Fisioterapia do Trabalho na Prevenção de Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT) em Professores da Educação Básica

Resumo

CONTEXTUALIZAÇÃO: Os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) constituem uma das principais causas de afastamentos laborais entre professores da educação básica. Esses profissionais estão expostos diariamente a posturas inadequadas, movimentos repetitivos, permanência prolongada em pé ou sentado, além da sobrecarga física e mental. Tais condições favorecem o aparecimento de dores musculoesqueléticas, especialmente na coluna lombar, cervical e membros superiores. A Fisioterapia do Trabalho se apresenta como uma abordagem preventiva e educativa que visa reduzir os riscos de DORT e melhorar a qualidade de vida no ambiente de trabalho docente. OBJETIVOS: Este estudo tem como objetivo principal discutir, por meio de uma revisão narrativa da literatura, o papel da Fisioterapia do Trabalho na prevenção dos DORT em professores da educação básica. Os objetivos específicos são: Compreender os principais fatores de risco ocupacionais associados ao surgimento de DORT na docência; Apresentar intervenções fisioterapêuticas utilizadas no ambiente escolar e Discutir os benefícios da fisioterapia preventiva no contexto educacional. MÉTODOS: Foi realizada uma revisão narrativa da literatura com base em artigos científicos publicados entre 2015 e 2024 nas bases de dados SciELO, PubMed e Google Scholar. Os descritores utilizados foram: "fisioterapia do trabalho", "DORT", "professores", "educação básica" e "prevenção". Foram incluídos estudos em português e inglês que abordassem intervenções fisioterapêuticas no ambiente educacional, com foco na prevenção de lesões musculoesqueléticas. RESULTADOS: A literatura aponta que a atuação do fisioterapeuta do trabalho em escolas ainda é incipiente, mas com resultados promissores. As principais ações preventivas envolvem avaliação ergonômica do posto de trabalho, orientação postural, exercícios laborais, ginástica laboral, e treinamentos sobre pausas ativas. Estudos demonstram que tais intervenções reduzem queixas de dor, especialmente em regiões como ombros, pescoço e coluna lombar, além de promoverem melhora na percepção de bem-estar dos docentes. Além disso, abordagens educativas que envolvem o engajamento dos professores e gestores escolares contribuem para mudanças sustentáveis no ambiente de trabalho. A fisioterapia atua também na prevenção de distúrbios da voz e na educação para a saúde mental, reconhecendo o impacto psicossocial das condições laborais. No entanto, obstáculos como a falta de políticas públicas específicas, desconhecimento do papel do fisioterapeuta ocupacional e ausência de infraestrutura nas escolas públicas dificultam a ampliação dessas práticas. CONCLUSÕES: A Fisioterapia do Trabalho apresenta-se como um recurso efetivo na prevenção de DORT em professores da educação básica, atuando de maneira preventiva e educativa. A inclusão de programas fisioterapêuticos nas escolas pode contribuir significativamente para a promoção da saúde do docente, a redução de afastamentos por doença e a melhoria da qualidade do ensino. Contudo, há necessidade de maior investimento institucional e reconhecimento da importância desse profissional no contexto escolar. IMPLICAÇÕES: Este estudo reforça a importância da integração da fisioterapia nas políticas públicas de saúde do trabalhador da educação. A implementação de programas contínuos de prevenção pode não apenas reduzir custos com afastamentos médicos, mas também impactar positivamente o desempenho pedagógico e a permanência dos professores na carreira. Recomenda-se a realização de mais estudos com metodologias experimentais e longitudinais para fortalecer a evidência científica sobre os benefícios da Fisioterapia do Trabalho nesse setor.