Mobilização Precoce na Reabilitação Pós-Cirúrgica de Lesão de Tendão Flexor dos Dedos da Mão: Uma Série de Casos
Resumo
CONTEXTUALIZAÇÃO: A lesão dos tendões flexores da mão é um desafio para a reabilitação funcional, com risco de aderências e perda de mobilidade. Tradicionalmente, a imobilização pós-operatória é utilizada para proteger a sutura, mas pode resultar em rigidez articular e prejuízo funcional. A mobilização precoce tem sido sugerida como estratégia para otimizar a recuperação, minimizando complicações e promovendo melhores desfechos funcionais. OBJETIVOS: Apresentar os efeitos da mobilização precoce na recuperação funcional de pacientes submetidos à cirurgia para reparo de lesão de tendão flexor dos dedos na zona II da mão. MÉTODOS: Trata-se de uma série de casos com quatro pacientes do sexo masculino, com idades entre 28 e 48 anos, atendidos no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM) e acompanhados no Ambulatório Maria da Glória, sob aprovação do Comitê de Ética (CAAE: 32351420.5.0000.5154). As causas das lesões incluíram ferimento por arma branca (1 caso), acidentes com equipamentos de trabalho (2 casos) e trauma por queda com objeto de vidro (1 caso). As ocupações dos pacientes eram: coletor de lixo, dois operadores de máquina e um auxiliar administrativo. Todos foram submetidos à cirurgia de reparo de tendões flexores superficiais e profundos, sendo mantidos com tala gessada por quatro semanas. O protocolo de reabilitação incluiu mobilização precoce supervisionada desde o início do pós-operatório, mesmo com o uso da tala. Foram realizados exercícios específicos para deslizamento tendíneo, flexão ativa seguida de manutenção em flexão (isometria), exercícios de tenodese, cinesioterapia ativa com bloqueio seletivo, além de drenagem linfática e uso de malha compressiva quando necessário. Todos os pacientes receberam orientações para exercícios domiciliares, respeitando os critérios de segurança para proteção da sutura. Para avaliação funcional foi utilizado o Patient-Rated Wrist Evaluation score (PRWE). RESULTADOS: Os pacientes apresentaram melhora progressiva da mobilidade articular e função da mão sem complicações significativas, como falha da sutura ou aderências limitantes. Na avaliação do PRWE, os pacientes relataram dor leve em repouso e aumento da intensidade álgica durante tarefas com movimento repetitivo ou que envolviam levantamento de peso. Nas atividades específicas, houve a presença de maior dificuldade funcional para carregar objetos pesados. No domínio das atividades cotidianas, houve maior impacto nas tarefas domésticas e atividades laborais, com menor prejuízo para os cuidados pessoais e atividades recreativas. CONCLUSÕES: A mobilização precoce supervisionada por fisioterapeutas e médicos mostrou-se uma abordagem viável e potencialmente benéfica na reabilitação pós-cirúrgica de lesões de tendões flexores dos dedos na região de zona II da mão, favorecendo a recuperação funcional sem comprometer a integridade da sutura. IMPLICAÇÕES: Esses achados reforçam a necessidade de revisão dos protocolos tradicionais de reabilitação e sugerem que a mobilização precoce pode ser integrada como estratégia para otimizar os desfechos pós-operatórios, reduzindo a rigidez articular e melhorando a funcionalidade dos pacientes. Estudos controlados adicionais são necessários para validar esses resultados em maior escala.Publicado
2025-09-11
Como Citar
BUENO PARANHOS, D., AURÉLIO SERTÓRIO GRECCO, M., & FERNANDA RODRIGUES MARTINHO FERNANDES, L. (2025). Mobilização Precoce na Reabilitação Pós-Cirúrgica de Lesão de Tendão Flexor dos Dedos da Mão: Uma Série de Casos. Anais Do Congresso Brasileiro Da Associação Brasileira De Fisioterapia Traumato-Ortopédica - ABRAFITO, 5(1). Recuperado de https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/abrafito/article/view/2616
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Resumo