Influência da osteoartrite na evolução da qualidade de vida e da força muscular após videoartroscopia para tratamento da SIFA
Resumo
CONTEXTUALIZAÇÃO: O impacto femoroacetabular (IFA) é um fator de risco para o desenvolvimento de osteoartrite (OA) do quadril. Quando o tratamento conservador é eficaz, a progressão da OA pode ser prevenida ou retardada. No entanto, para pacientes que não respondem adequadamente, a cirurgia torna-se necessária. Tradicionalmente, em casos de OA moderada ou severa, indica-se a artroplastia total do quadril. Recentemente, porém, a artroscopia — técnica menos invasiva — tem sido utilizada mesmo em pacientes com OA avançada, embora os resultados clínicos ainda variem na literatura. OBJETIVOS: Avaliar o efeito do grau de OA na evolução da qualidade de vida e da força muscular em pacientes com IFA submetidos à artroscopia e reabilitação pós-operatória. MÉTODOS: Estudo aprovado pelo comitê de ética (CAAE 96023618.0.0000.0118), com inclusão de pacientes submetidos à artroscopia entre 2021 e 2023 após falha no tratamento conservador. As cirurgias foram realizadas por um único cirurgião experiente. As avaliações ocorreram no pré-operatório e entre 4 e 6 meses após a cirurgia. O protocolo de reabilitação incluiu de 8 a 18 atendimentos fisioterapêuticos ao longo de 16 semanas. A qualidade de vida foi avaliada por meio do International Hip Outcome Tool (iHOT-33), e a força muscular, pelo pico de torque isocinético concêntrico dos abdutores e adutores do quadril, em pé, com amplitude de 30° e velocidade de 30°/s. Em casos bilaterais, considerou-se o lado mais acometido. A OA foi classificada radiograficamente pela escala de Tönnis, sendo formado um grupo com OA moderada/severa (Tönnis 2–3) e outro com OA ausente/leve (Tönnis 0–1), pareados por sexo e idade. O efeito da intervenção e dos grupos foi avaliado por estatística inferencial (nível de significância: 0,05). RESULTADOS: Participaram 40 pacientes (20 por grupo), com duas mulheres em cada grupo. Não houve diferenças significativas entre os grupos quanto à idade, peso ou tempo até a avaliação pós-operatória. Ambos os grupos apresentaram melhora significativa na qualidade de vida. O grupo OA ausente/leve aumentou o escore iHOT-33 de 41 para 74 pontos (delta = 33; IC95% [22, 43]; p < 0,001), e o grupo OA moderada/severa de 38 para 66 pontos (delta = 29; IC95% [19, 38]; p < 0,001). Quanto à força muscular, o grupo com OA moderada/severa não apresentou mudanças significativas no torque de abdução (delta = –1,42 Nm/kg; p = 0,8342) nem de adução (delta = 2,26 Nm/kg; p = 0,7950). Já o grupo com OA ausente/leve apresentou aumento significativo no torque de abdução (delta = 11,9 Nm/kg; p = 0,0392) e adução (delta = 24,1 Nm/kg; p = 0,0003). CONCLUSÕES: A artroscopia do quadril associada à reabilitação pós-operatória promoveu melhora da qualidade de vida em pacientes com IFA, independentemente do grau de OA. Contudo, o ganho de força muscular ocorreu apenas nos pacientes com OA ausente ou leve. IMPLICAÇÕES: A artroscopia pode ser considerada uma opção viável para melhora da qualidade de vida mesmo em pacientes com OA avançada, embora os ganhos funcionais pareçam mais evidentes em estágios iniciais da doença.Publicado
2025-09-11
Como Citar
PEDUZZI DE CASTRO, M., PRAZERES CANELLA, R., CURY RIBEIRO, D., HERZOG, W., & DE BRITO FONTANA, H. (2025). Influência da osteoartrite na evolução da qualidade de vida e da força muscular após videoartroscopia para tratamento da SIFA. Anais Do Congresso Brasileiro Da Associação Brasileira De Fisioterapia Traumato-Ortopédica - ABRAFITO, 5(1). Recuperado de https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/abrafito/article/view/2599
Edição
Seção
Resumo