O QUÃO INCAPACITANTE É CONVIVER COM A MIGRÂNEA CRÔNICA: UM ESTUDO QUALITATIVO POR ENTREVISTA

Autores

  • JÚLIA GABRIELY CORREIA SANTOS Universidade Federal de Sergipe (UFS)
  • TAUANE GRASIELA DOS SANTOS SILVA Universidade Federal de Sergipe (UFS)
  • ANNE CAROLLINE DE FREITAS SOUZA Universidade Federal de Sergipe (UFS)
  • MILENA DE JESUS DA SILVA Universidade Federal de Sergipe (UFS)
  • MARIA IVONE OLIVEIRA DANTAS Universidade Federal de Sergipe (UFS)
  • JOSIMARI MELO DE SANTANA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE (UFS)

Resumo

CONTEXTUALIZAÇÃO: Migrânea crônica (MC) é uma cefaleia primária que ocorre em 15 ou mais dias por mês durante mais de 3 meses, com características migranosas em, pelo menos, oito dias por mês, tais como duração de 4 a 72 h, lateralidade da dor, caráter pulsátil, agravamento pela atividade física, intensidade moderada ou grave e com sintomas associados como náuseas, vômitos, fotofobia, fonofobia. É uma condição com grande impacto na qualidade de vida e nos fatores socioeconômicos. A escassez de estudos que relatem as percepções, perspectivas e crenças prévias desses indivíduos dificulta o manejo da MC, sendo necessário o desenvolvimento de modelos de doença centrados no paciente. As narrativas pessoais e estudos qualitativos buscam “dar voz” e identificarem fatores importantes para o paciente, buscando auxiliar na investigação e prática clínica. OBJETIVOS: Este estudo investigou as perspectivas e as experiências prévias de indivíduos com MC. MÉTODOS: Estudo qualitativo seguindo os critérios estabelecidos pelo Standards for Reporting Qualitative Research (SRQR). A coleta de dados foi realizada a partir da entrevista com cinco perguntas acerca das percepções e experiências prévias dos participantes sobre MC para realizar a análise qualitativa de conteúdo. As respostas foram transcritas e codificadas por meio do MAXQDA 2022®. RESULTADOS: Foram incluídos no estudo 21 participantes de ambos os sexos (sendo 18 mulheres) com idade de 18 a 50 anos, com diagnóstico de MC. Os resultados foram descritos por meio das categorias pré-estabelecidas pelas perguntas e subcategorias criadas com base na análise das respostas dos participantes. Observaram-se relatos com grande impacto na qualidade de vida. Na categoria de caracterização da dor, somente 3/21 participantes identificaram sintomas associados, 5/21 sobre a forte intensidade da dor, 8/21 sobre funcionalidade e citam a incapacidade de realizar tarefas diárias e 4/21 sobre aspectos emocionais. Em relação à categoria de convivência com a dor, 14/21 participantes caracterizaram a dor, 7/21 relataram sobre o impacto na funcionalidade, 7/21 citaram os aspectos afetivos emocionais e o impacto negativo da carga emocional. Na categoria de percepções do impacto social, 7/21 relataram sobre os impactos na vida laboral, 4/21 sobre educação e 17/21 sobre lazer. A categoria de atividade e participação mostra os impactos nas relações sociais, 10/21 identificaram perder atividades na vida educacional, 8/21 relataram sobre o impacto na produtividade e perda no trabalho e emprego, 10/21 observaram a perda de participação em momentos de recreação e lazer, e somente 2/21 identificaram impactos na realização de tarefas domésticas. Na categoria de expectativa de melhora, os participantes se mostraram mais confiantes na busca por melhora, sendo 18/21 positivos, 2/21 relataram serem neutros e 3/21 negativos. CONCLUSÕES: Os resultados sugerem importante impacto da MC em diversos âmbitos de vida, sendo debilitante e incapacitante a convivência com essa condição. É possível observar a necessidade de transmitir o conhecimento acerca da doença para melhor percepção dos participantes sobre o quadro patológico. Dessa forma, os autorrelatos são relevantes para um modelo centrado no paciente na prática clínica pela busca da qualidade de vida. IMPLICAÇÕES: Compreender as perspectivas, e as experiências prévias dos indivíduos com MC são de suma importância para prática clínica, tornando-se aliadas no tratamento de qualidade e proporcionando conhecimento sobre a temática.

Publicado

2025-09-11

Como Citar

GABRIELY CORREIA SANTOS, J., GRASIELA DOS SANTOS SILVA, T., CAROLLINE DE FREITAS SOUZA, A., DE JESUS DA SILVA, M., IVONE OLIVEIRA DANTAS, M., & MELO DE SANTANA, J. (2025). O QUÃO INCAPACITANTE É CONVIVER COM A MIGRÂNEA CRÔNICA: UM ESTUDO QUALITATIVO POR ENTREVISTA. Anais Do Congresso Brasileiro Da Associação Brasileira De Fisioterapia Traumato-Ortopédica - ABRAFITO, 5(1). Recuperado de https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/abrafito/article/view/2595