ANÁLISE DA FUNCIONALIDADE E DO USO DA PRÓTESE EM INDIVÍDUOS COM AMPUTAÇÃO DE MEMBRO INFERIOR PROTETIZADOS EM UM HOSPITAL PÚBLICO DE NÍVEL TERCIÁRIO
Resumo
Introdução: Mesmo sabendo da necessidade e importância de garantir e manter as habilidades funcionais dos indivíduos com amputação, ainda não é claro o nível de uso ou desuso da prótese após a alta do processo de reabilitação ou os principais problemas e dificuldades enfrentados em casa ou na comunidade. Objetivo: Descrever o nível funcional e o uso da prótese de indivíduos com amputação de membro inferior (AMI) protetizados. Métodos: Os indivíduos foram recrutados no Ambulatório de Amputados de um hospital público de nível terciário e incluídos aqueles maiores de 18 anos, ambos os sexos, diagnóstico clínico de AMI de qualquer nível ou causa, que usam prótese há pelo menos 6 meses. Foram obtidos dados sócio-demográficos e aplicado o questionário Medida Funcional do Amputado (MFA). Resultados: Foram avaliados 54 indivíduos, 61,1% do sexo masculino, média de idade de 56,7 anos no momento da avaliação e 45,6 anos de idade quando sofreram AMI, 38,9% não completaram o ensino fundamental e 57,4% estavam aposentados. A causa de 51,8% das amputações foi o trauma, 47,9% a nível transtibial e 57,4% realizaram a reabilitação na mesma instituição. No MFA, 77,8% dos indivíduos foram capazes de vestir sua prótese sozinhos. A pontuação média no índice de capacidade locomotora foi de 34,7 pontos (max=42) e em cada tarefa avaliada os indivíduos não realizavam ou precisavam de alguma assistência para levantar da cadeira, pegar um objeto do chão quando em pé com a prótese, levantar do chão, andar fora de casa em piso irregular, andar fora de casa com mau tempo, subir e descer escadas segurando um corrimão, subir ou descer na calçada, subir ou descer alguns degraus sem um corrimão e andar enquanto carrega um objeto. Dentro de casa, 59,25% andam com sua prótese. Fora de casa, 74% andam com a prótese, 18,5% usam a cadeira de rodas, sendo a insegurança o motivo de 5,5% dos indivíduos não utilizarem o dispositivo protético. Em média utilizam a prótese 11,2 horas por dia e 6,25 dias na semana. Com a prótese, 37% caminham a distância que desejam e 20,4% caminham aproximadamente 100 passos ou entre 10 e 30 passos sem parar. Desde que receberam alta 50% sofreram queda enquanto usavam a prótese. O não uso da prótese foi relatado por 16,6% devido ao medo de cair, por ser muito cansativo, ou problemas com o encaixe. Nas atividades dentro e fora de casa 22,2% deixaram de fazer a maioria das atividades após a amputação da perna, 33,3% fazem todas as atividades dentro de casa e só algumas fora de casa e 35,2% retornaram às atividades exatamente como antes da amputação. Conclusão: Mesmo após a alta da reabilitação os indivíduos apresentam dificuldades funcionais, principalmente relativas à distância caminhada, atividades fora de casa e em situações adversas, além de apresentarem dificuldades com o encaixe protético, mantendo algum nível de dependência de dispositivos auxiliares ou pessoas para realizarem suas tarefas diárias e retomarem o nível funcional prévio.