Efeitos da educação em dor ministrada por meio da telereabilitação em pacientes com dor musculoesquelética crônica: revisão sistemática com meta-análise

Resumo

CONTEXTUALIZAÇÃO: A educação em dor (PE) é utilizada para o manejo da dor musculoesquelética (MSK) crônica, mas sua aplicação presencial pode ser desafiadora em áreas remotas. A telereabilitação surge como uma alternativa promissora. Apesar desses potenciais benefícios, nenhuma revisão sistemática havia avaliado os efeitos da PE quando oferecida por meio da telereabilitação em pessoas com dor MSK crônica. OBJETIVOS: Revisar sistematicamente os efeitos da PE oferecida via telereabilitação sobre a dor e incapacidade em pacientes com dor MSK crônica. MÉTODOS: Esta revisão sistemática seguiu o PRISMA e está registrada na PROSPERO (CRD42024534188). Foram realizadas buscas nas bases MEDLINE, PEDro, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Scopus, Web of Science e EMBASE. Foram incluídos apenas ensaios clínicos randomizados com adultos com dor MSK crônica que receberam PE por meio da telereabilitação. Os desfechos primários foram dor e/ou incapacidade; os secundários incluíram catastrofização e cinesiofobia. Dois autores independentemente selecionaram os estudos, avaliaram o risco de viés, extraíram os dados e classificaram a certeza de evidência pelo sistema GRADE. Os achados quantitativos foram agrupados, e foram realizadas meta-análises. RESULTADOS: Quatorze estudos (n=1314) foram incluídos, abordando diversas condições, como dor lombar crônica, cervicalgia, dor espinhal não específica, osteoartrite de joelho, fibromialgia, tendinopatia de Aquiles e síndrome do túnel do carpo. Baixa certeza de evidência sugere que a PE via telereabilitação reduz a dor em curto (MD: -0,75; IC 95%: -1,22 a -0,28) e médio prazo (MD: -0,84; IC 95%: -1,49 a -0,19), enquanto muito baixa certeza de evidência não indica diferença significativa em longo prazo (MD: -0,67; IC 95%: -1,39 a 0,04). Para incapacidade, não foram observadas diferenças significativas em curto (SMD: -0,20; IC 95%: -0,45 a 0,05; moderada certeza de evidência) e médio prazo (SMD: -0,80; IC 95%: -1,68 a 0,07; muito baixa certeza de evidência), mas baixa certeza de evidência aponta melhora significativa em longo prazo (SMD: -0,46; IC 95%: -0,74 a -0,17). Melhorias também foram observadas na catastrofização (médio/longo prazo) e na cinesiofobia (curto/médio prazo), com grau de certeza de evidência variando de moderado a baixo. CONCLUSÕES: Baixa a moderada certeza de evidência sugere que a PE oferecida via telereabilitação síncrona pode melhorar a dor (curto/médio prazo), a incapacidade (longo prazo), a catastrofização e a cinesiofobia em pacientes com dor MSK crônica. Apesar disso, a certeza geral de evidência é limitada pela heterogeneidade e imprecisão dos estudos incluídos. IMPLICAÇÕES: Esta revisão mostra que a PE via telereabilitação é uma intervenção eficaz para pessoas com dor musculoesquelética crônica, promovendo melhorias em dor, incapacidade, catastrofização e cinesiofobia. PE via telereabilitação representa uma alternativa viável ao atendimento presencial, com o benefício adicional de superar barreiras geográficas e financeiras, ampliando o acesso. A implementação da telereabilitação, de forma isolada ou em modelos híbridos com atendimentos presenciais, pode otimizar a adesão dos pacientes e permitir acesso a um número maior de pessoas, contribuindo para um cuidado mais equitativo e abrangente na dor crônica.