A ESCOLHA DA ABORDAGEM TERAPÊUTICA E SUA RELAÇÃO COM AS CRENÇAS E ATITUDES DE FISIOTERAPEUTAS SOBRE PACIENTES COM DOR LOMBAR CRÔNICA INESPECÍFICA
Resumo
Introdução: Diretrizes de prática clínica reconhecem a importância do modelo biopsicossocial na abordagem clínica da dor lombar crônica inespecífica e, acredita-se que as atitudes e crenças dos profissionais de saúde podem influenciar diretamente na tomada de decisões. Tendo em vista a importância do papel do fisioterapeuta na avaliação, manejo e orientações ao paciente, torna-se imprescindível que as atitudes e crenças desses profissionais em relação ao modelo de abordagem biomédico ou biopsicossocial seja investigado, objetivando a implementação eficaz das diretrizes existentes e melhora na educação dos fisioterapeutas, por conseguinte, a obtenção de melhores resultados terapêuticos. Objetivos: Investigar crenças e atitudes do fisioterapeuta e a associação com a abordagem terapêutica em pacientes com dor lombar crônica inespecífica. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, realizado através de pesquisa online, com 302 fisioterapeutas brasileiros que tratam pacientes com Dor Lombar Crônica Inespecífica. Foram utilizadas as escalas Health Care Providers’ Pain and Impairment Relationship Scale (HC-PAIRS) e Pain Attitudes and Beliefs Scale for Physiotherapist (PABS.PT) para investigar as atitudes e crenças acerca da Dor Lombar Crônica Inespecífica. Estatística descritiva foi realizada e testes de análises bivariadas (Testes T e Mann-Whitney) e multivariadas (ANOVA e Kruskall Wallis) para análise dos dados a fim de investigar características sociodemográficas que pudessem estar associadas às crenças e atitudes do fisioterapeuta sobre Dor Lombar Crônica Inespecífica, medidas por ambas as escalas. Além disso, análises de regressão linear múltipla também foram utilizadas. Resultados: A pontuação média geral da HC-PAIRS foi de 54,0 (DP 9,0) e dos fatores biomédicos e biopsicossociais da PABS.PT foram de 29,7 (DP 9,0) e 36,2 (DP 5,3), respectivamente. Foram identificadas associações significativas entre sexo (p-valor=0,04 e p-valor=0,00) e nível de formação acadêmica (ambos com p-valor<0,00) em ambas as escalas, HC-PAIRS e PABS.PT, respectivamente. Variáveis como idade e tempo de experiência profissional indicaram que quanto menor a idade e/ou tempo de experiência profissional dos fisioterapeutas brasileiros, mais forte é a crença na relação entre dor e dano tecidual. E, fisioterapeutas que utilizavam tratamentos ativos obtiveram menor pontuação na escala HC-PAIRS e maior pontuação na sessão biopsicossocial da PABS.PT. Conclusão: Há incertezas quanto à orientação de tratamento, biomédica ou biopsicossocial, do fisioterapeuta brasileiro acerca da dor lombar crônica inespecífica.