PENSANDO ALÉM DO OMBRO: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DE ASPECTOS DA CADEIA CINÉTICA DE NÃO ATLETAS COM DOR NO OMBRO
Resumen
INTRODUÇÃO: Considerando a interconexão de diferentes segmentos corporais através da cadeia cinética, uma avaliação biomecânica tanto local quanto não local torna-se plausível ao investigar as características de indivíduos com dor no ombro. Revisões sistemáticas prévias já analisaram fatores relacionados à cadeia cinética em atletas mas, até o momento, nenhuma reuniu as características biomecânicas de indivíduos com e sem dor no ombro não engajados em práticas esportivas. OBJETIVO: Revisar sistematicamente a literatura acerca das características biomecânicas da cadeia cinética de não atletas com dor no ombro quando comparados a indivíduos assintomáticos. MÉTODOS: O protocolo desta revisão foi publicado prospectivamente na base internacional PROSPERO (CRD42022384459). Foram realizadas buscas de estudos observacionais publicados em qualquer idioma até dezembro/2022 nas bases eletrônicas de dados MEDLINE (via PubMed), Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), Web of Science, EMBASE e SCOPUS. O risco de viés e a qualidade da evidência foram analisados através da Joanna Briggs Institute (JBI) Critical Appraisal Tool for Analytical Cross-Sectional Studies e da Grading of Recommendations, Assessment, Development, and Evaluation (GRADE), respectivamente. RESULTADOS: Quatro estudos transversais (n = 358 indivíduos, sendo 179 com dor no ombro) com baixo risco de viés foram incluídos nesta revisão. Evidência de muito baixa qualidade sugere que não atletas com dor no ombro podem apresentar uma postura com maior cifose torácica, menor amplitude ativa de movimento e resistência muscular da região toracolombar e de quadris, e pior controle neuromuscular dos membros inferiores quando comparadas a indivíduos assintomáticos. CONCLUSÃO: Estudos transversais indicam que não atletas com dor no ombro podem apresentar alterações na postura, mobilidade, resistência e/ou controle neuromuscular na região toracolombar e membros inferiores. Esses achados sugerem que fisioterapeutas investiguem potenciais fatores da cadeia cinética que estão “além” do complexo do ombro nessa população.