Efeito da corrente interferencial na fibromialgia: ensaio clínico randomizado

Autores

  • MAÍSA CERQUEIRA DOS SANTOS Universidade Federal de Sergipe (UFS)
  • FERNANDA MENDONÇA ARAÚJO Universidade Federal de Sergipe (UFS)
  • JOSIMARI MELO DE SANTANA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE (UFS)

Resumo

CONTEXTUALIZAÇÃO: A fibromialgia (FM) é uma síndrome caracterizada por dor musculoesquelética crônica e está associada a alterações psicossomáticas como fadiga, depressão, ansiedade e distúrbios do sono. A corrente interferencial (CI) é um tratamento não-farmacológico utilizado para alívio da dor, porém, há poucas evidências sobre sua eficácia em pacientes com FM e sobre os parâmetros ideais de estimulação. OBJETIVOS: Investigar os efeitos de diferentes intensidades de CI no alívio da dor e nas alterações psicossomáticas em indivíduos com FM. MÉTODOS: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres Humanos da Universidade Federal de Sergipe (UFS), CAAE 16037113.0.0000.5546 e pelo Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC), número RBR-3rqmgh. Trata-se de um ensaio clínico randomizado, controlado por placebo e duplamente encoberto, com 29 mulheres com FM alocadas em três grupos: Motor (10 participantes), Sensorial (10 participantes) e Placebo (9 participantes). A CI foi aplicada com alta intensidade nos grupos motor (com contração) e sensorial (sem contração), utilizando frequência modulada de 100 Hz por 30 minutos. No grupo placebo, a estimulação foi liberada apenas nos primeiros 40 segundos. Foram realizadas 10 sessões de tratamento e os eletrodos foram aplicados na região paravertebral. Para avaliação dos efeitos da CI antes e após o tratamento, foram medidos os seguintes desfechos (com seus respectivos instrumentos) em cada sessão de aplicação da CI: limiar de dor por pressão (algometria digital), limiar sensitivo cutâneo (filamentos de von Frey) e intensidade de dor em repouso (Escala Numérica de 11 pontos). Além disso, foram mensurados, no primeiro e no último dia de atendimento: impacto da fibromialgia (Questionário de Impacto da Fibromialgia), nível de depressão (Inventário de Depressão de Beck), ansiedade (Inventário de Ansiedade Traço-Estado), capacidade funcional (testes de Sentar e Levantar e Timed Up and Go), medo de movimentar-se (Escala de Cinesiofobia de Tampa), Escala de catastrofização da dor, caracterização da dor (Questionário de Dor McGill), qualidade de vida (Short Form Health Survey 36), Teste de somação temporal, Teste de modulação condicionada da dor e intensidade de fadiga (Escala Numérica de 11 pontos). RESULTADOS: No grupo motor, houve aumento significativo do limiar de dor, redução na amplificação da dor e melhora na modulação condicionada da dor. Além disso, o grupo motor apresentou reduções significativas no impacto da fibromialgia, níveis de depressão, ansiedade, cinesiofobia, catastrofização da dor, e fadiga, além de aumento na qualidade de vida. No entanto, os grupos sensorial e placebo não apresentaram alterações significativas nas variáveis avaliadas. CONCLUSÕES: A corrente interferencial, quando aplicada em alta intensidade e com contração motora, é eficaz no alívio da dor e na redução das alterações psicossomáticas associadas à fibromialgia, sugerindo que a intensidade de estimulação é um fator determinante para os resultados positivos no tratamento da síndrome. IMPLICAÇÕES: O presente estudo contribui substancialmente para o avanço do conhecimento e manejo da FM, apresentando uma alternativa terapêutica eficaz de intervenção não-farmacológica e não-invasiva para redução da dor e dos sintomas psicossomáticos, possibilitando o acesso a uma opção adicional de tratamento, especialmente para pacientes com baixa resposta a medicamentos ou que apresentam efeitos colaterais relevantes.

Publicado

2025-09-11

Como Citar

CERQUEIRA DOS SANTOS, M., MENDONÇA ARAÚJO, F., & MELO DE SANTANA, J. (2025). Efeito da corrente interferencial na fibromialgia: ensaio clínico randomizado. Anais Do Congresso Brasileiro Da Associação Brasileira De Fisioterapia Traumato-Ortopédica - ABRAFITO, 5(1). Recuperado de https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/abrafito/article/view/2594