Fatores associados à prática regular de atividade física em pessoas com fibromialgia: implicações clínicas e psicossociais

Autores

  • WOLNEI CAUMO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS)
  • ANDREA CRISTIANE JANZ MOREIRA HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE (HCPA)
  • JAIRA DE MENEZES EHLERS UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS)
  • STEPHANIE PILOTTI UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS)
  • GIORDANO MAYER DE FREITAS UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS)
  • GUILHERME TEIXEIRA LOPES UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS)

Resumo

CONTEXTUALIZAÇÃO: A fibromialgia (FM) é uma síndrome crônica caracterizada pela dor musculoesquelética difusa, fadiga, distúrbios do sono e comprometimento emocional e cognitivo. Esses sintomas afetam negativamente a funcionalidade e a qualidade de vida dos indivíduos, sendo mais prevalente em mulheres. Nesse contexto, a prática regular de atividade física tem sido amplamente recomendada como uma estratégia adjuvante não farmacológica eficaz para o controle dos sintomas da FM, promovendo melhora na dor, sono, bem-estar emocional e capacidade funcional. OBJETIVOS: O objetivo do estudo foi investigar os fatores associados à prática regular de exercícios físicos em pessoas com fibromialgia, analisando como essa prática se relaciona com aspectos clínicos e psicossociais como dor, qualidade de vida, catastrofização, sensibilização central e medo do movimento. MÉTODOS:  Projeto aprovado pelo CEP/ Hcpa n° CAAE 83025824.1.0000.5327. Este estudo transversal analisou dados de 2.377 pessoas com diagnóstico de FM, coletados por meio de questionários eletrônicos contendo escalas validadas para avaliação de dor, impacto funcional (FIQ), catastrofização (PCS), sensibilização central (CSI) e cinesiofobia (TKS). RESULTADOS: Das participantes, 1.204 relataram praticar atividade física regularmente, enquanto 1.173 não realizavam exercícios. Os participantes que se exercitavam apresentaram melhores indicadores de saúde: menor intensidade de dor (7,95 [IC95%: 7,82–8,08] vs 8,35 [IC95%: 8,24–8,46]), menor índice de massa corporal (28,6 [28,2–29,0] vs 30,15 [29,8–30,5]), maior escolaridade (14,59 [14,2–14,9] vs 13,3 [13,0–13,6] anos) e menor impacdo da dor na funcionalidade (FIQ: 70,5 [69,6–71,5] vs 73,8 [72,9–74,7]), sensibilização central (CSI: 66,9 [66,0–67,8] vs 68,3 [67,4–69,1]), catastrofização da dor (PCS: 34,8 [33,6–35,9] vs 37,87 [36,8–38,9]) e cinesiofobia (TKS: 47,9 [47,1–48,7] vs 50,5 [49,7–51,2]), com todas as diferenças apresentando p<0,005. A análise multivariada indicou que escores de maior incapacidade devido a dor no FIQ, PCS e TKS estão significativamente associados a uma menor probabilidade de prática de exercícios. Cada ponto adicional nos questionários FIQ, PCS e TKS está associado a um aumento de 0,9%, 1,4% e 4,2%, respectivamente, na razão de risco para sedentarismo. CONCLUSÕES: Conclui-se que a prática regular de atividade física está significativamente associada a melhores indicadores clínicos e psicossociais em pessoas com fibromialgia, incluindo menor dor, sensibilização central, catastrofização e medo do movimento. IMPLICAÇÕES: Esses achados reforçam a importância de estratégias terapêuticas que integrem o incentivo à atividade física com abordagens multidisciplinares voltadas à funcionalidade e ao enfrentamento dos fatores psicossociais da dor.

Publicado

2025-09-11

Como Citar

CAUMO, W., CRISTIANE JANZ MOREIRA, A., DE MENEZES EHLERS, J., PILOTTI, S., MAYER DE FREITAS, G., & TEIXEIRA LOPES, G. (2025). Fatores associados à prática regular de atividade física em pessoas com fibromialgia: implicações clínicas e psicossociais. Anais Do Congresso Brasileiro Da Associação Brasileira De Fisioterapia Traumato-Ortopédica - ABRAFITO, 5(1). Recuperado de https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/abrafito/article/view/2611