Inovação Tecnológica na Formação em Fisioterapia: Análise Multimetodológica na Península Ibérica

Resumo

CONTEXTUALIZAÇÃO: A crescente adoção de tecnologias de reabilitação, como inteligência artificial, telerreabilitação e sensores digitais, exige que os cursos de Fisioterapia adequem suas estruturas curriculares e laboratoriais para preparar profissionais capazes de utilizar esses recursos com segurança e eficácia. A Península Ibérica, composta por dois países com forte tradição acadêmica na Fisioterapia, representa um território estratégico para analisar essa transição. OBJETIVOS: Este estudo teve como objetivo identificar a presença e a abordagem das tecnologias de reabilitação na estrutura formativa dos cursos de Fisioterapia em funcionamento na Península Ibérica. Objetivos secundários incluíram analisar a integração prática e teórica desses recursos no currículo e nos espaços de aprendizagem, além de captar as percepções de especialistas sobre o tema. MÉTODOS: Trata-se de um estudo multimetodológico que combinou observação direta e método Delphi. A observação foi guiada por instrumento previamente estruturado, que contemplava a análise de laboratórios e componentes curriculares voltados à reabilitação tecnológica em quatro instituições ibéricas. Paralelamente, foi conduzida uma abordagem Delphi com 31 docentes e pesquisadores da área, a partir de cinco rodadas de questionários sobre a formação tecnológica em Fisioterapia. RESULTADOS: Foram mapeadas 87 instituições de ensino superior com cursos de Fisioterapia na Península Ibérica, totalizando 7.686 vagas em 2023. Dentre elas, quatro aceitaram a realização da pesquisa in loco. A observação revelou presença pontual de recursos como realidade virtual (imersiva e não imersiva), sensores de movimento e infraestrutura para telerreabilitação. No entanto, apenas uma instituição possuía unidade curricular optativa dedicada à saúde digital. Os demais currículos careciam de conteúdos sistemáticos sobre tecnologia em reabilitação. Os especialistas consultados reforçaram a urgência de atualizações curriculares nesse campo. CONCLUSÕES: Há um descompasso entre os avanços tecnológicos na prática clínica e sua inserção na formação acadêmica. É necessário ampliar o debate institucional para reformular currículos e qualificar os espaços de prática com tecnologias emergentes IMPLICAÇÕES: Os resultados evidenciam a necessidade de políticas educacionais e institucionais voltadas à modernização da formação fisioterapêutica, considerando o uso crescente de tecnologias digitais em contextos clínicos. Essas mudanças têm potencial para fortalecer competências profissionais, ampliar o acesso aos cuidados e otimizar resultados terapêuticos.