PREVALÊNCIA DE DISFUNÇÕES MUSCULOESQUELÉTICAS CERVICAIS EM INDIVÍDUOS COM MIGRÂNEA CRÔNICA NA FASE INTERICTAL
Resumo
Introdução: Dor cervical e disfunções musculoesqueléticas são queixas comuns em indivíduos com migrânea crônica. Migrânea crônica consiste numa cefaleia primária, caracterizada por dores de cabeça recorrentes e intensas, com sintomas associados que podem afetar significativamente a qualidade de vida. Estudos têm mostrado resultados conflitantes quanto à prevalência da migrânea crônica e a presença de comprometimentos musculoesqueléticos cervicais, mesmo durante o período interictal. Objetivos: Avaliar a prevalência de disfunções musculoesqueléticas cervicais durante o período interictal em indivíduos com migrânea crônica. Métodos: Estudo observacional, do tipo transversal, conduzido no Laboratório de Pesquisa em Neurociências, Universidade Federal de Sergipe, Brasil. Indivíduos com migrânea crônica, idade entre 18 até 50 anos e que não estivessem sob tratamento fisioterapêutico foram incluídos no período correspondente a agosto de 2022 até maio de 2023. Foram empregadas as seguintes medidas para avaliação dos distúrbios musculoesqueléticos cervicais: intensidade de dor cervical pela Escala Numérica da Dor de 11 pontos (Numeric Rating Scale), mobilidade de cervical alta avaliada por meio do teste de rotação e flexão crâniocervical (Flexion rotation test – FRT) e a incapacidade cervical avaliada por meio do Índice de Incapacidade Cervical (Neck Disability Index - NDI). Para análise dos dados, foi utilizado o software GraphPad Prism versão 6.0. Resultados: Um total de 207 indivíduos mostraram interesse, sendo 177 excluídos (migrânea episódica n=37; doenças associadas n=30; não respondeu n=54; sem disponibilidade n=36; em tratamento fisioterapêutico n=15; não compareceram na avaliação n=5). No total, 30 indivíduos foram incluídos nesta amostra, sendo 88,6% do sexo feminino e 11,4% do sexo masculino, idade média de 33,4±8,9 anos. Características da migrânea: 57,2% dos indivíduos apresentavam migrânea crônica com aura e 48,8% migrânea crônica sem aura, a média de tempo com migrânea foi de 16,6±10,1 anos, intensidade média das crises 7 na escala numérica da dor, frequência média de 17,02±5,7 dias com dores de cabeça por mês. Nesta amostra, 53,4% dos indivíduos autorrelataram ausência de dor cervical e 46,6% afirmaram estar com dor cervical, com a média de intensidade da dor 4 pela escala numérica da dor. No FRT, 73,4% dos indivíduos não apresentaram restrição de mobilidade, enquanto 13,3% apresentaram FRT positivo a direita e esquerda, respectivamente. Incapacidade cervical leve esteve presente em 36,6% dos casos, incapacidade moderada em 36,6% e incapacidade severa em 26,8% da amostra. Conclusão: De acordo com nossos resultados, mesmo durante o período interictal, 46,6% dos indivíduos afirmaram estar com dor cervical, com a média de intensidade da dor 4, sendo que a maioria não apresentou diminuição de mobilidade de cervical alta e a incapacidade cervical variou de leve a severa.