Caderno de Resumos da Jopelit
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Caderno de Resumos da JOPELITpt-BRCaderno de Resumos da Jopelit2318-9789A HETEROTOPIA DO CEMITÉRIO NO ROMANCE ÚRSULA, DE MARIA FIRMINA DOS REIS
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<span>O romance <a name="_GoBack"><em>Úrsula</em></a> de Maria Firmina dos Reis foi escrito após a “independência” do Brasil. O país não se apresentava totalmente ruralizado, pois se iniciava o processo de industrialização, o desejo de abolir a escravidão e construção de uma república. Um traço marcante na obra é a preocupação com a paisagem, lugares, espaços, enfim o modo de descrever a nação, que o narrador suscita como características que deixa o homem ameno e o torna feliz. Os espaços na obra são descritos numa visão ufanista e amorosa, denotando um forte sentimento de “brasilidade”. O texto literário problematiza temáticas como a igualdade social, de raças e gênero. Os espaços no romance possibilitam ações que caracterizam o perfil das personagens, o espaço natural que é característica marcante na obra corrobora com os sofrimentos e alegrias das personagens. A natureza representa o espaço da criação divina e lugar onde guarda os segredos da protagonista. No decorrer da narrativa esse espaço “ruralizado”, abrigo, refúgio da protagonista é quebrado pela presença de um caçador tirano, desse modo, o que era ambiente de meditação e acolhimento, torna-se sombrio. Vários são os espaços heterotópicos presentes na obra. Para Foucault, a heterotopia seria esse espaço do desassossego,</span><span> </span><span>“</span><span>tem o poder de justapor, em um só lugar real, vários espaços, vários posicionamentos que são em si próprios incompatíveis” (FOUCAULT</span><span>, 2001: 418). O cemitério é um deles. É um lugar diferente dos outros espaços sociais, é uma heterotopia, pois causa inquietação, angústia, ou seja, um lugar real que denota o surgimento de outros espaços. O narrador define esse espaço como “cidade da morte”, “lugar do esquecimento eterno”, “última morada do homem”, espaço onde é guardado todos os segredos do morto. </span>Ana Carla Carneiro Rio
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11A REPRESENTAÇÃO DE JERUSALÉM NO EVANGELHO DE MATEUS
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<p>Nosso projeto é analisar a cidade de Jerusalém tal como aparece nos quatro Evangelhos Bíblicos: Mateus, Marcos, Lucas e João. À oportunidade, vamos nos restringir ao Evangelho de Mateus, o qual uma referência aos demais, por analogia os representa. Tanto nos outros como em Mateus há, pelo viés espacial na narrativa, o claro objetivo em se provar que Jesus é “o Messias, o Salvador que Deus tinha prometido enviar ao mundo” (SBB, 2009). Para este estudo, utilizamos a metodologia da Topoanálise e sua relação com outras categorias da narrativa e sentidos produzidos. Dentre outros, utilizaremos as ideias de Bachelard, Iuri Lotman, Osman Lins e Borges Filho. A genealogia de Jesus, suas atividades divinas precedem e estão em Jerusalém, lugar santo e palco de sua imolação, numa sequência ditada pela espacialidade, sua entrada triunfal na cidade santa, o local da Última Ceia, e o espaço do princípio da imolação, o Sinédrio, frente a Caifás, o sumo sacerdote, que o encaminha à autoridade governamental, ao governador Pilatos. Daí, à presença popular, lugar chamado pretório, espaço de encontro de poderes distintos e decisivos. Finalmente, o ápice da imolação “o Gólgota”, onde é morto em favor do homem. Descendo pois, o corpo de Jesus ao “túmulo” e, sendo chegado o terceiro dia não fora encontrado mais naquele lugar. Ressurreto, aparece a duas mulheres as quais são orientadas por ele a seguir para um lugar fora de Jerusalém, onde se reuniria com elas e os demais discípulos. Desde o início desse roteiro, ressalta-se espacialidade em Jerusalém por condução da Topoanálise, num enredo politópico já que na trama será priorizada a cidade de Jerusalém, sendo citados outros espaços em seus entornos. Tal estudo apresentar-se-á como relevante contribuição para maiores estudos acadêmicos e valorização do estudo do espaço na construção de narrativas.</p>Carlos Roberto da Penha
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11A REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO EM: “A HORA DOS RUMINANTES”
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<p>Neste trabalho, analisamos o romance <em>A hora dos ruminantes</em> de J.J. Veiga.Utilizamos para esta análise a metodologia da Topoanálise que consiste em verificar os espaços presentes no texto e a sua relação com as outras categorias da narrativa bem como os efeitos de sentido produzidos.O que se pretende mostrar é que o romance é construído tendo por base os discursos linguísticos como forma de representar a espacialidade.</p>Cecília Marcia Peixoto da Silva
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11O HABITAR DA CASA EM UM HOMEM E SUA FAMÍLIA
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<span>Neste trabalho, <span>analisaremos</span> a espacialidade da casa no romance de Braz José Coelho (1997), <em>Um homem e sua família.</em> O objetivo é <span>estudar</span> as relações que existem entre a família e o espaço da casa. Entre os autores que subsidiarão a pesquisa encontra-se Bachelard (1989), Iuri Lotman (1978), Osman Lins (1976) e Borges Filho (2007). Esses autores poderão contribuir para a análise dos efeitos de sentido que surgirão a partir dessa espacialidade. Para esta pesquisa, recorreremos à metodologia da Topoanálise, sendo que esta consiste em verificar os espaços presentes na obra literária e sua relação com outras categorias narrativas e os efeitos de sentido produzidos. Para Bachelard, a casa é a base do ser humano, ela representa o seu centro. No romance em foco, as personagens se deslocam do norte de Goiás para São Paulo, à procura de conforto e segurança. A viagem chega ao fim na estação ferroviária da cidade de Catalão estado de Goiás. Não tem como prosseguir para a cidade de São Paulo, pois o dinheiro acabou e a criança mais nova está doente. O homem sai à procura de um espaço estabilizador onde pudesse dar segurança a sua família. De início, alojam-se debaixo de uma cagaiteira na beira da estrada, saída para a cidade de Goiandira. No mesmo dia, o marido constrói uma cabana improvisada e será neste abrigo que passarão dias e noites à espera da construção da casa. Por muito tempo, o marido trabalhou na construção do casebre. Construíram dois cômodos, um servia de sala e cozinha e o outro de quarto. A partir do processo de edificação é que se constituem as vivências e as experiências das personagens em Um homem e sua família.</span>Erlane Gonçalves da Silva
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11EDIFÍCIO VITÓRIA: ESPAÇOS DISCURSIVOS
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<p>Propomos com a presente comunicação evidenciar os espaços na obra literária <em>1984</em>, de George Orwell. Tomaremos como referencial teórico as teorias de Ozíris Borges Filho, Bachelard, Michel Foucault e outros. Abordaremos o espaço não somente em relação às questões demográficas, pois não basta saber das dimensões e os objetos que o constituem, mas sim se fornecem condições que possibilite habitar esse espaço. Várias são as heterotopias presentes na obra, mas enfatizaremos o “Edifício Vitória”. Evidenciar o espaço em que reside Winston Smith nos possibilita verificar o valor de intimidade atribuído a esse espaço, assim como, salientar a sua constituição identitária, uma vez que esta é atravessada pelo espaço que o indivíduo ocupa. Tomaremos o conceito de heterotopia, proposto por Michel Foucault, para verificar a emergência do papel social que é atribuído aos espaços, pois a noção heterotópica não pode ser dissociada dos significados e representações que desenvolvem e constituem um conjunto de relações espaciais. Trataremos do espaço na obra literária <em>1984</em> como um espaço heterotópico no qual discursividades são instauradas, pois entendemos que estudar o espaço, emaranhando tais elementos, é compreender a dinâmica socioespacial do lugar ocupado e a submissão de práticas, que residem e reconfiguram o indivíduo na obra de Orwell.</p>Héllen Nívia Tiago
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11QUARTO DE DESPEJO: CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESPAÇO NA OBRA DE CAROLINA MARIA DE JESUS
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<p>Carolina Maria de Jesus em sua literatura mostra sempre uma síntese de si, a imagem que tem dela própria e a de outros que compartilhavam de sua mesma condição. Nesse caso, os outros em questão são os indivíduos que como ela, habitava na extinta favela do Canindé na cidade de São Paulo ou viviam em condições de subalteridade na sociedade brasileira. Um relato do cotidiano direto e cru, onde se constrói uma representação forte e única da dinâmica social urbana, vista por aqueles que foram lançados à margem. Este trabalho pretende descrever alguns dos aspectos espaciais da obra <em>Quarto de De</em><em>spejo- Diário de uma favelada</em> a partir de contribuições teórico metodológicas da Topoanálise. O texto em forma de diário apresenta a realidade em que a narradora/personagem vive naquele lugar, e suas impressões sobre o mesmo. Espaço que se constrói e se valida por representações sociais, e que através da obra de Carolina se transforma em documento sociológico legitimo. O espaço da narrativa, a favela, é apresentado por Carolina como uma analogia ao que ela intitula quarto de despejo, onde por varias vezes descreve ter a impressão de estar no inferno. Para Carolina de Jesus a favela não é parte da cidade, mas sim uma úlcera na mesma. Por mais que o cenário e as perspectivas com relação às favelas mudem, elas ainda seguem em sua condição de degradação do sujeito. É em seu barraco e com sua escrita que Carolina busca a reterritorialização, seu espaço íntimo, resguardada da hostilidade exterior. </p>Lara Gabriella Alves dos Santos
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11O ESPAÇO URBANO NA CRÔNICA “VIADUTOS” DE DRUMMOND
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<p>A intenção deste estudo é relatar como o espaço urbano se apresenta de forma problemática na crônica “Viadutos”, de Carlos Drummond de Andrade. Trata-se de uma topoanálise, termo proposto anteriormente por Gaston Bachelard no livro “A poética do espaço”, mas aqui discutido de acordo com as considerações de Borges Filho (2007). Para tal análise se fez necessário dialogar com os dois autores acima citados, dentre outros, apontando no texto questões como as funções do espaço, os microespaços, politopia, topofilia, topofobia e a predominância dos cenários. O texto analisado é uma crítica social sobre a condição econômica de uma parcela da população urbana, o que obriga muitas pessoas a sobreviverem nas ruas, dormindo embaixo de viadutos e fazendo desses locais suas casas. O texto é composto de um diálogo entre dois moradores de rua do Rio de Janeiro. Eles discutem a organização dos viadutos por parte dos ocupantes desse espaço, uma ironia fina representada na linguagem das personagens ao fato de que, morar num viaduto passou a ser uma situação tão comum nas grandes cidades, que esses locais são tratados como propriedades privadas de quem ali vive. Num texto em que o espaço está presente já no título, as funções aparecem claramente, é quase possível dizer que as personagens são usadas como coadjuvantes de um protagonista principal, o espaço, aqui representado pelos viadutos. É a partir desse cenário que se tece a crítica de todo o texto, através de uma linguagem popular e, ao mesmo tempo, irônica.</p>Leíza Maria Rosa
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11UMA LEITURA ESPACIAL NO CONTO “SUJE-SE GORDO!” DE MACHADO DE ASSIS
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<p>Ler Machado de Assis possibilita inúmeras abordagens, sob as mais diversificadas perspectivas de análise. Nesse sentido, ressalta-se que o autor é marcado tanto por sua multiplicidade, quanto por sua complexidade e a observância de vestígios jurídicos em seus escritos tem sido preocupação recorrente de discussões atuais. Frente ao exposto, o trabalho em questão tem como proposta realizar uma leitura do conto “Suje-se Gordo”, no que se refere ao espaço, relacionando-o a locais que privilegiam o meio jurídico, elemento por vezes tão marcante em uma série de obras de Machado. É importante pontuar que o presente estudo surge como discussão inicial para o desenvolvimento de uma pesquisa de Mestrado na qual se pretende analisar a importância do espaço relacionado ao meio jurídico em contos selecionados de Machado de Assis. Assim, observando a tendência do escritor para as ciências jurídicas percebe-se que, em suas produções literárias, é comum o encontro com procuradores, tabeliões, provisionados, meirinhos, desembargadores, enfim, gente do Foro Jurídico em geral, sobretudo os advogados. Paralelamente a isso, em se tratando do conto tomado como subsídio de pesquisa, tem-se que “Suje-se Gordo!” foi publicado originalmente em <em>Relíquias de Casa Velha</em>, no ano de 1906. A narrativa aborda com peculiaridade o fato de que, explicitamente, a Justiça é o próprio palco no qual a trama se desenrola, qual seja: um Tribunal do Júri. </p>Letícia Santana Stacciarini
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11O ITINERÁRIO DE MARIA CAMPOS
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A presente comunicação tem como objetivo analisar o caráter relacional do espaço na obra <em>A mocinha do Mercado Central </em>de Stella Maris Rezende. O romance traz uma sequência de aventuras da personagem Maria Campos que muda constantemente de lugar indo de cidade em cidade, tentando encontrar-se. Em cada cidade ela possui uma profissão e um nome diferente. É por isso que se torna pertinente um estudo apurado sobre a relação espaço e personagem. A cada espaço uma nova identidade, esfacelando o “eu” em vários “eus” que precisam ser interpretados ao longo da narrativa. Nesse sentido, a construção do espaço no desenvolvimento do texto literário revela diversos aspectos, por isso sua funcionalidade não pode ser limitada. Dentro dessas proposições variáveis do espaço, destacamos algumas como: caracterizar, influenciar, situar e representar a personagem e os locais por onde ela transita. Dessa forma, a identificação dos espaços na obra será a primeira tarefa a ser realizada numa relação com a personagem e suas várias personalidades. Considerando que a grande atração da obra de Stella Maris Rezende é a decisão da personagem de viver várias vidas a partir dos nomes escolhidos em cada lugar por onde passa, decidimos abordar o itinerário da personagem e as transformações que o mesmo causa na construção da identidade de Maria. A pesquisa será bibliográfica com base nos pressupostos de Oziris Borges Filho (2007) e Milton Santos, (1997).Lilian Rosa Aires Carneiro
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11A BAILARINA DA LOJA DE TAPETES: ESPAÇO E MOBILIÁRIO ALINHAVANDO A ESCRITURA LITERÁRIA, ENTREMEANDO CÂNONE E ANTICÂNONE
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<p class="western">Em 2013 foi lançado o livro <strong>A bailarina da loja de tapetes</strong>, da jovem escritora e blogueira carioca Ana Flávia Corujo. Como topoanalista literária interessada na configuração da espacialidade na literatura e no cinema, tal narrativa despertou minha atenção uma vez que o próprio título já anuncia a importância do espaço para o referido texto. Nota-se que de fato a <em>Tappetum</em> (a loja de tapetes) constitui-se como um elemento essencial na narrativa, sendo o lugar em que a venda de tapetes raros e repletos de memórias constitui-se como uma metáfora para que as pessoas encontrem o seu próprio “lugar” no mundo. Ademais, a loja e seu mobiliário ainda guardam a estória de vida da enigmática Dona Gilda – a proprietária – fazendo com que seja acrescentado um tom de mistério e de suspense bem ao gosto da literatura de vertente gótica. Neste sentido, esta proposição de estudos visa refletir, por meio da composição estética em termos de literariedade da <em>Tappetum</em> e da controversa querela entre postulados canônicos e anticanônicos, o “lugar” da escritura de Corujo na contemporaneidade. Assim, por intermédio de uma leitura que integra os eixos formal e temático, apoiada em pressupostos teóricos relevantes a esse estudo, busca-se, por fim, contribuir para o (des)entendimento desta areia movediça chamada literatura (contemporânea) em que as fronteiras e as margens da literatura tem sido amplamente revisadas.</p>Luciana Moura Colucci de Camargo
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11O CÁRCERE PRIVADO: AS REPRESENTAÇÕES DO ESPAÇO E DA IDENTIDADE FEMININA NO CONTO “JANELA”, DE MIGUEL JORGE
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<p>Este trabalho objetiva promover uma reflexão no que diz respeito às questões espaciais e da identidade feminina, tendo como foco principal o espaço literário sob a ótica da personagem romanesca. Para tanto, será analisado o conto “Janela”, pertencente ao livro Urubanda (1985), do escritor goiano Miguel Jorge. No conto, o escritor apresenta a figura feminina, representada pela protagonista Matilde, vivendo ao final do século XX. Uma mulher jovem, inteligente e de grande beleza; porém, sem voz, que se encontra aprisionada entre quatro paredes no espaço de sua própria casa, que submetida ao poder de seu marido, Salomão, digno representante do modelo patriarcal, anseia por um pouco de liberdade. A partir dos aportes teóricos de Michel Foucault, em Outros Espaços (2006), Gaston Bachelard, em A poética do espaço (1974) e Osman Lins, em Lima Barreto e o Espaço Romanesco (1976), intenta-se perceber como o tratamento do espaço interfere na construção da identidade de Matilde, uma mulher silenciada pela indiferença de seu marido, mergulhada na mais profunda solidão, dentro da subjetividade de sua imensidão íntima, sem direito à liberdade e à vaidade, convivendo com todos os seus medos e as constantes ações pavorosas de violência doméstica, servindo apenas de objeto do prazer masculino.</p> <p> </p>Marta Maria BastosLuciana Borges
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11O ESPAÇO EM “A MÁCARA DA MORTE RUBRA”
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<p>Edgar Allan Poe teve uma vida tão sombria e conturbada como um de seus personagens poderia ter. Órfão aos dois anos, muda-se para casa de pais adotivos, com estes vai a Londres, regressa aos Estados Unidos, vive uma vida boêmia na Universidade de Virgínia. O autor viveu em diversos espaços, do internato à mansão, não podendo ser diferente, então, a importância deste elemento literário em sua obra. Como possível exemplo, toma-se aqui a o conto do autor intitulado “A máscara da morte rubra” (<em>“The masque of the red death”</em>) (1842). Neste, Poe narra a forma com que um castelo em festa é surpreendido pela morte, a qual se encontrava, assim como os demais convidados, mascarada para a celebração. É possível notar um paralelo a partir do ponto em que o rei próspero e suas riquezas dentro do castelo contrastam com a morte e a miséria do lado de fora do mesmo. O espaço em que a narrativa se passa tem papel fundamental para seu desenvolver, uma vez que, nela, a morte caminha por entre sete salões distintos, com aspectos singulares e que levam ao desenrolar da história. Diante de tais evidências e importância, é possível afirmar que o conto em questão possibilita realizar uma leitura direcionada aos estudos do espaço, elemento que se faz marcante na narrativa.</p>Maykel Cardoso Costa
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11A TOPOFILIA NOS POEMAS DE CORA CORALINA E JOSÉ DÉCIO FILHO
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<p>O presente trabalho tem como objetivo investigar as relações de intimidade com o espaço da cidade nos poemas de Cora Coralina e José |Décio Filho. Tomaremos como <em>corpus</em> de investigação, respectivamente, as obras <em>Poemas dos becos e Goiás e estórias mais </em>(1965) e<em> Poemas e Elegias</em> (1953) com intuito de examinar as relações do sujeito lírico com o seu espaço físico. Esta investigação evidencia a topofilia, isto é, a percepção do lugar a partir da sua dimensão afetiva, como balizadora da análise poética. Recorrendo à topoanálise, proposta pelo filósofo francês Gaston Bachelard, e às relações topofílicas do geógrafo chinês e Humanista Yi-Fu Tuan, investigaremos como se dão os níveis de intimidade, possibilitando a compreensão da relação do sujeito lírico com o espaço urbano, citadino em direção aos espaços vividos, engendrando uma perspectiva intimista. Os textos poéticos ora selecionados nos apresentam elementos que configuram e corroboram com o fato da riqueza da espacialidade ser tema corrente na literatura que ultrapassa limites, indo além de suas fronteiras, pois transcende o espaço geográfico elaborando, por meio de uma relação metonímica, a cidade como representação do sujeito lírico. Todavia, a caracterização particular das cidades nos define estes lugares como pertencentes às experiências topofílicas dos poetas que saudosamente rememoram em sua poesia as relações de afetividade com os espaços das cidades.</p>Moema de Souza Esmeraldo
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11O ESPAÇO LITERÁRIO NA OBRA VILA DOS CONFINS
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<p>O narrador de Vila dos Confins apresenta intrigantes personagens que buscam interesses bem parecidos no romance: o deputado Paulo Santos tenta aumentar a sua área de domínio político visando as macro eleições enquanto o coronel Chico Belo busca manter a região do recém-criado município de Vila dos Confins sob o seu mando. O presente trabalho pretende analisar a construção do espaço literário na referida obra e quais funções desempenha dentro da narrativa. Ao longo da trama percebem-se muito bem as questões topoanalíticas como topopatias que são as relações afetivo-negativo ou afetivo-positivo das personagens com os espaços onde são narrados os fatos. Microespaços com cenários e natureza reconhecidas a partir das coordenadas espaciais como lateralidade quando se refere às margens do rio Urucanã em esquerda ou direita, centralidade ao apresentar a localização da sede da fazenda do Neca Lourenço como plantada no centro do veio de cascalho ou prospectividade no ato final que descreve o crime que a personagem Xixi Piriá comete ao assassinar o capanga Felipão. A espacialização utilizada é franca, ou seja, composta por um narrador independente. Observa-se ainda que essa narrativa pode ser caracterizada como politópica, pois ocorre em vários cenários. Há ainda a questão dos gradientes sensoriais, que aparecem, por exemplo, na percepção da distância quando os foguetes estourados anunciam o resultado da eleição e o barulho dos mesmos vêm acarretar uma tragédia na balsa. E por fim a presença do espaço linguístico, apresentando a noção de localização das personagens com uso de verbos como ir ou vir ou então alguns advérbios de lugar como ali ou lá indicam que o espaço da narração não coincide com o da narrativa.</p>Lasaro José Amaral
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11A POÉTICA DO SINISTRO: A CRIAÇÃO DE UM ESPAÇO GÓTICO EM DRACULA, DE BRAM STOKER
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<span>Com o recente sucesso da saga literário-cinematográfica <em>Crepúsculo</em> (2005, 2008), a contemporaneidade presencia o renascimento do mito do vampiro que há séculos fascina o homem do oriente ao ocidente. A personagem vampiresca teve com <em>Dracula</em> (1897), de Bram Stoker (1847-1912), seu amadurecimento enquanto ente ficcional lapidada sob a ótica da vilania gótica.<strong> </strong>A Stoker coube o talento visionário de vislumbrar um romance que permearia o imaginário das futuras gerações com medo e terror e que, segundo Fred Botting (2006), tendo como principal personagem o “vampiro macho”, reafirmaria e imortalizaria esse legado do vilão gótico. Desde o século XVIII, a envolvência e a popularidade do romance gótico e de seus temas se sustentam no fascínio desafiador provocado às mentes, instigadas pelos mistérios que remontam a um passado medieval, ambientado em espaços góticos e lúgubres (castelos, abadias, cemitérios) propícios à ação do sobrenatural que, aliados em situação de homologia à constituição ficcional das personagens, criam alicerce para que o romance gótico deixe a condição de literatura popular para adentrar ao rol de ficção fantástica cujo traço diferencial é justamente o rigor estrutural do texto literário. Diferentemente de muitos estudos já publicados acerca da obra, que enfocam temáticas relativas à psicanálise e aos estudos culturais, neste estudo, abordaremos <em>Dracula</em> sob uma perspectiva formalista no sentido de problematizar a categoria do espaço, a qual, segundo Antônio Dimas (1994), pode assumir estatuto tão importante quanto os outros componentes da narrativa. Portanto, a partir de reflexões baseadas nos estudos críticos de Edgar Allan Poe (1809-1849) - nas filosofias do Mobiliário (1840) e da Composição (1846) -, Lotman (1978), Bachelard (1998), Eliade (2001) e Borges Filho (2007), propomos um estudo aprofundado acerca dos espaços politópicos transitados pelo vampiro. Assim, nosso objetivo é entender e configurar a poética de criação da categoria espacial gótica, tendo em mente as particularidades da ficção literária de vertente gótica e fantástica. </span>Luciana Moura Colucci de CamargoNivaldo Fávero Neto
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11UM “LUGAR” PARA DIÁLOGO ENTRE FOUCAULT E A TEORIA LITERÁRIA: CONTRIBUIÇÕES PARA OS ESTUDOS ESPACIAIS
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<p>O presente trabalho tem como objetivo propor uma reflexão sobre a aproximação entre a Análise do Discurso e os Estudos Literários, neste caso, em especial, as questões relacionadas às definições de “espaços”. Para esta proposta, toma-se como fundamentação teórica a teoria Foucaultiana a partir de sua reflexão sobre Linguagem e Literatura apresentadas em uma conferência nos anos 60 e que aparece em <em>Ditos e Escritos III</em>. A proposta aqui é relacionar a teoria Foucaultiana à compreensão de espaço para a Teoria Literária considerando os termos definidos por Foucault como: “utopia”, “heterotopias” e “atopia”. Dentro desta concepção a ideia de espaço pode ser associada tanto à vida real do homem em relação com a complexidade apresentada no século XX, onde para se compreender e ser compreendido ele precisa se posicionar e se situar em uma rede de espaços, quanto para a organização das construções literárias ao trabalharem com a representação deste mesmo homem em um espaço literário produzido a partir da competência de escrita de quem se propõe a adentrar para o universo da criação textual, a saber, os autores. Assim, concede-se um fio de relação entre estas duas áreas de estudo (Análise do Discurso e Teoria Literária) no que dIz respeito ao estudo do espaço, sendo este analisado a partir da topoanálise tomando como pressuposto de compreensão teórica, os estudos de Bachelard (1989) e Borges Filho (2007). </p>Robison José da Silva
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11SÓTÃO: UM ESPAÇO DE DESEJO E DESVENTURAS
https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/711
<p><em>As Parceiras</em>, de Lya Luft, foi o primeiro romance da autora. Lançado em 1980, é uma obra que permeia muitos mistérios. Os espaços do romance foram pensados de forma intrigante. Vários estudos foram feitos em relação aos romances de Lya Luft, mas não foi encontrado nenhum que faça essa relação entre espaço e erotismo. Para esta análise, nos deteremos em, apenas, uma parte do casarão: o sótão. Investigaremos o sótão como desencadeador da construção do erotismo da avó Catarina sob o ponto de vista da narradora e protagonista Anelise. É no sótão que o espaço erótico da avó Catarina é revelado, através da memória, para Anelise. A experiência da avó em relação à sexualidade, aos 14 anos, causa medo do sexo e da vida. Nesse sentido é pertinente investigar como a relação espaço e erotismo se revela no sótão, um lugar sombrio e deprimente. É através dessa busca que Anelise tenta entender o seu infortúnio perante a vida. O sótão representa as desventuras da narradora do romance que entre uma busca e outra recai sobre o mesmo abismo inicial: fazer parte de uma família de mulheres que não conseguem alcançar a sexualidade plena. Entre os teóricos que subsidiarão nossa pesquisa, encontram-se Bataille (1987), Foucault (1988), Bachelard (1989) e Borges Filho (2007). </p>Ronaldo Soares Farias
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11O ESPAÇO LITERÁRIO NA OBRA PÃO COZIDO DEBAIXO DE BRASA
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<p>O presente trabalho tem como tema <em>O espaço literário na obra Pão cozido debaixo de brasa</em> e pretende evidenciá-los neste romance do contemporâneo escritor Miguel Jorgel. <em>Pão cozido debaixo de brasa</em> é constituído por dois núcleos espaciais que se entrelaçam no decorrer da narrativa. O narrador de Miguel Jorge apresenta interessantes protagonistas sempre com o anseio de transpor-se para um lugar melhor. Esse trabalho pretende explicar como se constitui a representação espacial e suas funções no romance em foco, partindo dos pressupostos teóricos de Borges Filho (2007), Frank (1991), Lins (1976). o. Por meio desse estudo é possível perceber que <em>Pão cozido debaixo de Brasa</em> é composto a partir de oposições espaciais. </p>Carla Reis de OliveiraOzíris Borges Filho
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2014-08-192014-08-1911O ESPAÇO E LIRISMO NA POESIA DE EUGÉNIO DE ANDRADE
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<p>Nosso objetivo será analisar os espaços na obra do poeta português Eugénio de Andrade; verificar como, na sua poesia, funcionam as diversas paragens, os diversos locais em que o eu lírico se afeiçoa e se entrega, de forma arrebatada, ao real. Nossa metodologia será a leitura analítica, pautada pelas diretrizes da topoanálise. Com efeito, a topoanálise é o seguimento da crítica que se atém ao estudo do espaço na literatura. Para tanto, tal referencial teórico detém-se a todo e qualquer espaço expresso no texto literário, verificando os sentidos simbólicos da espacialidade, a função que ela ganha na obra. Após prévias leituras, chegamos a alguns resultados e verificações. Na poesia de Eugénio de Andrade, os espaços sofrem uma espécie de exaltação, de concentração, tornando-se “centros de vida”, conforme as palavras de Bachelard. Nesses lugares de predileção, nesses ambientes de existência concentrada, o drama humano irá se desenrolar, ganhando conotações simbólicas e metafóricas. Dessa forma, a natureza e a cidade serão mais que meros cenários; eles tornar-se-ão receptáculos das indagações do sujeito lírico, “correlatos objetivos” (conforme expressão de Eliot) do drama espiritual do eu poético. Com efeito, Eugénio enraíza seus assombros, seus alumbramentos, na materialidade dos elementos físicos. Terra, água, ar e fogo são símbolos imantados por um estado anímico perplexo, elétrico, pulsante de erotismo e vida. O espaço, assim, com toda a sua concretude, é perscrutado por um eu lírico a se indagar pelo sentido da vida humana no aqui e no agora. Em sua arrebata paixão pelo real, Eugénio irá delinear uma incansável busca pelas formas do mundo sensível, empreendendo uma mimese do mundo, em que os objetos, lugares e seres tornam-se surpreendentes, densos, feéricos. Para o poeta português, parodiando Novalis, na poesia, quanto mais fidelidade ao real, mais o mundo se torna poético, fantástico. Dessa maneira, por essa intensificação existencial dos espaços, palcos do drama humano, o autor irá desvelar o sagrado, o erotismo, o tempo forte do mito, conforme propostas de Mírcea Eliade. Eugénio de Andrade, portanto, descende da linhagem dos poetas videntes, dos poetas proféticos e intuitivos, para os quais a arte poética é um fecundo mergulho nas pulsões vitais e na concretude viva do cosmos. </p>Alexandre Bonafim Felizardo
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11A HETEROTOPIA DO CEMITÉRIO NO ROMANCE ÚRSULA, DE MARIA FIRMINA DOS REIS
https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/676
<span>O romance <a name="_GoBack"><em>Úrsula</em></a> de Maria Firmina dos Reis foi escrito após a “independência” do Brasil. O país não se apresentava totalmente ruralizado, pois se iniciava o processo de industrialização, o desejo de abolir a escravidão e construção de uma república. Um traço marcante na obra é a preocupação com a paisagem, lugares, espaços, enfim o modo de descrever a nação, que o narrador suscita como características que deixa o homem ameno e o torna feliz. Os espaços na obra são descritos numa visão ufanista e amorosa, denotando um forte sentimento de “brasilidade”. O texto literário problematiza temáticas como a igualdade social, de raças e gênero. Os espaços no romance possibilitam ações que caracterizam o perfil das personagens, o espaço natural que é característica marcante na obra corrobora com os sofrimentos e alegrias das personagens. A natureza representa o espaço da criação divina e lugar onde guarda os segredos da protagonista. No decorrer da narrativa esse espaço “ruralizado”, abrigo, refúgio da protagonista é quebrado pela presença de um caçador tirano, desse modo, o que era ambiente de meditação e acolhimento, torna-se sombrio. Vários são os espaços heterotópicos presentes na obra. Para Foucault, a heterotopia seria esse espaço do desassossego,</span><span> </span><span>“</span><span>tem o poder de justapor, em um só lugar real, vários espaços, vários posicionamentos que são em si próprios incompatíveis” (FOUCAULT</span><span>, 2001: 418). O cemitério é um deles. É um lugar diferente dos outros espaços sociais, é uma heterotopia, pois causa inquietação, angústia, ou seja, um lugar real que denota o surgimento de outros espaços. O narrador define esse espaço como “cidade da morte”, “lugar do esquecimento eterno”, “última morada do homem”, espaço onde é guardado todos os segredos do morto. </span>Ana Carla Carneiro Rio
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11O ESPAÇO LITERÁRIO NA OBRA PÃO COZIDO DEBAIXO DE BRASA
https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/677
O presente trabalho tem como tema <em>Os espaços dialéticos em Pão cozido debaixo de brasa</em> e pretende evidenciá-los neste romance do contemporâneo escritor Miguel Jorge, publicado em 1997 e ganhador do Prêmio Machado de Assis 1997 de Literatura da Biblioteca Nacional. <em>Pão cozido debaixo de brasa</em> é constituído por dois núcleos espaciais que se entrelaçam no decorrer da narrativa. No primeiro, onde vive a protagonista Felipa, pode-se observar o trabalho criativo do narrador ao recontar o passado, visto que recria a memória dos fatos históricos referentes à tragédia do Césio 137, ocorrida em 1987 na cidade de Goiânia, contribuindo para a transmissão e a rememoração dessa fatalidade. No segundo núcleo espacial se observa a constituição identitária do protagonista Adam/Adão através recriação de elementos míticos. O narrador de Miguel Jorge apresenta interessantes protagonistas que empreendem individualmente suas buscas, sempre com o anseio de transpor-se para um lugar melhor. Esse trabalho pretende explicar como se constitui a representação da dialética espacial e suas funções no romance em foco. Para tanto, esta pesquisa parte dos pressupostos teóricos de Borges Filho (2007), Frank (1991) Bachelard (1989), e Joachim (2007) que tratam da temática do espaço, de quais formas este se apresenta e contribui para o texto literário. Por meio desse estudo é possível perceber que <em>Pão cozido debaixo de Brasa</em> é composto a partir de oposições espaciais, tais como cidade/ subúrbio, Céu/Terra, casa (espaço fechado)/rua (espaço aberto), cada um com suas características e que estabelecem relação com as experiências das personagens. Carla Reis de Oliveira
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11ASPECTOS ESPACIAIS COMO INSINUANTES NO DESPERTAR DA SENSUALIDADE EM MISSA DO GALO
https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/678
<p>O presente trabalho propõe-se a analisar sob a perspectiva da topoanálise, como se dá o processo de (inter)relação das personagens Conceição e Nogueira em “A missa do galo” de Machado de Assis. Nessa perspectiva as definições de espaço e suas classificações serão abordadas. As evidências, na narrativa serão analisadas, relacionando o comportamento e posicionamento das personagens. Pretende-se detalhar as contribuições dos elementos espaciais que provocam o clima de sensualidade criado pelo narrador. A partir desta reflexão considera-se que o comportamento de uma personagem interfere no comportamento da outra. Aflora a possibilidade de diferentes interpretações. Há avanços e recuos sem se perceber, com clareza, o que está ocorrendo. Há uma complexidade espacial instalada. Recorrer a topoanálise é um fator preponderante para se analisar e construir as informações propostas no presente trabalho. Como fundamentação teórica, tomar-se-á Bachelard(1989), Lotman(1978) e Borges Filho(2007).</p>Carmen Lúcia Freitas de Mendonça
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11O HABITAR DA CASA EM UM HOMEM E SUA FAMÍLIA
https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/679
<span>Neste trabalho, <span>analisaremos</span> a espacialidade da casa no romance de Braz José Coelho (1997), <em>Um homem e sua família.</em> O objetivo é <span>estudar</span> as relações que existem entre a família e o espaço da casa. Entre os autores que subsidiarão a pesquisa encontra-se Bachelard (1989), Iuri Lotman (1978), Osman Lins (1976) e Borges Filho (2007). Esses autores poderão contribuir para a análise dos efeitos de sentido que surgirão a partir dessa espacialidade. Para esta pesquisa, recorreremos à metodologia da Topoanálise, sendo que esta consiste em verificar os espaços presentes na obra literária e sua relação com outras categorias narrativas e os efeitos de sentido produzidos. Para Bachelard, a casa é a base do ser humano, ela representa o seu centro. No romance em foco, as personagens se deslocam do norte de Goiás para São Paulo, à procura de conforto e segurança. A viagem chega ao fim na estação ferroviária da cidade de Catalão estado de Goiás. Não tem como prosseguir para a cidade de São Paulo, pois o dinheiro acabou e a criança mais nova está doente. O homem sai à procura de um espaço estabilizador onde pudesse dar segurança a sua família. De início, alojam-se debaixo de uma cagaiteira na beira da estrada, saída para a cidade de Goiandira. No mesmo dia, o marido constrói uma cabana improvisada e será neste abrigo que passarão dias e noites à espera da construção da casa. Por muito tempo, o marido trabalhou na construção do casebre. Construíram dois cômodos, um servia de sala e cozinha e o outro de quarto. A partir do processo de edificação é que se constituem as vivências e as experiências das personagens em Um homem e sua família.</span>Erlane Gonçalves da Silva
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11EDIFÍCIO VITÓRIA: ESPAÇOS DISCURSIVOS
https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/680
<p>Propomos com a presente comunicação evidenciar os espaços na obra literária <em>1984</em>, de George Orwell. Tomaremos como referencial teórico as teorias de Ozíris Borges Filho, Bachelard, Michel Foucault e outros. Abordaremos o espaço não somente em relação às questões demográficas, pois não basta saber das dimensões e os objetos que o constituem, mas sim se fornecem condições que possibilite habitar esse espaço. Várias são as heterotopias presentes na obra, mas enfatizaremos o “Edifício Vitória”. Evidenciar o espaço em que reside Winston Smith nos possibilita verificar o valor de intimidade atribuído a esse espaço, assim como, salientar a sua constituição identitária, uma vez que esta é atravessada pelo espaço que o indivíduo ocupa. Tomaremos o conceito de heterotopia, proposto por Michel Foucault, para verificar a emergência do papel social que é atribuído aos espaços, pois a noção heterotópica não pode ser dissociada dos significados e representações que desenvolvem e constituem um conjunto de relações espaciais. Trataremos do espaço na obra literária <em>1984</em> como um espaço heterotópico no qual discursividades são instauradas, pois entendemos que estudar o espaço, emaranhando tais elementos, é compreender a dinâmica socioespacial do lugar ocupado e a submissão de práticas, que residem e reconfiguram o indivíduo na obra de Orwell.</p>Héllen Nívia Tiago
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11UMA LEITURA ESPACIAL NO CONTO “SUJE-SE GORDO!” DE MACHADO DE ASSIS
https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/681
<p>Ler Machado de Assis possibilita inúmeras abordagens, sob as mais diversificadas perspectivas de análise. Nesse sentido, ressalta-se que o autor é marcado tanto por sua multiplicidade, quanto por sua complexidade e a observância de vestígios jurídicos em seus escritos tem sido preocupação recorrente de discussões atuais. Frente ao exposto, o trabalho em questão tem como proposta realizar uma leitura do conto “Suje-se Gordo”, no que se refere ao espaço, relacionando-o a locais que privilegiam o meio jurídico, elemento por vezes tão marcante em uma série de obras de Machado. É importante pontuar que o presente estudo surge como discussão inicial para o desenvolvimento de uma pesquisa de Mestrado na qual se pretende analisar a importância do espaço relacionado ao meio jurídico em contos selecionados de Machado de Assis. Assim, observando a tendência do escritor para as ciências jurídicas percebe-se que, em suas produções literárias, é comum o encontro com procuradores, tabeliões, provisionados, meirinhos, desembargadores, enfim, gente do Foro Jurídico em geral, sobretudo os advogados. Paralelamente a isso, em se tratando do conto tomado como subsídio de pesquisa, tem-se que “Suje-se Gordo!” foi publicado originalmente em <em>Relíquias de Casa Velha</em>, no ano de 1906. A narrativa aborda com peculiaridade o fato de que, explicitamente, a Justiça é o próprio palco no qual a trama se desenrola, qual seja: um Tribunal do Júri. </p>Letícia Santana StacciariniMaria Imaculada Cavalcante
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11O ESPAÇO URBANO NA CRÔNICA “VIADUTOS” DE DRUMMOND
https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/682
<p>A intenção deste estudo é relatar como o espaço urbano se apresenta de forma problemática na crônica “Viadutos”, de Carlos Drummond de Andrade. Trata-se de uma topoanálise, termo proposto anteriormente por Gaston Bachelard no livro “A poética do espaço”, mas aqui discutido de acordo com as considerações de Borges Filho (2007). Para tal análise se fez necessário dialogar com os dois autores acima citados, dentre outros, apontando no texto questões como as funções do espaço, os microespaços, politopia, topofilia, topofobia e a predominância dos cenários. O texto analisado é uma crítica social sobre a condição econômica de uma parcela da população urbana, o que obriga muitas pessoas a sobreviverem nas ruas, dormindo embaixo de viadutos e fazendo desses locais suas casas. O texto é composto de um diálogo entre dois moradores de rua do Rio de Janeiro. Eles discutem a organização dos viadutos por parte dos ocupantes desse espaço, uma ironia fina representada na linguagem das personagens ao fato de que, morar num viaduto passou a ser uma situação tão comum nas grandes cidades, que esses locais são tratados como propriedades privadas de quem ali vive. Num texto em que o espaço está presente já no título, as funções aparecem claramente, é quase possível dizer que as personagens são usadas como coadjuvantes de um protagonista principal, o espaço, aqui representado pelos viadutos. É a partir desse cenário que se tece a crítica de todo o texto, através de uma linguagem popular e, ao mesmo tempo, irônica.</p>Leíza Maria Rosa
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11O ITINERÁRIO DE MARIA CAMPOS
https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/683
A presente comunicação tem como objetivo analisar o caráter relacional do espaço na obra <em>A mocinha do Mercado Central </em>de Stella Maris Rezende. O romance traz uma sequência de aventuras da personagem Maria Campos que muda constantemente de lugar indo de cidade em cidade, tentando encontrar-se. Em cada cidade ela possui uma profissão e um nome diferente. É por isso que se torna pertinente um estudo apurado sobre a relação espaço e personagem. A cada espaço uma nova identidade, esfacelando o “eu” em vários “eus” que precisam ser interpretados ao longo da narrativa. Nesse sentido, a construção do espaço no desenvolvimento do texto literário revela diversos aspectos, por isso sua funcionalidade não pode ser limitada. Dentro dessas proposições variáveis do espaço, destacamos algumas como: caracterizar, influenciar, situar e representar a personagem e os locais por onde ela transita. Dessa forma, a identificação dos espaços na obra será a primeira tarefa a ser realizada numa relação com a personagem e suas várias personalidades. Considerando que a grande atração da obra de Stella Maris Rezende é a decisão da personagem de viver várias vidas a partir dos nomes escolhidos em cada lugar por onde passa, decidimos abordar o itinerário da personagem e as transformações que o mesmo causa na construção da identidade de Maria. A pesquisa será bibliográfica com base nos pressupostos de Oziris Borges Filho (2007) e Milton Santos, (1997).Lilian Rosa Aires Carneiro
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11A POÉTICA DO SINISTRO: A CRIAÇÃO DE UM ESPAÇO GÓTICO EM DRACULA, DE BRAM STOKER
https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/684
<span>Com o recente sucesso da saga literário-cinematográfica <em>Crepúsculo</em> (2005, 2008), a contemporaneidade presencia o renascimento do mito do vampiro que há séculos fascina o homem do oriente ao ocidente. A personagem vampiresca teve com <em>Dracula</em> (1897), de Bram Stoker (1847-1912), seu amadurecimento enquanto ente ficcional lapidada sob a ótica da vilania gótica.<strong> </strong>A Stoker coube o talento visionário de vislumbrar um romance que permearia o imaginário das futuras gerações com medo e terror e que, segundo Fred Botting (2006), tendo como principal personagem o “vampiro macho”, reafirmaria e imortalizaria esse legado do vilão gótico. Desde o século XVIII, a envolvência e a popularidade do romance gótico e de seus temas se sustentam no fascínio desafiador provocado às mentes, instigadas pelos mistérios que remontam a um passado medieval, ambientado em espaços góticos e lúgubres (castelos, abadias, cemitérios) propícios à ação do sobrenatural que, aliados em situação de homologia à constituição ficcional das personagens, criam alicerce para que o romance gótico deixe a condição de literatura popular para adentrar ao rol de ficção fantástica cujo traço diferencial é justamente o rigor estrutural do texto literário. Diferentemente de muitos estudos já publicados acerca da obra, que enfocam temáticas relativas à psicanálise e aos estudos culturais, neste estudo, abordaremos <em>Dracula</em> sob uma perspectiva formalista no sentido de problematizar a categoria do espaço, a qual, segundo Antônio Dimas (1994), pode assumir estatuto tão importante quanto os outros componentes da narrativa. Portanto, a partir de reflexões baseadas nos estudos críticos de Edgar Allan Poe (1809-1849) - nas filosofias do Mobiliário (1840) e da Composição (1846) -, Lotman (1978), Bachelard (1998), Eliade (2001) e Borges Filho (2007), propomos um estudo aprofundado acerca dos espaços politópicos transitados pelo vampiro. Assim, nosso objetivo é entender e configurar a poética de criação da categoria espacial gótica, tendo em mente as particularidades da ficção literária de vertente gótica e fantástica. </span>Luciana Moura Colucci de CamargoNivaldo Fávero Neto
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11O CÁRCERE PRIVADO: AS REPRESENTAÇÕES DO ESPAÇO E DA IDENTIDADE FEMININA NO CONTO “JANELA”, DE MIGUEL JORGE
https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/686
<p>Este trabalho objetiva promover uma reflexão no que diz respeito às questões espaciais e da identidade feminina, tendo como foco principal o espaço literário sob a ótica da personagem romanesca. Para tanto, será analisado o conto “Janela”, pertencente ao livro Urubanda (1985), do escritor goiano Miguel Jorge. No conto, o escritor apresenta a figura feminina, representada pela protagonista Matilde, vivendo ao final do século XX. Uma mulher jovem, inteligente e de grande beleza; porém, sem voz, que se encontra aprisionada entre quatro paredes no espaço de sua própria casa, que submetida ao poder de seu marido, Salomão, digno representante do modelo patriarcal, anseia por um pouco de liberdade. A partir dos aportes teóricos de Michel Foucault, em Outros Espaços (2006), Gaston Bachelard, em A poética do espaço (1974) e Osman Lins, em Lima Barreto e o Espaço Romanesco (1976), intenta-se perceber como o tratamento do espaço interfere na construção da identidade de Matilde, uma mulher silenciada pela indiferença de seu marido, mergulhada na mais profunda solidão, dentro da subjetividade de sua imensidão íntima, sem direito à liberdade e à vaidade, convivendo com todos os seus medos e as constantes ações pavorosas de violência doméstica, servindo apenas de objeto do prazer masculino.</p> <p> </p>Marta Maria BastosLuciana Borges
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11O ESPAÇO EM “A MÁCARA DA MORTE RUBRA”
https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/687
<p>Edgar Allan Poe teve uma vida tão sombria e conturbada como um de seus personagens poderia ter. Órfão aos dois anos, muda-se para casa de pais adotivos, com estes vai a Londres, regressa aos Estados Unidos, vive uma vida boêmia na Universidade de Virgínia. O autor viveu em diversos espaços, do internato à mansão, não podendo ser diferente, então, a importância deste elemento literário em sua obra. Como possível exemplo, toma-se aqui a o conto do autor intitulado “A máscara da morte rubra” (<em>“The masque of the red death”</em>) (1842). Neste, Poe narra a forma com que um castelo em festa é surpreendido pela morte, a qual se encontrava, assim como os demais convidados, mascarada para a celebração. É possível notar um paralelo a partir do ponto em que o rei próspero e suas riquezas dentro do castelo contrastam com a morte e a miséria do lado de fora do mesmo. O espaço em que a narrativa se passa tem papel fundamental para seu desenvolver, uma vez que, nela, a morte caminha por entre sete salões distintos, com aspectos singulares e que levam ao desenrolar da história. Diante de tais evidências e importância, é possível afirmar que o conto em questão possibilita realizar uma leitura direcionada aos estudos do espaço, elemento que se faz marcante na narrativa.</p> <p> </p>Maykel Cardoso Costa
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11A TOPOFILIA NOS POEMAS DE CORA CORALINA E JOSÉ DÉCIO FILHO
https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/688
<p>O presente trabalho tem como objetivo investigar as relações de intimidade com o espaço da cidade nos poemas de Cora Coralina e José |Décio Filho. Tomaremos como <em>corpus</em> de investigação, respectivamente, as obras <em>Poemas dos becos e Goiás e estórias mais </em>(1965) e<em> Poemas e Elegias</em> (1953) com intuito de examinar as relações do sujeito lírico com o seu espaço físico. Esta investigação evidencia a topofilia, isto é, a percepção do lugar a partir da sua dimensão afetiva, como balizadora da análise poética. Recorrendo à topoanálise, proposta pelo filósofo francês Gaston Bachelard, e às relações topofílicas do geógrafo chinês e Humanista Yi-Fu Tuan, investigaremos como se dão os níveis de intimidade, possibilitando a compreensão da relação do sujeito lírico com o espaço urbano, citadino em direção aos espaços vividos, engendrando uma perspectiva intimista. Os textos poéticos ora selecionados nos apresentam elementos que configuram e corroboram com o fato da riqueza da espacialidade ser tema corrente na literatura que ultrapassa limites, indo além de suas fronteiras, pois transcende o espaço geográfico elaborando, por meio de uma relação metonímica, a cidade como representação do sujeito lírico. Todavia, a caracterização particular das cidades nos define estes lugares como pertencentes às experiências topofílicas dos poetas que saudosamente rememoram em sua poesia as relações de afetividade com os espaços das cidades.</p>Moema de Souza Esmeraldo
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11O ESPAÇO LITERÁRIO NA OBRA VILA DOS CONFINS
https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/689
<p>O narrador de Vila dos Confins apresenta intrigantes personagens que buscam interesses bem parecidos no romance: o deputado Paulo Santos tenta aumentar a sua área de domínio político visando as macro eleições enquanto o coronel Chico Belo busca manter a região do recém-criado município de Vila dos Confins sob o seu mando. O presente trabalho pretende analisar a construção do espaço literário na referida obra e quais funções desempenha dentro da narrativa. Ao longo da trama percebem-se muito bem as questões topoanalíticas como topopatias que são as relações afetivo-negativo ou afetivo-positivo das personagens com os espaços onde são narrados os fatos. Microespaços com cenários e natureza reconhecidas a partir das coordenadas espaciais como lateralidade quando se refere às margens do rio Urucanã em esquerda ou direita, centralidade ao apresentar a localização da sede da fazenda do Neca Lourenço como plantada no centro do veio de cascalho ou prospectividade no ato final que descreve o crime que a personagem Xixi Piriá comete ao assassinar o capanga Felipão. A espacialização utilizada é franca, ou seja, composta por um narrador independente. Observa-se ainda que essa narrativa pode ser caracterizada como politópica, pois ocorre em vários cenários. Há ainda a questão dos gradientes sensoriais, que aparecem, por exemplo, na percepção da distância quando os foguetes estourados anunciam o resultado da eleição e o barulho dos mesmos vêm acarretar uma tragédia na balsa. E por fim a presença do espaço linguístico, apresentando a noção de localização das personagens com uso de verbos como ir ou vir ou então alguns advérbios de lugar como ali ou lá indicam que o espaço da narração não coincide com o da narrativa.</p>Lasaro José Amaral
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11SÓTÃO: UM ESPAÇO DE DESEJO E DESVENTURAS
https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/690
<p><em>As Parceiras</em>, de Lya Luft, foi o primeiro romance da autora. Lançado em 1980, é uma obra que permeia muitos mistérios. Os espaços do romance foram pensados de forma intrigante. Vários estudos foram feitos em relação aos romances de Lya Luft, mas não foi encontrado nenhum que faça essa relação entre espaço e erotismo. Para esta análise, nos deteremos em, apenas, uma parte do casarão: o sótão. Investigaremos o sótão como desencadeador da construção do erotismo da avó Catarina sob o ponto de vista da narradora e protagonista Anelise. É no sótão que o espaço erótico da avó Catarina é revelado, através da memória, para Anelise. A experiência da avó em relação à sexualidade, aos 14 anos, causa medo do sexo e da vida. Nesse sentido é pertinente investigar como a relação espaço e erotismo se revela no sótão, um lugar sombrio e deprimente. É através dessa busca que Anelise tenta entender o seu infortúnio perante a vida. O sótão representa as desventuras da narradora do romance que entre uma busca e outra recai sobre o mesmo abismo inicial: fazer parte de uma família de mulheres que não conseguem alcançar a sexualidade plena. Entre os teóricos que subsidiarão nossa pesquisa, encontram-se Bataille (1987), Foucault (1988), Bachelard (1989) e Borges Filho (2007). </p>Ronaldo Soares Farias
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11QUARTO DE DESPEJO: CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESPAÇO NA OBRA DE CAROLINA MARIA DE JESUS
https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/692
<span>Carolina Maria de Jesus em sua literatura mostra sempre uma síntese de si, a imagem que tem dela própria e a de outros que compartilhavam de sua mesma condição. Nesse caso, os outros em questão são os indivíduos que como ela, habitava na extinta favela do Canindé na cidade de São Paulo ou viviam em condições de subalteridade na sociedade brasileira. Um relato do cotidiano direto e cru, onde se constrói uma representação forte e única da dinâmica social urbana, vista por aqueles que foram lançados à margem. </span><span>Este trabalho pretende descrever alguns dos aspectos espaciais da obra <em>Quarto de De</em></span><em><span>spejo- Diário de uma favelada</span></em><span> a partir de contribuições teórico metodológicas da Topoanálise. O texto em forma de diário apresenta a realidade em que a narradora/personagem vive naquele lugar, e suas impressões sobre o mesmo. Espaço que se constrói e se valida por representações sociais, e que através da obra de Carolina se transforma em documento sociológico legitimo.</span><span> </span><span>O espaço da narrativa, a favela, é apresentado por Carolina como uma analogia ao que ela intitula quarto de despejo, onde por varias vezes descreve ter a impressão de estar no inferno.</span><span class="null"><span> </span><span>Para Carolina de Jesus a favela não é parte da cidade, mas sim uma úlcera na mesma. Por mais que o cenário e as perspectivas com relação às favelas mudem, elas ainda seguem em sua condição de degradação do sujeito. </span></span><span>É em seu barraco e com sua escrita que Carolina busca a reterritorialização, seu espaço íntimo, resguardada da hostilidade exterior</span><span>. </span>Lara Gabriella Alves dos Santos
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11A REPRESENTAÇÃO DE JERUSALÉM NO EVANGELHO DE MATEUS
https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/693
<p>Nosso projeto é analisar a cidade de Jerusalém tal como aparece nos quatro Evangelhos Bíblicos: Mateus, Marcos, Lucas e João. À oportunidade, vamos nos restringir ao Evangelho de Mateus, o qual uma referência aos demais, por analogia os representa. Tanto nos outros como em Mateus há, pelo viés espacial na narrativa, o claro objetivo em se provar que Jesus é “o Messias, o Salvador que Deus tinha prometido enviar ao mundo” (SBB, 2009). Para este estudo, utilizamos a metodologia da Topoanálise e sua relação com outras categorias da narrativa e sentidos produzidos. Dentre outros, utilizaremos as ideias de Bachelard, Iuri Lotman, Osman Lins e Borges Filho. A genealogia de Jesus, suas atividades divinas precedem e estão em Jerusalém, lugar santo e palco de sua imolação, numa sequência ditada pela espacialidade, sua entrada triunfal na cidade santa, o local da Última Ceia, e o espaço do princípio da imolação, o Sinédrio, frente a Caifás, o sumo sacerdote, que o encaminha à autoridade governamental, ao governador Pilatos. Daí, à presença popular, lugar chamado pretório, espaço de encontro de poderes distintos e decisivos. Finalmente, o ápice da imolação “o Gólgota”, onde é morto em favor do homem. Descendo pois, o corpo de Jesus ao “túmulo” e, sendo chegado o terceiro dia não fora encontrado mais naquele lugar. Ressurreto, aparece a duas mulheres as quais são orientadas por ele a seguir para um lugar fora de Jerusalém, onde se reuniria com elas e os demais discípulos. Desde o início desse roteiro, ressalta-se espacialidade em Jerusalém por condução da Topoanálise, num enredo politópico já que na trama será priorizada a cidade de Jerusalém, sendo citados outros espaços em seus entornos. Tal estudo apresentar-se-á como relevante contribuição para maiores estudos acadêmicos e valorização do estudo do espaço na construção de narrativas.</p>Carlos Roberto da Penha
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11A BAILARINA DA LOJA DE TAPETES: ESPAÇO E MOBILIÁRIO ALINHAVANDO A ESCRITURA LITERÁRIA, ENTREMEANDO CÂNONE E ANTICÂNONE
https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/694
<p class="western">Em 2013 foi lançado o livro <strong>A bailarina da loja de tapetes</strong>, da jovem escritora e blogueira carioca Ana Flávia Corujo. Como topoanalista literária interessada na configuração da espacialidade na literatura e no cinema, tal narrativa despertou minha atenção uma vez que o próprio título já anuncia a importância do espaço para o referido texto. Nota-se que de fato a <em>Tappetum</em> (a loja de tapetes) constitui-se como um elemento essencial na narrativa, sendo o lugar em que a venda de tapetes raros e repletos de memórias constitui-se como uma metáfora para que as pessoas encontrem o seu próprio “lugar” no mundo. Ademais, a loja e seu mobiliário ainda guardam a estória de vida da enigmática Dona Gilda – a proprietária – fazendo com que seja acrescentado um tom de mistério e de suspense bem ao gosto da literatura de vertente gótica. Neste sentido, esta proposição de estudos visa refletir, por meio da composição estética em termos de literariedade da <em>Tappetum</em> e da controversa querela entre postulados canônicos e anticanônicos, o “lugar” da escritura de Corujo na contemporaneidade. Assim, por intermédio de uma leitura que integra os eixos formal e temático, apoiada em pressupostos teóricos relevantes a esse estudo, busca-se, por fim, contribuir para o (des)entendimento desta areia movediça chamada literatura (contemporânea) em que as fronteiras e as margens da literatura tem sido amplamente revisadas.</p>Luciana Moura Colucci de Camargo
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11AS CONTRIBUIÇÕES DO ESPAÇO PARA A FORMAÇÃO DO ENREDO EM “O GALO IMPERTINENTE” DE J. J. VEIGA
https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/730
<p> O presente trabalho objetiva fazer uma análise reflexiva sobre o espaço enquanto fator contribuinte na formação e desenrolar de sentido no enredo do conto “O galo impertinente” de J. J. Veiga, considerando as possibilidades de construção e transformação do espaço no referido texto bem como sua relação com o posicionamento social e psicológico das personagens. Para tanto tomar-se-á como ponto inicial as características do espaço predominante no texto e os níveis de transformação do mesmo no processo cronológico do enredo, propondo uma reflexão sobre as relações estabelecidas entre a transformação do espaço à medida que se dá também, a transformação no posicionamento das personagens quanto à ação desenvolvida no espaço apresentado. A presente proposta far-se-á sob a fundamentação teórica de pesquisadores que abordam a literatura em seus aspectos interpretativos, em especial sob os fundamentos teóricos da topoanálise, tais como Bachelard (1989), Barbosa (2004), Borges Filho (2005), Bourneuf & Ouellet (1976), Augé (2003), por estes “apontarem” o espaço como elemento indissociável da narrativa. Buscando-se ainda definir os elementos que contribuem para a definição e classificação do espaço a partir dos conceitos apresentados pela topoanálise no que diz respeito à diferenciação entre espaço natural e artificial e suas influências na construção do sentido da narrativa.</p>Mariza Moreira dos Santos
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