeficácia pelo Pain Self-Efficacy Questionnaire (PSEQ), a incapacidade relacionada ao ombro pelo Shoulder Pain and Disability Index (SPADI), e a intensidade de dor pela Escala Numérica de Dor (END). A análise dos dados foi conduzida por estatística descritiva, com médias, desvios padrão (DP) e frequências absolutas e relativas para caracterização da amostra (CAAE: 83282924.0.0000.5440). RESULTADOS: A amostra incluiu 31 pacientes, majoritariamente mulheres (71%), com média de idade de 52 anos (DP = 10,9), IMC médio de 30 kg/m² e tempo médio de dor de 21 meses. A dor apresentou média de 3 pontos na END, sendo classificada como leve. Em relação à escolaridade, 29% tinham ensino médio completo ou incompleto, e 45% relataram pelo menos uma doença crônica não transmissível. A ativação para autogestão de saúde apresentou média de 65,1 (DP = 12,9), sendo distribuída entre os níveis do PAM-13: 10% no nível 1, 16% no nível 2, 42% no nível 3 e 32% no nível 4. A incapacidade do ombro foi moderada, com média de 47,0 pontos no SPADI (DP = 32,8), e a autoeficácia foi considerada alta, com média de 45,7 pontos no PSEQ (DP = 14,3). CONCLUSÕES: Pacientes com dor crônica no ombro apresentaram níveis médios de ativação para autogestão de saúde, alta autoeficácia, incapacidade moderada e dor de intensidade leve. IMPLICAÇÕES: Os achados sugerem que, embora esses pacientes demonstrem envolvimento na gestão da própria saúde, estratégias adicionais podem ser benéficas para otimizar esse processo. A alta autoeficácia está associada a um maior engajamento em estratégias de enfrentamento, mas sua relação com a ativação e os desfechos clínicos requer investigação mais aprofundada. A implementação de abordagens personalizadas que levem em consideração os diferentes níveis de ativação pode contribuir para um melhor suporte durante a reabilitação, favorecendo a adesão ao tratamento.