ASSOCIAÇÃO ENTRE INCAPACIDADE, SINTOMAS DEPRESSIVOS E QUALIDADE DO SONO EM MULHERES IDOSAS COM DOR LOMBAR CRÔNICA
Resumo
Introdução: Acredita-se que dor lombar crônica (DLC) atinja de forma mais prevalente o sexo feminino e a população idosa de forma linear a partir dos 60 anos. Esta condição é o principal motivo de anos vividos com incapacidade no Brasil. A dor e a incapacidade são frequentemente associadas à sintomas depressivos. Assim como, a depressão pode se relacionar à piores índices de qualidade do sono e vice-versa. Por sua vez, a qualidade do sono também se relaciona de forma bidirecional à dor, criando um ciclo vicioso. Essas relações dificultam a recuperação, piorando o prognóstico dos pacientes com DLC. Tratando-se da população idosa multimórbida e mulheres, a literatura científica ainda tem poucos estudos acerca do tema. Objetivos: Investigar a correlação entre a incapacidade, sintomas depressivos e qualidade do sono de mulheres idosas com DLC. Métodos: Estudo transversal, aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Minas Gerais (CAE: 49334621.2.00005149). Mulheres com idade a partir de 60 anos, com queixa de DLC (mínimo 3 meses) inespecífica e que procuravam atendimento na atenção primária a saúde de Belo horizonte foram recrutadas. Déficit cognitivo identificado pelo Leganés Cognitive Test (pontuação > à 4 pontos), DL específica, suspeitas de bandeiras vermelhas e casos de cirurgias recentes na coluna foram considerados critérios excluídos. A incapacidade foi avaliada através do Questionário Roland-Morris (escala de 0-24, pontuação mais elevada indica maior incapacidade); os sintomas depressivos foram avaliados utilizando a Escala Geriátrica de Depressão (escala de 0-15, quanto maior a pontuação maior os sintomas depressivos); e a qualidade do sono foi avaliada através do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (escala de 0-21, pontuações > que 5 pontos indicam má qualidade). A análise descritiva foi realizada por meio de médias (desvios padrões) e porcentagens. A normalidade dos dados foi conferida através do teste de Shapiro-Wilk e a análise de correlação foi realizada pelo teste de Spearman, por meio do software SPSS 22. Resultados: Participaram do estudo 67 idosas, com idade média de 68,8 anos (±6,4 anos) e IMC médio de 28,4kg/m² (±5,2kg/m²). Setenta por cento declararam ser sedentárias, 82% não exerciam atividade remunerada e 71,6% eram solteiras, divorciadas ou viúvas. A pontuação média de incapacidade correspondeu à 14,5 (±5,1) pontos, enquanto a pontuação média para sintomas depressivos e qualidade de sono foi de, respectivamente, 5,5 (±4,4) e 9,3 (±4,0) pontos. O coeficiente de correlação entre incapacidade e sintomas depressivos correspondeu à r=0,583 (p=0,000); entre incapacidade e qualidade do sono à r=0,536 (p=0,000); e entre sintomas depressivos e qualidade de sono à r=0,589 (p=0,000). Conclusão: Encontramos correlações de força moderada entre as variáveis estudas. Outros estudos devem avaliar a capacidade de predição dessas variáveis, assim somo, controlar as possíveis covariváveis existentes.