Aceitabilidade e percepções do fisioterapeuta na telerreabilitação e o impacto de um treinamento online em larga escala
Resumo
A pandemia devido ao COVID19 acelerou a necessidade de regulamentação e utilização de recursos de telessaúde. Muitos fisioterapeutas adotaram essas práticas sem o devido treinamento, sendo essencial investir na formação desses profissionais para garantir a efetividade e segurança da telerreabilitação. Compreender os processos de ensino e aprendizagem nessa área é fundamental para otimizar os resultados clínicos. O objetivo deste estudo foi avaliar a aceitabilidade e percepções do fisioterapeuta e o impacto de um treinamento online sobre telerreabilitação. Para isso foi elaborado um treinamento que teve como objetivo disseminar sobre os princípios do teleatendimento, evidências científicas e orientações práticas para atendimentos remotos. O treinamento teve uma carga horária de 15 horas, com aulas assíncronas, e foi entregue através de uma plataforma de ensino online em parceria com o CREFITO-3. O conteúdo foi baseado nas habilidades e conhecimentos essenciais para o atendimento remoto, de acordo com a literatura: 1. Os princípios do teleatendimento, 2. Avaliação baseada em mecanismos de dor neurofisiológica, 3. Avaliação no teleatendimento, 4. Princípios da Lei Geral de Proteção de Dados, 5. Comunicação terapêutica e 6. Intervenções no teleatendimento. Ao final do treinamento foi aplicado um formulário para avaliar as impressões sobre a telerreabilitação e os efeitos do treinamento. Com relação as características dos participantes: não possuíam pós-graduação ou especialização (46%), com pós-graduação (33%) e graduando (10%). O tempo médio de formação entre os graduados foi de aproximadamente 7 anos. A maioria atuava em atendimento domiciliar (57%), seguido por clínica particular (33%), e Saúde Pública (19%). A maioria não tinha experiência prévia com teleatendimento (58%). Os resultados mostraram que em relação às barreiras e facilitadores, os participantes concordaram que infra-estrutura físicas (65%), transporte (60%), oportunidades de expansão de negócios (78%), flexibilidade de tempo (86%) e disponibilidade (83%) são facilitadores para a telessaúde. Quanto às barreiras tecnológicas e ao engajamento do paciente, houve opiniões divergentes e neutras, e a falta de opções terapêuticas presenciais não foi considerada uma barreira significativa. Dentro do conteúdo disponibilizado, Fundamentos e Aspectos Gerais em Telessaúde, Adaptações para o Teleatendimento e o Atendimento Centrado na Pessoa foram os aspectos do treinamento mais citados como trazendo melhorias e confiança no teleatendimento. No entanto, alguns participantes mencionaram Barreiras de Mercado e Impossibilidade Para Atender. Após o treinamento, os fisioterapeutas relataram utilizar ou utilizarão o atendimento online para alcançar novos públicos e facilitar suas rotinas de trabalho. Conclui-se que os fisioterapeutas tiveram uma boa aceitabilidade da telerreabilitação, porém com dificuldade de aceitação de mercado e uso em sua rotina de serviço.