USO DA VENTOSATERAPIA NOS DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS NO BRASIL: UM ESTUDO TRANSVERSAL
Resumo
Introdução: A ventosaterapia é uma técnica amplamente utilizada na fisioterapia brasileira para o tratamento de disfunções musculoesqueléticas. No Brasil, a ventosaterapia ganhou espaço e visibilidade, principalmente após o Jogos Olímpicos em 2016. Naquele ano, o Google Trends registrou um aumento de 2.100% em pesquisas de ventosaterapia na plataforma. No entanto, existem muitas limitações para estudos atuais testando a eficácia desta técnica. Ensaios clínicos anteriores mostram várias limitações metodológicas, como randomização não adequada, falta de cegamento do avaliador e dos pacientes, falta de grupo sham como comparador, sem padronização em tempo e dose de aplicação, intensidade de sucção e frequência de aplicações. Isso dificulta qualquer recomendação clínica, e estudos recentes com maior qualidade metodológica não mostraram diferença da terapia sham para a maioria dos resultados clínicos na dor lombar crônica, por exemplo. Objetivo: Investigar o perfil, a formação, a prática clínica e as atualizações científicas dos fisioterapeutas que utilizam a ventosaterapia como recurso terapêutico para tratar distúrbios musculoesqueléticos. Métodos: Foi realizado um estudo transversal por meio de um questionário online, incluindo respostas de 646 fisioterapeutas que usam a ventosaterapia em sua prática clínica. Todos os dados foram analisados descritivamente. Resultados: A ventosaterapia é realmente uma técnica amplamente adotada na prática clínica por fisioterapeutas, particularmente entre profissionais jovens do sexo feminino que recentemente graduou-se em instituições privadas. A principal razão para o interesse nesta técnica entre esses fisioterapeutas está a alta demanda dos pacientes. Além disso, muitas vezes, é usado em conjunto com outras técnicas terapêuticas manuais. Eles identificaram o fácil acesso, o baixo custo e a facilidade de uso como os principais fatores que tornam a ventosaterapia uma opção atraente. No entanto, a falta de evidências científicas de alta qualidade, conforme descrito na literatura, foi apontada como uma grande barreira ao seu uso. Conclusão: Os fisioterapeutas incluídos neste estudo utilizam a ventosaterapia em sua clínica prática, confiando fortemente em sua própria experiência e nas preferências de seus pacientes, em vez de utilizar o terceiro pilar da prática baseada em evidências, que é também valorizar a melhor evidência disponível. Este estudo sugere que esses fisioterapeutas estão atualmente estão implementando uma técnica sem recomendações científicas atuais para ser usada como forma de tratamento de disfunções musculoesqueléticas.