Caderno de Resumos da Jopelit https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit Caderno de Resumos da JOPELIT pt-BR Caderno de Resumos da Jopelit 2318-9789 O ESPAÇO E LIRISMO NA POESIA DE EUGÉNIO DE ANDRADE https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/675 <p>Nosso objetivo ser&aacute; analisar os espa&ccedil;os na obra do poeta portugu&ecirc;s Eug&eacute;nio de Andrade; verificar como, na sua poesia, funcionam as diversas paragens, os diversos locais em que o eu l&iacute;rico se afei&ccedil;oa e se entrega, de forma arrebatada, ao real. Nossa metodologia ser&aacute; a leitura anal&iacute;tica, pautada pelas diretrizes da topoan&aacute;lise. Com efeito, a topoan&aacute;lise &eacute; o seguimento da cr&iacute;tica que se at&eacute;m ao estudo do espa&ccedil;o na literatura. Para tanto, tal referencial te&oacute;rico det&eacute;m-se a todo e qualquer espa&ccedil;o expresso no texto liter&aacute;rio, verificando os sentidos simb&oacute;licos da espacialidade, a fun&ccedil;&atilde;o que ela ganha na obra. Ap&oacute;s pr&eacute;vias leituras, chegamos a alguns resultados e verifica&ccedil;&otilde;es. Na poesia de Eug&eacute;nio de Andrade, os espa&ccedil;os sofrem uma esp&eacute;cie de exalta&ccedil;&atilde;o, de concentra&ccedil;&atilde;o, tornando-se &ldquo;centros de vida&rdquo;, conforme as palavras de Bachelard. Nesses lugares de predile&ccedil;&atilde;o, nesses ambientes de exist&ecirc;ncia concentrada, o drama humano ir&aacute; se desenrolar, ganhando conota&ccedil;&otilde;es simb&oacute;licas e metaf&oacute;ricas. Dessa forma, a natureza e a cidade ser&atilde;o mais que meros cen&aacute;rios; eles tornar-se-&atilde;o recept&aacute;culos das indaga&ccedil;&otilde;es do sujeito l&iacute;rico, &ldquo;correlatos objetivos&rdquo; (conforme express&atilde;o de Eliot) do drama espiritual do eu po&eacute;tico. Com efeito, Eug&eacute;nio enra&iacute;za seus assombros, seus alumbramentos, na materialidade dos elementos f&iacute;sicos. Terra, &aacute;gua, ar e fogo s&atilde;o s&iacute;mbolos imantados por um estado an&iacute;mico perplexo, el&eacute;trico, pulsante de erotismo e vida. O espa&ccedil;o, assim, com toda a sua concretude, &eacute; perscrutado por um eu l&iacute;rico a se indagar pelo sentido da vida humana no aqui e no agora. Em sua arrebata paix&atilde;o pelo real, Eug&eacute;nio ir&aacute; delinear uma incans&aacute;vel busca pelas formas do mundo sens&iacute;vel, empreendendo uma mimese do mundo, em que os objetos, lugares e seres tornam-se surpreendentes, densos, fe&eacute;ricos. Para o poeta portugu&ecirc;s, parodiando Novalis, na poesia, quanto mais fidelidade ao real, mais o mundo se torna po&eacute;tico, fant&aacute;stico. Dessa maneira, por essa intensifica&ccedil;&atilde;o existencial dos espa&ccedil;os, palcos do drama humano, o autor ir&aacute; desvelar o sagrado, o erotismo, o tempo forte do mito, conforme propostas de M&iacute;rcea Eliade. Eug&eacute;nio de Andrade, portanto, descende da linhagem dos poetas videntes, dos poetas prof&eacute;ticos e intuitivos, para os quais a arte po&eacute;tica &eacute; um fecundo mergulho nas puls&otilde;es vitais e na concretude viva do cosmos.&nbsp;</p> Alexandre Bonafim Felizardo Copyright (c) 1 1 A HETEROTOPIA DO CEMITÉRIO NO ROMANCE ÚRSULA, DE MARIA FIRMINA DOS REIS https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/676 <span>O romance <a name="_GoBack"><em>&Uacute;rsula</em></a> de Maria Firmina dos Reis foi escrito ap&oacute;s a &ldquo;independ&ecirc;ncia&rdquo; do Brasil. O pa&iacute;s n&atilde;o se apresentava totalmente ruralizado, pois se iniciava o processo de industrializa&ccedil;&atilde;o, o desejo de abolir a escravid&atilde;o e constru&ccedil;&atilde;o de uma rep&uacute;blica. Um tra&ccedil;o marcante na obra &eacute; a preocupa&ccedil;&atilde;o com a paisagem, lugares, espa&ccedil;os, enfim o modo de descrever a na&ccedil;&atilde;o, que o narrador suscita como caracter&iacute;sticas que deixa o homem ameno e o torna feliz. Os espa&ccedil;os na obra s&atilde;o descritos numa vis&atilde;o ufanista e amorosa, denotando um forte sentimento de &ldquo;brasilidade&rdquo;. O texto liter&aacute;rio problematiza tem&aacute;ticas como a igualdade social, de ra&ccedil;as e g&ecirc;nero. Os espa&ccedil;os no romance possibilitam a&ccedil;&otilde;es que caracterizam o perfil das personagens, o espa&ccedil;o natural que &eacute; caracter&iacute;stica marcante na obra corrobora com os sofrimentos e alegrias das personagens. A natureza representa o espa&ccedil;o da cria&ccedil;&atilde;o divina e lugar onde guarda os segredos da protagonista. No decorrer da narrativa esse espa&ccedil;o &ldquo;ruralizado&rdquo;, abrigo, ref&uacute;gio da protagonista &eacute; quebrado pela presen&ccedil;a de um ca&ccedil;ador tirano, desse modo, o que era ambiente de medita&ccedil;&atilde;o e acolhimento, torna-se sombrio. V&aacute;rios s&atilde;o os espa&ccedil;os heterot&oacute;picos presentes na obra. Para Foucault, a heterotopia seria esse espa&ccedil;o do desassossego,</span><span> </span><span>&ldquo;</span><span>tem o poder de justapor, em um s&oacute; lugar real, v&aacute;rios espa&ccedil;os, v&aacute;rios posicionamentos que s&atilde;o em si pr&oacute;prios incompat&iacute;veis&rdquo; (FOUCAULT</span><span>, 2001: 418). O cemit&eacute;rio &eacute; um deles. &Eacute; um lugar diferente dos outros espa&ccedil;os sociais, &eacute; uma heterotopia, pois causa inquieta&ccedil;&atilde;o, ang&uacute;stia, ou seja, um lugar real que denota o surgimento de outros espa&ccedil;os.&nbsp; O narrador define esse espa&ccedil;o como &ldquo;cidade da morte&rdquo;, &ldquo;lugar do esquecimento eterno&rdquo;, &ldquo;&uacute;ltima morada do homem&rdquo;, espa&ccedil;o onde &eacute; guardado todos os segredos do morto.&nbsp;</span> Ana Carla Carneiro Rio Copyright (c) 1 1 O ESPAÇO LITERÁRIO NA OBRA PÃO COZIDO DEBAIXO DE BRASA https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/677 O presente trabalho tem como tema <em>Os espa&ccedil;os dial&eacute;ticos em P&atilde;o cozido debaixo de brasa</em> e pretende evidenci&aacute;-los neste romance do contempor&acirc;neo escritor Miguel Jorge, publicado em 1997 e ganhador do Pr&ecirc;mio Machado de Assis 1997 de Literatura da Biblioteca Nacional. <em>P&atilde;o cozido debaixo de brasa</em> &eacute; constitu&iacute;do por dois n&uacute;cleos espaciais que se entrela&ccedil;am no decorrer da narrativa. No primeiro, onde vive a protagonista Felipa, pode-se observar o trabalho criativo do narrador ao recontar o passado, visto que recria a mem&oacute;ria dos fatos hist&oacute;ricos referentes &agrave; trag&eacute;dia do C&eacute;sio 137, ocorrida em 1987 na cidade de Goi&acirc;nia, contribuindo para a transmiss&atilde;o e a rememora&ccedil;&atilde;o dessa fatalidade. No segundo n&uacute;cleo espacial se observa a constitui&ccedil;&atilde;o identit&aacute;ria do protagonista Adam/Ad&atilde;o atrav&eacute;s recria&ccedil;&atilde;o de elementos m&iacute;ticos. O narrador de Miguel Jorge apresenta interessantes protagonistas que empreendem individualmente suas buscas, sempre com o anseio de transpor-se para um lugar melhor. Esse trabalho pretende explicar como se constitui a representa&ccedil;&atilde;o da dial&eacute;tica espacial e suas fun&ccedil;&otilde;es no romance em foco. Para tanto, esta pesquisa parte dos pressupostos te&oacute;ricos de Borges Filho (2007), Frank (1991) Bachelard (1989), e Joachim (2007) que tratam da tem&aacute;tica do espa&ccedil;o, de quais formas este se apresenta e contribui para o texto liter&aacute;rio. Por meio desse estudo &eacute; poss&iacute;vel perceber que <em>P&atilde;o cozido debaixo de Brasa</em> &eacute; composto a partir de oposi&ccedil;&otilde;es espaciais, tais como cidade/ sub&uacute;rbio, C&eacute;u/Terra, casa (espa&ccedil;o fechado)/rua (espa&ccedil;o aberto), cada um com suas caracter&iacute;sticas e que estabelecem rela&ccedil;&atilde;o com as experi&ecirc;ncias das personagens.&nbsp; Carla Reis de Oliveira Copyright (c) 1 1 ASPECTOS ESPACIAIS COMO INSINUANTES NO DESPERTAR DA SENSUALIDADE EM MISSA DO GALO https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/678 <p>O presente trabalho prop&otilde;e-se a analisar sob a perspectiva da topoan&aacute;lise, como se d&aacute; o processo de (inter)rela&ccedil;&atilde;o das personagens Concei&ccedil;&atilde;o e Nogueira em &ldquo;A missa do galo&rdquo; de Machado de Assis. Nessa perspectiva as defini&ccedil;&otilde;es de espa&ccedil;o e suas classifica&ccedil;&otilde;es ser&atilde;o abordadas. As&nbsp; evid&ecirc;ncias, na narrativa ser&atilde;o analisadas, relacionando o comportamento e posicionamento das personagens. Pretende-se detalhar as contribui&ccedil;&otilde;es dos elementos espaciais que provocam o clima de sensualidade criado pelo narrador. A partir desta reflex&atilde;o considera-se que o comportamento de uma personagem interfere no comportamento da outra. Aflora a possibilidade de diferentes interpreta&ccedil;&otilde;es. H&aacute; avan&ccedil;os e recuos sem se perceber, com clareza, o que est&aacute; ocorrendo. H&aacute; uma complexidade espacial instalada. Recorrer a topoan&aacute;lise &eacute; um fator preponderante para se analisar e construir as informa&ccedil;&otilde;es propostas no presente trabalho. Como fundamenta&ccedil;&atilde;o te&oacute;rica, tomar-se-&aacute; Bachelard(1989), Lotman(1978) e Borges Filho(2007).</p> Carmen Lúcia Freitas de Mendonça Copyright (c) 1 1 O HABITAR DA CASA EM UM HOMEM E SUA FAMÍLIA https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/679 <span>Neste trabalho, <span>analisaremos</span> a espacialidade da casa no romance de Braz Jos&eacute; Coelho (1997), <em>Um homem e sua fam&iacute;lia.</em> O objetivo &eacute; <span>estudar</span> as rela&ccedil;&otilde;es que existem entre a fam&iacute;lia e o espa&ccedil;o da casa. Entre os autores que subsidiar&atilde;o a pesquisa encontra-se Bachelard (1989), Iuri Lotman (1978), Osman Lins (1976) e Borges Filho (2007). Esses autores poder&atilde;o contribuir para a an&aacute;lise dos efeitos de sentido que surgir&atilde;o a partir dessa espacialidade. Para esta pesquisa, recorreremos &agrave; metodologia da Topoan&aacute;lise, sendo que esta consiste em verificar os espa&ccedil;os presentes na obra liter&aacute;ria e sua rela&ccedil;&atilde;o com outras categorias narrativas e os efeitos de sentido produzidos. Para Bachelard, a casa &eacute; a base do ser humano, ela representa o seu centro. No romance em foco, as personagens se deslocam do norte de Goi&aacute;s para S&atilde;o Paulo, &agrave; procura de conforto e seguran&ccedil;a. A viagem chega ao fim na esta&ccedil;&atilde;o ferrovi&aacute;ria da cidade de Catal&atilde;o estado de Goi&aacute;s. N&atilde;o tem como prosseguir para a cidade de S&atilde;o Paulo, pois o dinheiro acabou e a crian&ccedil;a mais nova est&aacute; doente. O homem sai &agrave; procura de um espa&ccedil;o estabilizador onde pudesse dar seguran&ccedil;a a sua fam&iacute;lia. De in&iacute;cio, alojam-se debaixo de uma cagaiteira na beira da estrada, sa&iacute;da para a cidade de Goiandira. No mesmo dia, o marido constr&oacute;i uma cabana improvisada e ser&aacute; neste abrigo que passar&atilde;o dias e noites &agrave; espera da constru&ccedil;&atilde;o da casa. Por muito tempo, o marido trabalhou na constru&ccedil;&atilde;o do casebre. Constru&iacute;ram dois c&ocirc;modos, um servia de sala e cozinha e o outro de quarto. A partir do processo de edifica&ccedil;&atilde;o &eacute; que se constituem as viv&ecirc;ncias e as experi&ecirc;ncias das personagens em Um homem e sua fam&iacute;lia.</span> Erlane Gonçalves da Silva Copyright (c) 1 1 EDIFÍCIO VITÓRIA: ESPAÇOS DISCURSIVOS https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/680 <p>Propomos com a presente comunica&ccedil;&atilde;o evidenciar os espa&ccedil;os na obra liter&aacute;ria <em>1984</em>, de George Orwell. Tomaremos como referencial te&oacute;rico as teorias de Oz&iacute;ris Borges Filho, Bachelard, Michel Foucault e outros. Abordaremos o espa&ccedil;o n&atilde;o somente em rela&ccedil;&atilde;o &agrave;s quest&otilde;es demogr&aacute;ficas, pois n&atilde;o basta saber das dimens&otilde;es e os objetos que o constituem, mas sim se fornecem condi&ccedil;&otilde;es que possibilite habitar esse espa&ccedil;o. V&aacute;rias s&atilde;o as heterotopias presentes na obra, mas enfatizaremos o &ldquo;Edif&iacute;cio Vit&oacute;ria&rdquo;. Evidenciar o espa&ccedil;o em que reside Winston Smith nos possibilita verificar o valor de intimidade atribu&iacute;do a esse espa&ccedil;o, assim como, salientar a sua constitui&ccedil;&atilde;o identit&aacute;ria, uma vez que esta &eacute; atravessada pelo espa&ccedil;o que o indiv&iacute;duo ocupa. Tomaremos o conceito de heterotopia, proposto por Michel Foucault, para verificar a emerg&ecirc;ncia do papel social que &eacute; atribu&iacute;do aos espa&ccedil;os, pois a no&ccedil;&atilde;o heterot&oacute;pica n&atilde;o pode ser dissociada dos significados e representa&ccedil;&otilde;es que desenvolvem e constituem um conjunto de rela&ccedil;&otilde;es espaciais. Trataremos do espa&ccedil;o na obra liter&aacute;ria <em>1984</em> como um espa&ccedil;o heterot&oacute;pico no qual discursividades s&atilde;o instauradas, pois entendemos que estudar o espa&ccedil;o, emaranhando tais elementos, &eacute; compreender a din&acirc;mica socioespacial do lugar ocupado e a submiss&atilde;o de pr&aacute;ticas, que residem e reconfiguram o indiv&iacute;duo na obra de Orwell.</p> Héllen Nívia Tiago Copyright (c) 1 1 UMA LEITURA ESPACIAL NO CONTO “SUJE-SE GORDO!” DE MACHADO DE ASSIS https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/681 <p>Ler Machado de Assis possibilita in&uacute;meras abordagens, sob as mais diversificadas perspectivas de an&aacute;lise. Nesse sentido, ressalta-se que o autor &eacute; marcado tanto por sua multiplicidade, quanto por sua complexidade e a observ&acirc;ncia de vest&iacute;gios jur&iacute;dicos em seus escritos tem sido preocupa&ccedil;&atilde;o recorrente de discuss&otilde;es atuais. Frente ao exposto, o trabalho em quest&atilde;o tem como proposta realizar uma leitura do conto &ldquo;Suje-se Gordo&rdquo;, no que se refere ao espa&ccedil;o, relacionando-o a locais que privilegiam o meio jur&iacute;dico, elemento por vezes t&atilde;o marcante em uma s&eacute;rie de obras de Machado. &Eacute; importante pontuar que o presente estudo surge como discuss&atilde;o inicial para o desenvolvimento de uma pesquisa de Mestrado na qual se pretende analisar a import&acirc;ncia do espa&ccedil;o relacionado ao meio jur&iacute;dico em contos selecionados de Machado de Assis. Assim, observando a tend&ecirc;ncia do escritor para as ci&ecirc;ncias jur&iacute;dicas percebe-se que, em suas produ&ccedil;&otilde;es liter&aacute;rias, &eacute; comum o encontro com procuradores, tabeli&otilde;es, provisionados, meirinhos, desembargadores, enfim, gente do Foro Jur&iacute;dico em geral, sobretudo os advogados. Paralelamente a isso, em se tratando do conto tomado como subs&iacute;dio de pesquisa, tem-se que &ldquo;Suje-se Gordo!&rdquo; foi publicado originalmente em <em>Rel&iacute;quias de Casa Velha</em>, no ano de 1906. A narrativa aborda com peculiaridade o fato de que, explicitamente, a Justi&ccedil;a &eacute; o pr&oacute;prio palco no qual a trama se desenrola, qual seja: um Tribunal do J&uacute;ri.&nbsp;</p> Letícia Santana Stacciarini Maria Imaculada Cavalcante Copyright (c) 1 1 O ESPAÇO URBANO NA CRÔNICA “VIADUTOS” DE DRUMMOND https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/682 <p>A inten&ccedil;&atilde;o deste estudo &eacute; relatar como o espa&ccedil;o urbano se apresenta de forma problem&aacute;tica na cr&ocirc;nica &ldquo;Viadutos&rdquo;, de Carlos Drummond de Andrade. Trata-se de uma topoan&aacute;lise, termo proposto anteriormente por Gaston Bachelard no livro &ldquo;A po&eacute;tica do espa&ccedil;o&rdquo;, mas aqui discutido de acordo com as considera&ccedil;&otilde;es de Borges Filho (2007). Para tal an&aacute;lise se fez necess&aacute;rio dialogar com os dois autores acima citados, dentre outros, apontando no texto quest&otilde;es como as fun&ccedil;&otilde;es do espa&ccedil;o, os microespa&ccedil;os, politopia, topofilia, topofobia e a predomin&acirc;ncia dos cen&aacute;rios. O texto analisado &eacute; uma cr&iacute;tica social sobre a condi&ccedil;&atilde;o econ&ocirc;mica de uma parcela da popula&ccedil;&atilde;o urbana, o que obriga muitas pessoas a sobreviverem nas ruas, dormindo embaixo de viadutos e fazendo desses locais suas casas. O texto &eacute; composto de um di&aacute;logo entre dois moradores de rua do Rio de Janeiro. Eles discutem a organiza&ccedil;&atilde;o dos viadutos por parte dos ocupantes desse espa&ccedil;o, uma ironia fina representada na linguagem das personagens ao fato de que, morar num viaduto passou a ser uma situa&ccedil;&atilde;o t&atilde;o comum nas grandes cidades, que esses locais s&atilde;o tratados como propriedades privadas de quem ali vive. Num texto em que o espa&ccedil;o est&aacute; presente j&aacute; no t&iacute;tulo, as fun&ccedil;&otilde;es aparecem claramente, &eacute; quase poss&iacute;vel dizer que as personagens s&atilde;o usadas como coadjuvantes de um protagonista principal, o espa&ccedil;o, aqui representado pelos viadutos. &Eacute; a partir desse cen&aacute;rio que se tece a cr&iacute;tica de todo o texto, atrav&eacute;s de uma linguagem popular e, ao mesmo tempo, ir&ocirc;nica.</p> Leíza Maria Rosa Copyright (c) 1 1 O ITINERÁRIO DE MARIA CAMPOS https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/683 A presente comunica&ccedil;&atilde;o tem como objetivo analisar o car&aacute;ter relacional do espa&ccedil;o na obra <em>A mocinha do Mercado Central </em>de Stella Maris Rezende. O romance traz uma sequ&ecirc;ncia de aventuras da personagem Maria Campos que muda constantemente de lugar indo de cidade em cidade, tentando encontrar-se. Em cada cidade ela possui uma profiss&atilde;o e um nome diferente. &Eacute; por isso que se torna pertinente um estudo apurado sobre a rela&ccedil;&atilde;o espa&ccedil;o e personagem. A cada espa&ccedil;o uma nova identidade, esfacelando o &ldquo;eu&rdquo; em v&aacute;rios &ldquo;eus&rdquo; que precisam ser interpretados ao longo da narrativa. Nesse sentido, a constru&ccedil;&atilde;o do espa&ccedil;o no desenvolvimento do texto liter&aacute;rio revela diversos aspectos, por isso sua funcionalidade n&atilde;o pode ser limitada. Dentro dessas proposi&ccedil;&otilde;es vari&aacute;veis do espa&ccedil;o, destacamos algumas como: caracterizar, influenciar, situar e representar a personagem e os locais por onde ela transita. Dessa forma, a identifica&ccedil;&atilde;o dos espa&ccedil;os na obra ser&aacute; a primeira tarefa a ser realizada numa rela&ccedil;&atilde;o com a personagem e suas v&aacute;rias personalidades. Considerando que a grande atra&ccedil;&atilde;o da obra de Stella Maris Rezende &eacute; a decis&atilde;o da personagem de viver v&aacute;rias vidas a partir dos nomes escolhidos em cada lugar por onde passa, decidimos abordar o itiner&aacute;rio da personagem e as transforma&ccedil;&otilde;es que o mesmo causa na constru&ccedil;&atilde;o da identidade de Maria. A pesquisa ser&aacute; bibliogr&aacute;fica com base nos pressupostos de Oziris Borges Filho (2007) e Milton Santos, (1997). Lilian Rosa Aires Carneiro Copyright (c) 1 1 A POÉTICA DO SINISTRO: A CRIAÇÃO DE UM ESPAÇO GÓTICO EM DRACULA, DE BRAM STOKER https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/684 <span>Com o recente sucesso da saga liter&aacute;rio-cinematogr&aacute;fica <em>Crep&uacute;sculo</em> (2005, 2008), a contemporaneidade presencia o renascimento do mito do vampiro que h&aacute; s&eacute;culos fascina o homem do oriente ao ocidente. A personagem vampiresca teve com <em>Dracula</em> (1897), de Bram Stoker (1847-1912), seu amadurecimento enquanto ente ficcional lapidada sob a &oacute;tica da vilania g&oacute;tica.<strong> </strong>A Stoker coube o talento vision&aacute;rio de vislumbrar um romance que permearia o imagin&aacute;rio das futuras gera&ccedil;&otilde;es com medo e terror e que, segundo Fred Botting (2006), tendo como principal personagem o &ldquo;vampiro macho&rdquo;, reafirmaria e imortalizaria esse legado do vil&atilde;o g&oacute;tico. Desde o s&eacute;culo XVIII, a envolv&ecirc;ncia e a popularidade do romance g&oacute;tico e de seus temas se sustentam no fasc&iacute;nio desafiador provocado &agrave;s mentes, instigadas pelos mist&eacute;rios que remontam a um passado medieval, ambientado em espa&ccedil;os g&oacute;ticos e l&uacute;gubres (castelos, abadias, cemit&eacute;rios) prop&iacute;cios &agrave; a&ccedil;&atilde;o do sobrenatural que, aliados em situa&ccedil;&atilde;o de homologia &agrave; constitui&ccedil;&atilde;o ficcional das personagens, criam alicerce para que o romance g&oacute;tico deixe a condi&ccedil;&atilde;o de literatura popular para adentrar ao rol de fic&ccedil;&atilde;o fant&aacute;stica cujo tra&ccedil;o diferencial &eacute; justamente o rigor estrutural do texto liter&aacute;rio. Diferentemente de muitos estudos j&aacute; publicados acerca da obra, que enfocam tem&aacute;ticas relativas &agrave; psican&aacute;lise e aos estudos culturais, neste estudo, abordaremos <em>Dracula</em> sob uma perspectiva formalista no sentido de problematizar a categoria do espa&ccedil;o, a qual, segundo Ant&ocirc;nio Dimas (1994), pode assumir estatuto t&atilde;o importante quanto os outros componentes da narrativa. Portanto, a partir de reflex&otilde;es baseadas nos estudos cr&iacute;ticos de Edgar Allan Poe (1809-1849) - nas filosofias do Mobili&aacute;rio (1840) e da Composi&ccedil;&atilde;o (1846) -, Lotman (1978), Bachelard (1998), Eliade (2001) e Borges Filho (2007), propomos um estudo aprofundado acerca dos espa&ccedil;os polit&oacute;picos transitados pelo vampiro. Assim, nosso objetivo &eacute; entender e configurar a po&eacute;tica de cria&ccedil;&atilde;o da categoria espacial g&oacute;tica, tendo em mente as particularidades da fic&ccedil;&atilde;o liter&aacute;ria de vertente g&oacute;tica e fant&aacute;stica.&nbsp;</span> Luciana Moura Colucci de Camargo Nivaldo Fávero Neto Copyright (c) 1 1 O CÁRCERE PRIVADO: AS REPRESENTAÇÕES DO ESPAÇO E DA IDENTIDADE FEMININA NO CONTO “JANELA”, DE MIGUEL JORGE https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/686 <p>Este trabalho objetiva promover uma reflex&atilde;o no que diz respeito &agrave;s quest&otilde;es espaciais e da identidade feminina, tendo como foco principal o espa&ccedil;o liter&aacute;rio sob a &oacute;tica da personagem romanesca. Para tanto, ser&aacute; analisado o conto &ldquo;Janela&rdquo;, pertencente ao livro Urubanda (1985), do escritor goiano Miguel Jorge. No conto, o escritor apresenta a figura feminina, representada pela protagonista Matilde, vivendo ao final do s&eacute;culo XX. Uma mulher jovem, inteligente e de grande beleza; por&eacute;m, sem voz, que se encontra aprisionada entre quatro paredes no espa&ccedil;o de sua pr&oacute;pria casa, que submetida ao poder de seu marido, Salom&atilde;o, digno representante do modelo patriarcal, anseia por um pouco de liberdade. A partir dos aportes te&oacute;ricos de Michel Foucault, em Outros Espa&ccedil;os (2006), Gaston Bachelard, em A po&eacute;tica do espa&ccedil;o (1974) e Osman Lins, em Lima Barreto e o Espa&ccedil;o Romanesco (1976), intenta-se perceber como o tratamento do espa&ccedil;o interfere na constru&ccedil;&atilde;o da identidade de Matilde, uma mulher silenciada pela indiferen&ccedil;a de seu marido, mergulhada na mais profunda solid&atilde;o, dentro da subjetividade de sua imensid&atilde;o &iacute;ntima, sem direito &agrave; liberdade e &agrave; vaidade, convivendo com todos os seus medos e as constantes a&ccedil;&otilde;es pavorosas de viol&ecirc;ncia dom&eacute;stica, servindo apenas de objeto do prazer masculino.</p> <p>&nbsp;</p> Marta Maria Bastos Luciana Borges Copyright (c) 1 1 O ESPAÇO EM “A MÁCARA DA MORTE RUBRA” https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/687 <p>Edgar Allan Poe teve uma vida t&atilde;o sombria e conturbada como um de seus personagens poderia ter. &Oacute;rf&atilde;o aos dois anos, muda-se para casa de pais adotivos, com estes vai a Londres, regressa aos Estados Unidos, vive uma vida bo&ecirc;mia na Universidade de Virg&iacute;nia. O autor viveu em diversos espa&ccedil;os, do internato &agrave; mans&atilde;o, n&atilde;o podendo ser diferente, ent&atilde;o, a import&acirc;ncia deste elemento liter&aacute;rio em sua obra. Como poss&iacute;vel exemplo, toma-se aqui a o conto do autor intitulado &ldquo;A m&aacute;scara da morte rubra&rdquo; (<em>&ldquo;The masque of the red death&rdquo;</em>) (1842). Neste, Poe narra a forma com que um castelo em festa &eacute; surpreendido pela morte, a qual se encontrava, assim como os demais convidados, mascarada para a celebra&ccedil;&atilde;o. &Eacute; poss&iacute;vel notar um paralelo a partir do ponto em que o rei pr&oacute;spero e suas riquezas dentro do castelo contrastam com a morte e a mis&eacute;ria do lado de fora do mesmo. O espa&ccedil;o em que a narrativa se passa tem papel fundamental para seu desenvolver, uma vez que, nela, a morte caminha por entre sete sal&otilde;es distintos, com aspectos singulares e que levam ao desenrolar da hist&oacute;ria. Diante de tais evid&ecirc;ncias e import&acirc;ncia, &eacute; poss&iacute;vel afirmar que o conto em quest&atilde;o possibilita realizar uma leitura direcionada aos estudos do espa&ccedil;o, elemento que se faz marcante na narrativa.</p> <p>&nbsp;</p> Maykel Cardoso Costa Copyright (c) 1 1 A TOPOFILIA NOS POEMAS DE CORA CORALINA E JOSÉ DÉCIO FILHO https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/688 <p>O presente trabalho tem como objetivo investigar as rela&ccedil;&otilde;es de intimidade com o espa&ccedil;o da cidade nos poemas de Cora Coralina e Jos&eacute; |D&eacute;cio Filho. Tomaremos como <em>corpus</em> de investiga&ccedil;&atilde;o, respectivamente, as obras <em>Poemas dos becos e Goi&aacute;s e est&oacute;rias mais </em>(1965) e<em> Poemas e Elegias</em> (1953) com intuito de examinar as rela&ccedil;&otilde;es do sujeito l&iacute;rico com o seu espa&ccedil;o f&iacute;sico. Esta investiga&ccedil;&atilde;o evidencia a topofilia, isto &eacute;, a percep&ccedil;&atilde;o do lugar a partir da sua dimens&atilde;o afetiva, como balizadora da an&aacute;lise po&eacute;tica. Recorrendo &agrave; topoan&aacute;lise, proposta pelo fil&oacute;sofo franc&ecirc;s Gaston Bachelard, e &agrave;s rela&ccedil;&otilde;es topof&iacute;licas do ge&oacute;grafo chin&ecirc;s e Humanista Yi-Fu Tuan, investigaremos como se d&atilde;o os n&iacute;veis de intimidade, possibilitando a compreens&atilde;o da rela&ccedil;&atilde;o do sujeito l&iacute;rico com o espa&ccedil;o urbano, citadino em dire&ccedil;&atilde;o aos espa&ccedil;os vividos, engendrando uma perspectiva intimista. Os textos po&eacute;ticos ora selecionados nos apresentam elementos que configuram e corroboram com o fato da riqueza da espacialidade ser tema corrente na literatura que ultrapassa limites, indo al&eacute;m de suas fronteiras, pois transcende o espa&ccedil;o geogr&aacute;fico elaborando, por meio de uma rela&ccedil;&atilde;o meton&iacute;mica, a cidade como representa&ccedil;&atilde;o do sujeito l&iacute;rico. Todavia, a caracteriza&ccedil;&atilde;o particular das cidades nos define estes lugares como pertencentes &agrave;s experi&ecirc;ncias topof&iacute;licas dos poetas que saudosamente rememoram em sua poesia as rela&ccedil;&otilde;es de afetividade com os espa&ccedil;os das cidades.</p> Moema de Souza Esmeraldo Copyright (c) 1 1 O ESPAÇO LITERÁRIO NA OBRA VILA DOS CONFINS https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/689 <p>O narrador de Vila dos Confins apresenta intrigantes personagens que buscam interesses bem parecidos no romance: o deputado Paulo Santos tenta aumentar a sua &aacute;rea de dom&iacute;nio pol&iacute;tico visando as macro elei&ccedil;&otilde;es enquanto o coronel Chico Belo busca manter a regi&atilde;o do rec&eacute;m-criado munic&iacute;pio de Vila dos Confins sob o seu mando. O presente trabalho pretende analisar a constru&ccedil;&atilde;o do espa&ccedil;o liter&aacute;rio na referida obra e quais fun&ccedil;&otilde;es desempenha dentro da narrativa. Ao longo da trama percebem-se muito bem as quest&otilde;es topoanal&iacute;ticas como topopatias que s&atilde;o as rela&ccedil;&otilde;es afetivo-negativo ou afetivo-positivo das personagens com os espa&ccedil;os onde s&atilde;o narrados os fatos. Microespa&ccedil;os com cen&aacute;rios e natureza reconhecidas a partir das coordenadas espaciais como lateralidade quando se refere &agrave;s margens do rio Urucan&atilde; em esquerda ou direita, centralidade ao apresentar a localiza&ccedil;&atilde;o da sede da fazenda do Neca Louren&ccedil;o como plantada no centro do veio de cascalho ou prospectividade no ato final que descreve o crime que a personagem Xixi Piri&aacute; comete ao assassinar o capanga Felip&atilde;o. A espacializa&ccedil;&atilde;o utilizada &eacute; franca, ou seja, composta por um narrador independente. Observa-se ainda que essa narrativa pode ser caracterizada como polit&oacute;pica, pois ocorre em v&aacute;rios cen&aacute;rios. H&aacute; ainda a quest&atilde;o dos gradientes sensoriais, que aparecem, por exemplo, na percep&ccedil;&atilde;o da dist&acirc;ncia quando os foguetes estourados anunciam o resultado da elei&ccedil;&atilde;o e o barulho dos mesmos v&ecirc;m acarretar uma trag&eacute;dia na balsa. E por fim a presen&ccedil;a do espa&ccedil;o lingu&iacute;stico, apresentando a no&ccedil;&atilde;o de localiza&ccedil;&atilde;o das personagens com uso de verbos como ir ou vir ou ent&atilde;o&nbsp; alguns adv&eacute;rbios de lugar como ali ou l&aacute; indicam que o espa&ccedil;o da narra&ccedil;&atilde;o n&atilde;o coincide com o da narrativa.</p> Lasaro José Amaral Copyright (c) 1 1 SÓTÃO: UM ESPAÇO DE DESEJO E DESVENTURAS https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/690 <p><em>As Parceiras</em>, de Lya Luft, foi o primeiro romance da autora. Lan&ccedil;ado em 1980, &eacute; uma obra que permeia muitos mist&eacute;rios. Os espa&ccedil;os do romance foram pensados de forma intrigante. V&aacute;rios estudos foram feitos em rela&ccedil;&atilde;o aos romances de Lya Luft, mas n&atilde;o foi encontrado nenhum que fa&ccedil;a essa rela&ccedil;&atilde;o entre espa&ccedil;o e erotismo. Para esta an&aacute;lise, nos deteremos em, apenas, uma parte do casar&atilde;o: o s&oacute;t&atilde;o. Investigaremos o s&oacute;t&atilde;o como desencadeador da constru&ccedil;&atilde;o do erotismo da av&oacute; Catarina sob o ponto de vista da narradora e protagonista Anelise. &Eacute; no s&oacute;t&atilde;o que o espa&ccedil;o er&oacute;tico da av&oacute; Catarina &eacute; revelado, atrav&eacute;s da mem&oacute;ria, para Anelise. A experi&ecirc;ncia da av&oacute; em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; sexualidade, aos 14 anos, causa medo do sexo e da vida.&nbsp; Nesse sentido &eacute; pertinente investigar como a rela&ccedil;&atilde;o espa&ccedil;o e erotismo se revela no s&oacute;t&atilde;o, um lugar sombrio e deprimente. &Eacute; atrav&eacute;s dessa busca que Anelise tenta entender o seu infort&uacute;nio perante a vida. O s&oacute;t&atilde;o representa as desventuras da narradora do romance que entre uma busca e outra recai sobre o mesmo abismo inicial: fazer parte de uma fam&iacute;lia de mulheres que n&atilde;o conseguem alcan&ccedil;ar a sexualidade plena. Entre os te&oacute;ricos que subsidiar&atilde;o nossa pesquisa, encontram-se Bataille (1987), Foucault (1988), Bachelard (1989) e Borges Filho (2007).&nbsp;</p> Ronaldo Soares Farias Copyright (c) 1 1 QUARTO DE DESPEJO: CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESPAÇO NA OBRA DE CAROLINA MARIA DE JESUS https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/692 <span>Carolina Maria de Jesus em sua literatura mostra sempre uma s&iacute;ntese de si, a imagem que tem dela pr&oacute;pria e a de outros que compartilhavam de sua mesma condi&ccedil;&atilde;o.&nbsp; Nesse caso, os outros em quest&atilde;o s&atilde;o os indiv&iacute;duos que como ela, habitava na extinta favela do Canind&eacute; na cidade de S&atilde;o Paulo ou viviam em condi&ccedil;&otilde;es de subalteridade na sociedade brasileira. Um relato do cotidiano direto e cru, onde se constr&oacute;i uma representa&ccedil;&atilde;o forte e &uacute;nica da din&acirc;mica social urbana, vista por aqueles que foram lan&ccedil;ados &agrave; margem. </span><span>Este trabalho pretende descrever alguns dos aspectos espaciais da obra <em>Quarto de De</em></span><em><span>spejo- Di&aacute;rio de uma favelada</span></em><span> a partir de contribui&ccedil;&otilde;es te&oacute;rico metodol&oacute;gicas da Topoan&aacute;lise. O texto em forma de di&aacute;rio apresenta a realidade em que a narradora/personagem vive naquele lugar, e suas impress&otilde;es sobre o mesmo. Espa&ccedil;o que se constr&oacute;i e se valida por representa&ccedil;&otilde;es sociais, e que atrav&eacute;s da obra de Carolina se transforma em documento sociol&oacute;gico legitimo.</span><span> </span><span>O espa&ccedil;o da narrativa, a favela, &eacute; apresentado por Carolina como uma analogia ao que ela intitula quarto de despejo, onde por varias vezes descreve ter a impress&atilde;o de estar no inferno.</span><span class="null"><span> </span><span>Para Carolina de Jesus a favela n&atilde;o &eacute; parte da cidade, mas sim uma &uacute;lcera na mesma. Por mais que o cen&aacute;rio e as perspectivas com rela&ccedil;&atilde;o &agrave;s favelas mudem, elas ainda seguem em sua condi&ccedil;&atilde;o de degrada&ccedil;&atilde;o do sujeito. </span></span><span>&Eacute; em seu barraco e com sua escrita que Carolina busca a reterritorializa&ccedil;&atilde;o, seu espa&ccedil;o &iacute;ntimo, resguardada da hostilidade exterior</span><span>.&nbsp;</span> Lara Gabriella Alves dos Santos Copyright (c) 1 1 A REPRESENTAÇÃO DE JERUSALÉM NO EVANGELHO DE MATEUS https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/693 <p>Nosso projeto &eacute; analisar a cidade de Jerusal&eacute;m tal como aparece nos quatro Evangelhos B&iacute;blicos: Mateus, Marcos, Lucas e Jo&atilde;o. &Agrave; oportunidade, vamos nos restringir ao Evangelho de Mateus, o qual uma refer&ecirc;ncia aos demais, por analogia os representa. Tanto nos outros como em Mateus h&aacute;, pelo vi&eacute;s espacial na narrativa, o claro objetivo em se provar que Jesus &eacute; &ldquo;o Messias, o Salvador que Deus tinha prometido enviar ao mundo&rdquo; (SBB, 2009). Para este estudo, utilizamos a metodologia da Topoan&aacute;lise e sua rela&ccedil;&atilde;o com outras categorias da narrativa e sentidos produzidos. Dentre outros, utilizaremos as ideias de Bachelard, Iuri Lotman, Osman Lins e Borges Filho. A genealogia de Jesus, suas atividades divinas precedem e est&atilde;o em Jerusal&eacute;m, lugar santo e palco de sua imola&ccedil;&atilde;o, numa sequ&ecirc;ncia ditada pela espacialidade, sua entrada triunfal na cidade santa, o local da &Uacute;ltima Ceia, e o espa&ccedil;o do princ&iacute;pio da imola&ccedil;&atilde;o, o Sin&eacute;drio, frente a Caif&aacute;s, o sumo sacerdote, que o encaminha &agrave; autoridade governamental, ao governador Pilatos. Da&iacute;,&nbsp; &agrave; presen&ccedil;a popular, lugar chamado pret&oacute;rio, espa&ccedil;o de encontro de poderes distintos e decisivos. Finalmente, o &aacute;pice da imola&ccedil;&atilde;o &ldquo;o G&oacute;lgota&rdquo;,&nbsp; onde &eacute; morto em favor do homem. Descendo pois, o corpo de Jesus ao &ldquo;t&uacute;mulo&rdquo; e, sendo chegado o terceiro dia n&atilde;o fora encontrado mais naquele lugar. Ressurreto, aparece a duas mulheres as quais s&atilde;o orientadas por ele a seguir para um lugar fora de Jerusal&eacute;m, onde se reuniria com elas e os demais disc&iacute;pulos. Desde o in&iacute;cio desse roteiro, ressalta-se espacialidade em Jerusal&eacute;m por condu&ccedil;&atilde;o da Topoan&aacute;lise, num enredo polit&oacute;pico j&aacute; que na trama ser&aacute; priorizada a cidade de Jerusal&eacute;m, sendo citados outros espa&ccedil;os em seus entornos. Tal estudo apresentar-se-&aacute; como relevante contribui&ccedil;&atilde;o para maiores estudos acad&ecirc;micos e valoriza&ccedil;&atilde;o do estudo do espa&ccedil;o na constru&ccedil;&atilde;o de narrativas.</p> Carlos Roberto da Penha Copyright (c) 1 1 A BAILARINA DA LOJA DE TAPETES: ESPAÇO E MOBILIÁRIO ALINHAVANDO A ESCRITURA LITERÁRIA, ENTREMEANDO CÂNONE E ANTICÂNONE https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/694 <p class="western">Em 2013 foi lan&ccedil;ado o livro <strong>A bailarina da loja de tapetes</strong>, da jovem escritora e blogueira carioca Ana Fl&aacute;via Corujo. Como topoanalista liter&aacute;ria interessada na configura&ccedil;&atilde;o da espacialidade na literatura e no cinema, tal narrativa despertou minha aten&ccedil;&atilde;o uma vez que o pr&oacute;prio t&iacute;tulo j&aacute; anuncia a import&acirc;ncia do espa&ccedil;o para o referido texto. Nota-se que de fato a <em>Tappetum</em> (a loja de tapetes) constitui-se como um elemento essencial na narrativa, sendo o lugar em que a venda de tapetes raros e repletos de mem&oacute;rias constitui-se como uma met&aacute;fora para que as pessoas encontrem o seu pr&oacute;prio &ldquo;lugar&rdquo; no mundo. Ademais, a loja e seu mobili&aacute;rio ainda guardam a est&oacute;ria de vida da enigm&aacute;tica Dona Gilda &ndash; a propriet&aacute;ria &ndash; fazendo com que seja acrescentado um tom de mist&eacute;rio e de suspense bem ao gosto da literatura de vertente g&oacute;tica. Neste sentido, esta proposi&ccedil;&atilde;o de estudos visa refletir, por meio da composi&ccedil;&atilde;o est&eacute;tica em termos de literariedade da <em>Tappetum</em> e da controversa querela entre postulados can&ocirc;nicos e antican&ocirc;nicos, o &ldquo;lugar&rdquo; da escritura de Corujo na contemporaneidade. Assim, por interm&eacute;dio de uma leitura que integra os eixos formal e tem&aacute;tico, apoiada em pressupostos te&oacute;ricos relevantes a esse estudo, busca-se, por fim, contribuir para o (des)entendimento desta areia movedi&ccedil;a chamada literatura (contempor&acirc;nea) em que as fronteiras e as margens da literatura tem sido amplamente revisadas.</p> Luciana Moura Colucci de Camargo Copyright (c) 1 1 AS CONTRIBUIÇÕES DO ESPAÇO PARA A FORMAÇÃO DO ENREDO EM “O GALO IMPERTINENTE” DE J. J. VEIGA https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/730 <p>&nbsp;O presente trabalho objetiva fazer uma an&aacute;lise reflexiva sobre o espa&ccedil;o enquanto fator contribuinte na forma&ccedil;&atilde;o e desenrolar de sentido no enredo do conto &ldquo;O galo impertinente&rdquo; de J. J. Veiga, considerando as possibilidades de constru&ccedil;&atilde;o e transforma&ccedil;&atilde;o do espa&ccedil;o no referido texto bem como sua rela&ccedil;&atilde;o com o posicionamento social e psicol&oacute;gico das personagens. Para tanto tomar-se-&aacute; como ponto inicial as caracter&iacute;sticas do espa&ccedil;o predominante no texto e os n&iacute;veis de transforma&ccedil;&atilde;o do mesmo no processo cronol&oacute;gico do enredo, propondo uma reflex&atilde;o sobre as rela&ccedil;&otilde;es estabelecidas entre a transforma&ccedil;&atilde;o do espa&ccedil;o &agrave; medida que se d&aacute; tamb&eacute;m, a transforma&ccedil;&atilde;o no posicionamento das personagens quanto &agrave; a&ccedil;&atilde;o desenvolvida no espa&ccedil;o apresentado. A presente proposta far-se-&aacute; sob a fundamenta&ccedil;&atilde;o te&oacute;rica de pesquisadores que abordam a literatura em seus aspectos interpretativos, em especial sob os fundamentos te&oacute;ricos da topoan&aacute;lise, tais como Bachelard (1989), Barbosa (2004), Borges Filho (2005), Bourneuf &amp; Ouellet (1976), Aug&eacute; (2003), por estes &ldquo;apontarem&rdquo; o espa&ccedil;o como elemento indissoci&aacute;vel da narrativa. Buscando-se ainda definir os elementos que contribuem para a defini&ccedil;&atilde;o e classifica&ccedil;&atilde;o do espa&ccedil;o a partir dos conceitos apresentados pela topoan&aacute;lise no que diz respeito &agrave; diferencia&ccedil;&atilde;o entre espa&ccedil;o natural e artificial e suas influ&ecirc;ncias na constru&ccedil;&atilde;o do sentido da narrativa.</p> Mariza Moreira dos Santos Copyright (c) 1 1 A HETEROTOPIA DO CEMITÉRIO NO ROMANCE ÚRSULA, DE MARIA FIRMINA DOS REIS https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/695 <span>O romance <a name="_GoBack"><em>&Uacute;rsula</em></a> de Maria Firmina dos Reis foi escrito ap&oacute;s a &ldquo;independ&ecirc;ncia&rdquo; do Brasil. O pa&iacute;s n&atilde;o se apresentava totalmente ruralizado, pois se iniciava o processo de industrializa&ccedil;&atilde;o, o desejo de abolir a escravid&atilde;o e constru&ccedil;&atilde;o de uma rep&uacute;blica. Um tra&ccedil;o marcante na obra &eacute; a preocupa&ccedil;&atilde;o com a paisagem, lugares, espa&ccedil;os, enfim o modo de descrever a na&ccedil;&atilde;o, que o narrador suscita como caracter&iacute;sticas que deixa o homem ameno e o torna feliz. Os espa&ccedil;os na obra s&atilde;o descritos numa vis&atilde;o ufanista e amorosa, denotando um forte sentimento de &ldquo;brasilidade&rdquo;. O texto liter&aacute;rio problematiza tem&aacute;ticas como a igualdade social, de ra&ccedil;as e g&ecirc;nero. Os espa&ccedil;os no romance possibilitam a&ccedil;&otilde;es que caracterizam o perfil das personagens, o espa&ccedil;o natural que &eacute; caracter&iacute;stica marcante na obra corrobora com os sofrimentos e alegrias das personagens. A natureza representa o espa&ccedil;o da cria&ccedil;&atilde;o divina e lugar onde guarda os segredos da protagonista. No decorrer da narrativa esse espa&ccedil;o &ldquo;ruralizado&rdquo;, abrigo, ref&uacute;gio da protagonista &eacute; quebrado pela presen&ccedil;a de um ca&ccedil;ador tirano, desse modo, o que era ambiente de medita&ccedil;&atilde;o e acolhimento, torna-se sombrio. V&aacute;rios s&atilde;o os espa&ccedil;os heterot&oacute;picos presentes na obra. Para Foucault, a heterotopia seria esse espa&ccedil;o do desassossego,</span><span> </span><span>&ldquo;</span><span>tem o poder de justapor, em um s&oacute; lugar real, v&aacute;rios espa&ccedil;os, v&aacute;rios posicionamentos que s&atilde;o em si pr&oacute;prios incompat&iacute;veis&rdquo; (FOUCAULT</span><span>, 2001: 418). O cemit&eacute;rio &eacute; um deles. &Eacute; um lugar diferente dos outros espa&ccedil;os sociais, &eacute; uma heterotopia, pois causa inquieta&ccedil;&atilde;o, ang&uacute;stia, ou seja, um lugar real que denota o surgimento de outros espa&ccedil;os.&nbsp; O narrador define esse espa&ccedil;o como &ldquo;cidade da morte&rdquo;, &ldquo;lugar do esquecimento eterno&rdquo;, &ldquo;&uacute;ltima morada do homem&rdquo;, espa&ccedil;o onde &eacute; guardado todos os segredos do morto.&nbsp;</span> Ana Carla Carneiro Rio Copyright (c) 1 1 A REPRESENTAÇÃO DE JERUSALÉM NO EVANGELHO DE MATEUS https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/697 <p>Nosso projeto &eacute; analisar a cidade de Jerusal&eacute;m tal como aparece nos quatro Evangelhos B&iacute;blicos: Mateus, Marcos, Lucas e Jo&atilde;o. &Agrave; oportunidade, vamos nos restringir ao Evangelho de Mateus, o qual uma refer&ecirc;ncia aos demais, por analogia os representa. Tanto nos outros como em Mateus h&aacute;, pelo vi&eacute;s espacial na narrativa, o claro objetivo em se provar que Jesus &eacute; &ldquo;o Messias, o Salvador que Deus tinha prometido enviar ao mundo&rdquo; (SBB, 2009). Para este estudo, utilizamos a metodologia da Topoan&aacute;lise e sua rela&ccedil;&atilde;o com outras categorias da narrativa e sentidos produzidos. Dentre outros, utilizaremos as ideias de Bachelard, Iuri Lotman, Osman Lins e Borges Filho. A genealogia de Jesus, suas atividades divinas precedem e est&atilde;o em Jerusal&eacute;m, lugar santo e palco de sua imola&ccedil;&atilde;o, numa sequ&ecirc;ncia ditada pela espacialidade, sua entrada triunfal na cidade santa, o local da &Uacute;ltima Ceia, e o espa&ccedil;o do princ&iacute;pio da imola&ccedil;&atilde;o, o Sin&eacute;drio, frente a Caif&aacute;s, o sumo sacerdote, que o encaminha &agrave; autoridade governamental, ao governador Pilatos. Da&iacute;,&nbsp; &agrave; presen&ccedil;a popular, lugar chamado pret&oacute;rio, espa&ccedil;o de encontro de poderes distintos e decisivos. Finalmente, o &aacute;pice da imola&ccedil;&atilde;o &ldquo;o G&oacute;lgota&rdquo;,&nbsp; onde &eacute; morto em favor do homem. Descendo pois, o corpo de Jesus ao &ldquo;t&uacute;mulo&rdquo; e, sendo chegado o terceiro dia n&atilde;o fora encontrado mais naquele lugar. Ressurreto, aparece a duas mulheres as quais s&atilde;o orientadas por ele a seguir para um lugar fora de Jerusal&eacute;m, onde se reuniria com elas e os demais disc&iacute;pulos. Desde o in&iacute;cio desse roteiro, ressalta-se espacialidade em Jerusal&eacute;m por condu&ccedil;&atilde;o da Topoan&aacute;lise, num enredo polit&oacute;pico j&aacute; que na trama ser&aacute; priorizada a cidade de Jerusal&eacute;m, sendo citados outros espa&ccedil;os em seus entornos. Tal estudo apresentar-se-&aacute; como relevante contribui&ccedil;&atilde;o para maiores estudos acad&ecirc;micos e valoriza&ccedil;&atilde;o do estudo do espa&ccedil;o na constru&ccedil;&atilde;o de narrativas.</p> Carlos Roberto da Penha Copyright (c) 1 1 A REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO EM: “A HORA DOS RUMINANTES” https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/698 <p>Neste trabalho, analisamos o romance <em>A hora dos ruminantes</em> de J.J. Veiga.Utilizamos para esta an&aacute;lise a metodologia da Topoan&aacute;lise que consiste em verificar os espa&ccedil;os presentes no texto e a sua rela&ccedil;&atilde;o com as outras categorias da narrativa bem como os efeitos de sentido produzidos.O que se pretende mostrar &eacute; que o romance &eacute; constru&iacute;do tendo por base os discursos lingu&iacute;sticos como forma de representar a espacialidade.</p> Cecília Marcia Peixoto da Silva Copyright (c) 1 1 O HABITAR DA CASA EM UM HOMEM E SUA FAMÍLIA https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/699 <span>Neste trabalho, <span>analisaremos</span> a espacialidade da casa no romance de Braz Jos&eacute; Coelho (1997), <em>Um homem e sua fam&iacute;lia.</em> O objetivo &eacute; <span>estudar</span> as rela&ccedil;&otilde;es que existem entre a fam&iacute;lia e o espa&ccedil;o da casa. Entre os autores que subsidiar&atilde;o a pesquisa encontra-se Bachelard (1989), Iuri Lotman (1978), Osman Lins (1976) e Borges Filho (2007). Esses autores poder&atilde;o contribuir para a an&aacute;lise dos efeitos de sentido que surgir&atilde;o a partir dessa espacialidade. Para esta pesquisa, recorreremos &agrave; metodologia da Topoan&aacute;lise, sendo que esta consiste em verificar os espa&ccedil;os presentes na obra liter&aacute;ria e sua rela&ccedil;&atilde;o com outras categorias narrativas e os efeitos de sentido produzidos. Para Bachelard, a casa &eacute; a base do ser humano, ela representa o seu centro. No romance em foco, as personagens se deslocam do norte de Goi&aacute;s para S&atilde;o Paulo, &agrave; procura de conforto e seguran&ccedil;a. A viagem chega ao fim na esta&ccedil;&atilde;o ferrovi&aacute;ria da cidade de Catal&atilde;o estado de Goi&aacute;s. N&atilde;o tem como prosseguir para a cidade de S&atilde;o Paulo, pois o dinheiro acabou e a crian&ccedil;a mais nova est&aacute; doente. O homem sai &agrave; procura de um espa&ccedil;o estabilizador onde pudesse dar seguran&ccedil;a a sua fam&iacute;lia. De in&iacute;cio, alojam-se debaixo de uma cagaiteira na beira da estrada, sa&iacute;da para a cidade de Goiandira. No mesmo dia, o marido constr&oacute;i uma cabana improvisada e ser&aacute; neste abrigo que passar&atilde;o dias e noites &agrave; espera da constru&ccedil;&atilde;o da casa. Por muito tempo, o marido trabalhou na constru&ccedil;&atilde;o do casebre. Constru&iacute;ram dois c&ocirc;modos, um servia de sala e cozinha e o outro de quarto. A partir do processo de edifica&ccedil;&atilde;o &eacute; que se constituem as viv&ecirc;ncias e as experi&ecirc;ncias das personagens em Um homem e sua fam&iacute;lia.</span> Erlane Gonçalves da Silva Copyright (c) 1 1 EDIFÍCIO VITÓRIA: ESPAÇOS DISCURSIVOS https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/700 <p>Propomos com a presente comunica&ccedil;&atilde;o evidenciar os espa&ccedil;os na obra liter&aacute;ria <em>1984</em>, de George Orwell. Tomaremos como referencial te&oacute;rico as teorias de Oz&iacute;ris Borges Filho, Bachelard, Michel Foucault e outros. Abordaremos o espa&ccedil;o n&atilde;o somente em rela&ccedil;&atilde;o &agrave;s quest&otilde;es demogr&aacute;ficas, pois n&atilde;o basta saber das dimens&otilde;es e os objetos que o constituem, mas sim se fornecem condi&ccedil;&otilde;es que possibilite habitar esse espa&ccedil;o. V&aacute;rias s&atilde;o as heterotopias presentes na obra, mas enfatizaremos o &ldquo;Edif&iacute;cio Vit&oacute;ria&rdquo;. Evidenciar o espa&ccedil;o em que reside Winston Smith nos possibilita verificar o valor de intimidade atribu&iacute;do a esse espa&ccedil;o, assim como, salientar a sua constitui&ccedil;&atilde;o identit&aacute;ria, uma vez que esta &eacute; atravessada pelo espa&ccedil;o que o indiv&iacute;duo ocupa. Tomaremos o conceito de heterotopia, proposto por Michel Foucault, para verificar a emerg&ecirc;ncia do papel social que &eacute; atribu&iacute;do aos espa&ccedil;os, pois a no&ccedil;&atilde;o heterot&oacute;pica n&atilde;o pode ser dissociada dos significados e representa&ccedil;&otilde;es que desenvolvem e constituem um conjunto de rela&ccedil;&otilde;es espaciais. Trataremos do espa&ccedil;o na obra liter&aacute;ria <em>1984</em> como um espa&ccedil;o heterot&oacute;pico no qual discursividades s&atilde;o instauradas, pois entendemos que estudar o espa&ccedil;o, emaranhando tais elementos, &eacute; compreender a din&acirc;mica socioespacial do lugar ocupado e a submiss&atilde;o de pr&aacute;ticas, que residem e reconfiguram o indiv&iacute;duo na obra de Orwell.</p> Héllen Nívia Tiago Copyright (c) 1 1 QUARTO DE DESPEJO: CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESPAÇO NA OBRA DE CAROLINA MARIA DE JESUS https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/701 <p>Carolina Maria de Jesus em sua literatura mostra sempre uma s&iacute;ntese de si, a imagem que tem dela pr&oacute;pria e a de outros que compartilhavam de sua mesma condi&ccedil;&atilde;o.&nbsp; Nesse caso, os outros em quest&atilde;o s&atilde;o os indiv&iacute;duos que como ela, habitava na extinta favela do Canind&eacute; na cidade de S&atilde;o Paulo ou viviam em condi&ccedil;&otilde;es de subalteridade na sociedade brasileira. Um relato do cotidiano direto e cru, onde se constr&oacute;i uma representa&ccedil;&atilde;o forte e &uacute;nica da din&acirc;mica social urbana, vista por aqueles que foram lan&ccedil;ados &agrave; margem. Este trabalho pretende descrever alguns dos aspectos espaciais da obra <em>Quarto de De</em><em>spejo- Di&aacute;rio de uma favelada</em> a partir de contribui&ccedil;&otilde;es te&oacute;rico metodol&oacute;gicas da Topoan&aacute;lise. O texto em forma de di&aacute;rio apresenta a realidade em que a narradora/personagem vive naquele lugar, e suas impress&otilde;es sobre o mesmo. Espa&ccedil;o que se constr&oacute;i e se valida por representa&ccedil;&otilde;es sociais, e que atrav&eacute;s da obra de Carolina se transforma em documento sociol&oacute;gico legitimo. O espa&ccedil;o da narrativa, a favela, &eacute; apresentado por Carolina como uma analogia ao que ela intitula quarto de despejo, onde por varias vezes descreve ter a impress&atilde;o de estar no inferno. Para Carolina de Jesus a favela n&atilde;o &eacute; parte da cidade, mas sim uma &uacute;lcera na mesma. Por mais que o cen&aacute;rio e as perspectivas com rela&ccedil;&atilde;o &agrave;s favelas mudem, elas ainda seguem em sua condi&ccedil;&atilde;o de degrada&ccedil;&atilde;o do sujeito. &Eacute; em seu barraco e com sua escrita que Carolina busca a reterritorializa&ccedil;&atilde;o, seu espa&ccedil;o &iacute;ntimo, resguardada da hostilidade exterior.&nbsp;</p> Lara Gabriella Alves dos Santos Copyright (c) 1 1 O ESPAÇO URBANO NA CRÔNICA “VIADUTOS” DE DRUMMOND https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/702 <p>A inten&ccedil;&atilde;o deste estudo &eacute; relatar como o espa&ccedil;o urbano se apresenta de forma problem&aacute;tica na cr&ocirc;nica &ldquo;Viadutos&rdquo;, de Carlos Drummond de Andrade. Trata-se de uma topoan&aacute;lise, termo proposto anteriormente por Gaston Bachelard no livro &ldquo;A po&eacute;tica do espa&ccedil;o&rdquo;, mas aqui discutido de acordo com as considera&ccedil;&otilde;es de Borges Filho (2007). Para tal an&aacute;lise se fez necess&aacute;rio dialogar com os dois autores acima citados, dentre outros, apontando no texto quest&otilde;es como as fun&ccedil;&otilde;es do espa&ccedil;o, os microespa&ccedil;os, politopia, topofilia, topofobia e a predomin&acirc;ncia dos cen&aacute;rios. O texto analisado &eacute; uma cr&iacute;tica social sobre a condi&ccedil;&atilde;o econ&ocirc;mica de uma parcela da popula&ccedil;&atilde;o urbana, o que obriga muitas pessoas a sobreviverem nas ruas, dormindo embaixo de viadutos e fazendo desses locais suas casas. O texto &eacute; composto de um di&aacute;logo entre dois moradores de rua do Rio de Janeiro. Eles discutem a organiza&ccedil;&atilde;o dos viadutos por parte dos ocupantes desse espa&ccedil;o, uma ironia fina representada na linguagem das personagens ao fato de que, morar num viaduto passou a ser uma situa&ccedil;&atilde;o t&atilde;o comum nas grandes cidades, que esses locais s&atilde;o tratados como propriedades privadas de quem ali vive. Num texto em que o espa&ccedil;o est&aacute; presente j&aacute; no t&iacute;tulo, as fun&ccedil;&otilde;es aparecem claramente, &eacute; quase poss&iacute;vel dizer que as personagens s&atilde;o usadas como coadjuvantes de um protagonista principal, o espa&ccedil;o, aqui representado pelos viadutos. &Eacute; a partir desse cen&aacute;rio que se tece a cr&iacute;tica de todo o texto, atrav&eacute;s de uma linguagem popular e, ao mesmo tempo, ir&ocirc;nica.</p> Leíza Maria Rosa Copyright (c) 1 1 UMA LEITURA ESPACIAL NO CONTO “SUJE-SE GORDO!” DE MACHADO DE ASSIS https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/703 <p>Ler Machado de Assis possibilita in&uacute;meras abordagens, sob as mais diversificadas perspectivas de an&aacute;lise. Nesse sentido, ressalta-se que o autor &eacute; marcado tanto por sua multiplicidade, quanto por sua complexidade e a observ&acirc;ncia de vest&iacute;gios jur&iacute;dicos em seus escritos tem sido preocupa&ccedil;&atilde;o recorrente de discuss&otilde;es atuais. Frente ao exposto, o trabalho em quest&atilde;o tem como proposta realizar uma leitura do conto &ldquo;Suje-se Gordo&rdquo;, no que se refere ao espa&ccedil;o, relacionando-o a locais que privilegiam o meio jur&iacute;dico, elemento por vezes t&atilde;o marcante em uma s&eacute;rie de obras de Machado. &Eacute; importante pontuar que o presente estudo surge como discuss&atilde;o inicial para o desenvolvimento de uma pesquisa de Mestrado na qual se pretende analisar a import&acirc;ncia do espa&ccedil;o relacionado ao meio jur&iacute;dico em contos selecionados de Machado de Assis. Assim, observando a tend&ecirc;ncia do escritor para as ci&ecirc;ncias jur&iacute;dicas percebe-se que, em suas produ&ccedil;&otilde;es liter&aacute;rias, &eacute; comum o encontro com procuradores, tabeli&otilde;es, provisionados, meirinhos, desembargadores, enfim, gente do Foro Jur&iacute;dico em geral, sobretudo os advogados. Paralelamente a isso, em se tratando do conto tomado como subs&iacute;dio de pesquisa, tem-se que &ldquo;Suje-se Gordo!&rdquo; foi publicado originalmente em <em>Rel&iacute;quias de Casa Velha</em>, no ano de 1906. A narrativa aborda com peculiaridade o fato de que, explicitamente, a Justi&ccedil;a &eacute; o pr&oacute;prio palco no qual a trama se desenrola, qual seja: um Tribunal do J&uacute;ri.&nbsp;</p> Letícia Santana Stacciarini Copyright (c) 1 1 O ITINERÁRIO DE MARIA CAMPOS https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/704 A presente comunica&ccedil;&atilde;o tem como objetivo analisar o car&aacute;ter relacional do espa&ccedil;o na obra <em>A mocinha do Mercado Central </em>de Stella Maris Rezende. O romance traz uma sequ&ecirc;ncia de aventuras da personagem Maria Campos que muda constantemente de lugar indo de cidade em cidade, tentando encontrar-se. Em cada cidade ela possui uma profiss&atilde;o e um nome diferente. &Eacute; por isso que se torna pertinente um estudo apurado sobre a rela&ccedil;&atilde;o espa&ccedil;o e personagem. A cada espa&ccedil;o uma nova identidade, esfacelando o &ldquo;eu&rdquo; em v&aacute;rios &ldquo;eus&rdquo; que precisam ser interpretados ao longo da narrativa. Nesse sentido, a constru&ccedil;&atilde;o do espa&ccedil;o no desenvolvimento do texto liter&aacute;rio revela diversos aspectos, por isso sua funcionalidade n&atilde;o pode ser limitada. Dentro dessas proposi&ccedil;&otilde;es vari&aacute;veis do espa&ccedil;o, destacamos algumas como: caracterizar, influenciar, situar e representar a personagem e os locais por onde ela transita. Dessa forma, a identifica&ccedil;&atilde;o dos espa&ccedil;os na obra ser&aacute; a primeira tarefa a ser realizada numa rela&ccedil;&atilde;o com a personagem e suas v&aacute;rias personalidades. Considerando que a grande atra&ccedil;&atilde;o da obra de Stella Maris Rezende &eacute; a decis&atilde;o da personagem de viver v&aacute;rias vidas a partir dos nomes escolhidos em cada lugar por onde passa, decidimos abordar o itiner&aacute;rio da personagem e as transforma&ccedil;&otilde;es que o mesmo causa na constru&ccedil;&atilde;o da identidade de Maria. A pesquisa ser&aacute; bibliogr&aacute;fica com base nos pressupostos de Oziris Borges Filho (2007) e Milton Santos, (1997). Lilian Rosa Aires Carneiro Copyright (c) 1 1 A BAILARINA DA LOJA DE TAPETES: ESPAÇO E MOBILIÁRIO ALINHAVANDO A ESCRITURA LITERÁRIA, ENTREMEANDO CÂNONE E ANTICÂNONE https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/712 <p class="western">Em 2013 foi lan&ccedil;ado o livro <strong>A bailarina da loja de tapetes</strong>, da jovem escritora e blogueira carioca Ana Fl&aacute;via Corujo. Como topoanalista liter&aacute;ria interessada na configura&ccedil;&atilde;o da espacialidade na literatura e no cinema, tal narrativa despertou minha aten&ccedil;&atilde;o uma vez que o pr&oacute;prio t&iacute;tulo j&aacute; anuncia a import&acirc;ncia do espa&ccedil;o para o referido texto. Nota-se que de fato a <em>Tappetum</em> (a loja de tapetes) constitui-se como um elemento essencial na narrativa, sendo o lugar em que a venda de tapetes raros e repletos de mem&oacute;rias constitui-se como uma met&aacute;fora para que as pessoas encontrem o seu pr&oacute;prio &ldquo;lugar&rdquo; no mundo. Ademais, a loja e seu mobili&aacute;rio ainda guardam a est&oacute;ria de vida da enigm&aacute;tica Dona Gilda &ndash; a propriet&aacute;ria &ndash; fazendo com que seja acrescentado um tom de mist&eacute;rio e de suspense bem ao gosto da literatura de vertente g&oacute;tica. Neste sentido, esta proposi&ccedil;&atilde;o de estudos visa refletir, por meio da composi&ccedil;&atilde;o est&eacute;tica em termos de literariedade da <em>Tappetum</em> e da controversa querela entre postulados can&ocirc;nicos e antican&ocirc;nicos, o &ldquo;lugar&rdquo; da escritura de Corujo na contemporaneidade. Assim, por interm&eacute;dio de uma leitura que integra os eixos formal e tem&aacute;tico, apoiada em pressupostos te&oacute;ricos relevantes a esse estudo, busca-se, por fim, contribuir para o (des)entendimento desta areia movedi&ccedil;a chamada literatura (contempor&acirc;nea) em que as fronteiras e as margens da literatura tem sido amplamente revisadas.</p> Luciana Moura Colucci de Camargo Copyright (c) 1 1 O CÁRCERE PRIVADO: AS REPRESENTAÇÕES DO ESPAÇO E DA IDENTIDADE FEMININA NO CONTO “JANELA”, DE MIGUEL JORGE https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/705 <p>Este trabalho objetiva promover uma reflex&atilde;o no que diz respeito &agrave;s quest&otilde;es espaciais e da identidade feminina, tendo como foco principal o espa&ccedil;o liter&aacute;rio sob a &oacute;tica da personagem romanesca. Para tanto, ser&aacute; analisado o conto &ldquo;Janela&rdquo;, pertencente ao livro Urubanda (1985), do escritor goiano Miguel Jorge. No conto, o escritor apresenta a figura feminina, representada pela protagonista Matilde, vivendo ao final do s&eacute;culo XX. Uma mulher jovem, inteligente e de grande beleza; por&eacute;m, sem voz, que se encontra aprisionada entre quatro paredes no espa&ccedil;o de sua pr&oacute;pria casa, que submetida ao poder de seu marido, Salom&atilde;o, digno representante do modelo patriarcal, anseia por um pouco de liberdade. A partir dos aportes te&oacute;ricos de Michel Foucault, em Outros Espa&ccedil;os (2006), Gaston Bachelard, em A po&eacute;tica do espa&ccedil;o (1974) e Osman Lins, em Lima Barreto e o Espa&ccedil;o Romanesco (1976), intenta-se perceber como o tratamento do espa&ccedil;o interfere na constru&ccedil;&atilde;o da identidade de Matilde, uma mulher silenciada pela indiferen&ccedil;a de seu marido, mergulhada na mais profunda solid&atilde;o, dentro da subjetividade de sua imensid&atilde;o &iacute;ntima, sem direito &agrave; liberdade e &agrave; vaidade, convivendo com todos os seus medos e as constantes a&ccedil;&otilde;es pavorosas de viol&ecirc;ncia dom&eacute;stica, servindo apenas de objeto do prazer masculino.</p> <p>&nbsp;</p> Marta Maria Bastos Luciana Borges Copyright (c) 1 1 O ESPAÇO EM “A MÁCARA DA MORTE RUBRA” https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/706 <p>Edgar Allan Poe teve uma vida t&atilde;o sombria e conturbada como um de seus personagens poderia ter. &Oacute;rf&atilde;o aos dois anos, muda-se para casa de pais adotivos, com estes vai a Londres, regressa aos Estados Unidos, vive uma vida bo&ecirc;mia na Universidade de Virg&iacute;nia. O autor viveu em diversos espa&ccedil;os, do internato &agrave; mans&atilde;o, n&atilde;o podendo ser diferente, ent&atilde;o, a import&acirc;ncia deste elemento liter&aacute;rio em sua obra. Como poss&iacute;vel exemplo, toma-se aqui a o conto do autor intitulado &ldquo;A m&aacute;scara da morte rubra&rdquo; (<em>&ldquo;The masque of the red death&rdquo;</em>) (1842). Neste, Poe narra a forma com que um castelo em festa &eacute; surpreendido pela morte, a qual se encontrava, assim como os demais convidados, mascarada para a celebra&ccedil;&atilde;o. &Eacute; poss&iacute;vel notar um paralelo a partir do ponto em que o rei pr&oacute;spero e suas riquezas dentro do castelo contrastam com a morte e a mis&eacute;ria do lado de fora do mesmo. O espa&ccedil;o em que a narrativa se passa tem papel fundamental para seu desenvolver, uma vez que, nela, a morte caminha por entre sete sal&otilde;es distintos, com aspectos singulares e que levam ao desenrolar da hist&oacute;ria. Diante de tais evid&ecirc;ncias e import&acirc;ncia, &eacute; poss&iacute;vel afirmar que o conto em quest&atilde;o possibilita realizar uma leitura direcionada aos estudos do espa&ccedil;o, elemento que se faz marcante na narrativa.</p> Maykel Cardoso Costa Copyright (c) 1 1 A TOPOFILIA NOS POEMAS DE CORA CORALINA E JOSÉ DÉCIO FILHO https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/707 <p>O presente trabalho tem como objetivo investigar as rela&ccedil;&otilde;es de intimidade com o espa&ccedil;o da cidade nos poemas de Cora Coralina e Jos&eacute; |D&eacute;cio Filho. Tomaremos como <em>corpus</em> de investiga&ccedil;&atilde;o, respectivamente, as obras <em>Poemas dos becos e Goi&aacute;s e est&oacute;rias mais </em>(1965) e<em> Poemas e Elegias</em> (1953) com intuito de examinar as rela&ccedil;&otilde;es do sujeito l&iacute;rico com o seu espa&ccedil;o f&iacute;sico. Esta investiga&ccedil;&atilde;o evidencia a topofilia, isto &eacute;, a percep&ccedil;&atilde;o do lugar a partir da sua dimens&atilde;o afetiva, como balizadora da an&aacute;lise po&eacute;tica. Recorrendo &agrave; topoan&aacute;lise, proposta pelo fil&oacute;sofo franc&ecirc;s Gaston Bachelard, e &agrave;s rela&ccedil;&otilde;es topof&iacute;licas do ge&oacute;grafo chin&ecirc;s e Humanista Yi-Fu Tuan, investigaremos como se d&atilde;o os n&iacute;veis de intimidade, possibilitando a compreens&atilde;o da rela&ccedil;&atilde;o do sujeito l&iacute;rico com o espa&ccedil;o urbano, citadino em dire&ccedil;&atilde;o aos espa&ccedil;os vividos, engendrando uma perspectiva intimista. Os textos po&eacute;ticos ora selecionados nos apresentam elementos que configuram e corroboram com o fato da riqueza da espacialidade ser tema corrente na literatura que ultrapassa limites, indo al&eacute;m de suas fronteiras, pois transcende o espa&ccedil;o geogr&aacute;fico elaborando, por meio de uma rela&ccedil;&atilde;o meton&iacute;mica, a cidade como representa&ccedil;&atilde;o do sujeito l&iacute;rico. Todavia, a caracteriza&ccedil;&atilde;o particular das cidades nos define estes lugares como pertencentes &agrave;s experi&ecirc;ncias topof&iacute;licas dos poetas que saudosamente rememoram em sua poesia as rela&ccedil;&otilde;es de afetividade com os espa&ccedil;os das cidades.</p> Moema de Souza Esmeraldo Copyright (c) 1 1 O ESPAÇO LITERÁRIO NA OBRA VILA DOS CONFINS https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/708 <p>O narrador de Vila dos Confins apresenta intrigantes personagens que buscam interesses bem parecidos no romance: o deputado Paulo Santos tenta aumentar a sua &aacute;rea de dom&iacute;nio pol&iacute;tico visando as macro elei&ccedil;&otilde;es enquanto o coronel Chico Belo busca manter a regi&atilde;o do rec&eacute;m-criado munic&iacute;pio de Vila dos Confins sob o seu mando. O presente trabalho pretende analisar a constru&ccedil;&atilde;o do espa&ccedil;o liter&aacute;rio na referida obra e quais fun&ccedil;&otilde;es desempenha dentro da narrativa. Ao longo da trama percebem-se muito bem as quest&otilde;es topoanal&iacute;ticas como topopatias que s&atilde;o as rela&ccedil;&otilde;es afetivo-negativo ou afetivo-positivo das personagens com os espa&ccedil;os onde s&atilde;o narrados os fatos. Microespa&ccedil;os com cen&aacute;rios e natureza reconhecidas a partir das coordenadas espaciais como lateralidade quando se refere &agrave;s margens do rio Urucan&atilde; em esquerda ou direita, centralidade ao apresentar a localiza&ccedil;&atilde;o da sede da fazenda do Neca Louren&ccedil;o como plantada no centro do veio de cascalho ou prospectividade no ato final que descreve o crime que a personagem Xixi Piri&aacute; comete ao assassinar o capanga Felip&atilde;o. A espacializa&ccedil;&atilde;o utilizada &eacute; franca, ou seja, composta por um narrador independente. Observa-se ainda que essa narrativa pode ser caracterizada como polit&oacute;pica, pois ocorre em v&aacute;rios cen&aacute;rios. H&aacute; ainda a quest&atilde;o dos gradientes sensoriais, que aparecem, por exemplo, na percep&ccedil;&atilde;o da dist&acirc;ncia quando os foguetes estourados anunciam o resultado da elei&ccedil;&atilde;o e o barulho dos mesmos v&ecirc;m acarretar uma trag&eacute;dia na balsa. E por fim a presen&ccedil;a do espa&ccedil;o lingu&iacute;stico, apresentando a no&ccedil;&atilde;o de localiza&ccedil;&atilde;o das personagens com uso de verbos como ir ou vir ou ent&atilde;o&nbsp; alguns adv&eacute;rbios de lugar como ali ou l&aacute; indicam que o espa&ccedil;o da narra&ccedil;&atilde;o n&atilde;o coincide com o da narrativa.</p> Lasaro José Amaral Copyright (c) 1 1 A POÉTICA DO SINISTRO: A CRIAÇÃO DE UM ESPAÇO GÓTICO EM DRACULA, DE BRAM STOKER https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/709 <span>Com o recente sucesso da saga liter&aacute;rio-cinematogr&aacute;fica <em>Crep&uacute;sculo</em> (2005, 2008), a contemporaneidade presencia o renascimento do mito do vampiro que h&aacute; s&eacute;culos fascina o homem do oriente ao ocidente. A personagem vampiresca teve com <em>Dracula</em> (1897), de Bram Stoker (1847-1912), seu amadurecimento enquanto ente ficcional lapidada sob a &oacute;tica da vilania g&oacute;tica.<strong> </strong>A Stoker coube o talento vision&aacute;rio de vislumbrar um romance que permearia o imagin&aacute;rio das futuras gera&ccedil;&otilde;es com medo e terror e que, segundo Fred Botting (2006), tendo como principal personagem o &ldquo;vampiro macho&rdquo;, reafirmaria e imortalizaria esse legado do vil&atilde;o g&oacute;tico. Desde o s&eacute;culo XVIII, a envolv&ecirc;ncia e a popularidade do romance g&oacute;tico e de seus temas se sustentam no fasc&iacute;nio desafiador provocado &agrave;s mentes, instigadas pelos mist&eacute;rios que remontam a um passado medieval, ambientado em espa&ccedil;os g&oacute;ticos e l&uacute;gubres (castelos, abadias, cemit&eacute;rios) prop&iacute;cios &agrave; a&ccedil;&atilde;o do sobrenatural que, aliados em situa&ccedil;&atilde;o de homologia &agrave; constitui&ccedil;&atilde;o ficcional das personagens, criam alicerce para que o romance g&oacute;tico deixe a condi&ccedil;&atilde;o de literatura popular para adentrar ao rol de fic&ccedil;&atilde;o fant&aacute;stica cujo tra&ccedil;o diferencial &eacute; justamente o rigor estrutural do texto liter&aacute;rio. Diferentemente de muitos estudos j&aacute; publicados acerca da obra, que enfocam tem&aacute;ticas relativas &agrave; psican&aacute;lise e aos estudos culturais, neste estudo, abordaremos <em>Dracula</em> sob uma perspectiva formalista no sentido de problematizar a categoria do espa&ccedil;o, a qual, segundo Ant&ocirc;nio Dimas (1994), pode assumir estatuto t&atilde;o importante quanto os outros componentes da narrativa. Portanto, a partir de reflex&otilde;es baseadas nos estudos cr&iacute;ticos de Edgar Allan Poe (1809-1849) - nas filosofias do Mobili&aacute;rio (1840) e da Composi&ccedil;&atilde;o (1846) -, Lotman (1978), Bachelard (1998), Eliade (2001) e Borges Filho (2007), propomos um estudo aprofundado acerca dos espa&ccedil;os polit&oacute;picos transitados pelo vampiro. Assim, nosso objetivo &eacute; entender e configurar a po&eacute;tica de cria&ccedil;&atilde;o da categoria espacial g&oacute;tica, tendo em mente as particularidades da fic&ccedil;&atilde;o liter&aacute;ria de vertente g&oacute;tica e fant&aacute;stica.&nbsp;</span> Luciana Moura Colucci de Camargo Nivaldo Fávero Neto Copyright (c) 1 1 UM “LUGAR” PARA DIÁLOGO ENTRE FOUCAULT E A TEORIA LITERÁRIA: CONTRIBUIÇÕES PARA OS ESTUDOS ESPACIAIS https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/710 <p>O presente trabalho tem como objetivo propor uma reflex&atilde;o sobre a aproxima&ccedil;&atilde;o entre a An&aacute;lise do Discurso e os Estudos Liter&aacute;rios, neste caso, em especial, as quest&otilde;es relacionadas &agrave;s defini&ccedil;&otilde;es de &ldquo;espa&ccedil;os&rdquo;. Para esta proposta, toma-se como fundamenta&ccedil;&atilde;o te&oacute;rica a teoria Foucaultiana a partir de sua reflex&atilde;o sobre Linguagem e Literatura apresentadas em uma confer&ecirc;ncia nos anos 60 e que aparece em <em>Ditos e Escritos III</em>. A proposta aqui &eacute; relacionar a teoria Foucaultiana &agrave; compreens&atilde;o de espa&ccedil;o para a Teoria Liter&aacute;ria considerando os termos definidos por Foucault como: &ldquo;utopia&rdquo;, &ldquo;heterotopias&rdquo; e &ldquo;atopia&rdquo;. Dentro desta concep&ccedil;&atilde;o a ideia de espa&ccedil;o pode ser associada tanto &agrave; vida real do homem em rela&ccedil;&atilde;o com a complexidade apresentada no s&eacute;culo XX, onde para se compreender e ser compreendido ele precisa se posicionar e se situar em uma rede de espa&ccedil;os, quanto para a organiza&ccedil;&atilde;o das constru&ccedil;&otilde;es liter&aacute;rias ao trabalharem com a representa&ccedil;&atilde;o deste mesmo homem em um espa&ccedil;o liter&aacute;rio produzido a partir da compet&ecirc;ncia de escrita de quem se prop&otilde;e a adentrar para o universo da cria&ccedil;&atilde;o textual, a saber, os autores. Assim, concede-se um fio de rela&ccedil;&atilde;o entre estas duas &aacute;reas de estudo (An&aacute;lise do Discurso e Teoria Liter&aacute;ria) no que dIz respeito ao estudo do espa&ccedil;o, sendo este analisado a partir da topoan&aacute;lise tomando como pressuposto de compreens&atilde;o te&oacute;rica, os estudos de Bachelard (1989) e Borges Filho (2007).&nbsp;</p> Robison José da Silva Copyright (c) 1 1 SÓTÃO: UM ESPAÇO DE DESEJO E DESVENTURAS https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/711 <p><em>As Parceiras</em>, de Lya Luft, foi o primeiro romance da autora. Lan&ccedil;ado em 1980, &eacute; uma obra que permeia muitos mist&eacute;rios. Os espa&ccedil;os do romance foram pensados de forma intrigante. V&aacute;rios estudos foram feitos em rela&ccedil;&atilde;o aos romances de Lya Luft, mas n&atilde;o foi encontrado nenhum que fa&ccedil;a essa rela&ccedil;&atilde;o entre espa&ccedil;o e erotismo. Para esta an&aacute;lise, nos deteremos em, apenas, uma parte do casar&atilde;o: o s&oacute;t&atilde;o. Investigaremos o s&oacute;t&atilde;o como desencadeador da constru&ccedil;&atilde;o do erotismo da av&oacute; Catarina sob o ponto de vista da narradora e protagonista Anelise. &Eacute; no s&oacute;t&atilde;o que o espa&ccedil;o er&oacute;tico da av&oacute; Catarina &eacute; revelado, atrav&eacute;s da mem&oacute;ria, para Anelise. A experi&ecirc;ncia da av&oacute; em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; sexualidade, aos 14 anos, causa medo do sexo e da vida.&nbsp; Nesse sentido &eacute; pertinente investigar como a rela&ccedil;&atilde;o espa&ccedil;o e erotismo se revela no s&oacute;t&atilde;o, um lugar sombrio e deprimente. &Eacute; atrav&eacute;s dessa busca que Anelise tenta entender o seu infort&uacute;nio perante a vida. O s&oacute;t&atilde;o representa as desventuras da narradora do romance que entre uma busca e outra recai sobre o mesmo abismo inicial: fazer parte de uma fam&iacute;lia de mulheres que n&atilde;o conseguem alcan&ccedil;ar a sexualidade plena. Entre os te&oacute;ricos que subsidiar&atilde;o nossa pesquisa, encontram-se Bataille (1987), Foucault (1988), Bachelard (1989) e Borges Filho (2007).&nbsp;</p> Ronaldo Soares Farias Copyright (c) 1 1 O ESPAÇO LITERÁRIO NA OBRA PÃO COZIDO DEBAIXO DE BRASA https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/jopelit/article/view/950 <p>O presente trabalho tem como tema&nbsp;<em>O espa&ccedil;o liter&aacute;rio na obra P&atilde;o cozido debaixo de brasa</em>&nbsp;e pretende evidenci&aacute;-los neste romance do contempor&acirc;neo escritor Miguel Jorgel.&nbsp;<em>P&atilde;o cozido debaixo de brasa</em>&nbsp;&eacute; constitu&iacute;do por dois n&uacute;cleos espaciais que se entrela&ccedil;am no decorrer da narrativa. O narrador de Miguel Jorge apresenta interessantes protagonistas sempre com o anseio de transpor-se para um lugar melhor. Esse trabalho pretende explicar como se constitui a representa&ccedil;&atilde;o espacial e suas fun&ccedil;&otilde;es no romance em foco, partindo dos pressupostos te&oacute;ricos de Borges Filho (2007), Frank (1991), Lins (1976). o. Por meio desse estudo &eacute; poss&iacute;vel perceber que&nbsp;<em>P&atilde;o cozido debaixo de Brasa</em>&nbsp;&eacute; composto a partir de oposi&ccedil;&otilde;es espaciais.&nbsp;</p> Carla Reis de Oliveira Ozíris Borges Filho Copyright (c) 2014-08-19 2014-08-19 1 1