MOBILIDADE ESPECÍFICA DA CURVA ESCOLIÓTICA: HERÓI OU VILÃ?

Autores

  • LAYSLA RÖDEL RIBEIRO CLÍNICA LINEAR
  • ISIS NAVARRO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS)
  • PAULA GIENDRUCZAK UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS)
  • JEFFERSON LOSS UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS)
  • CLÁUDIA CANDOTTI UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS)

Resumo

CONTEXTUALIZAÇÃO: Pacientes com escoliose apresentam maior prevalência de hipermobilidade, o que pode influenciar o tratamento e os resultados. A rigidez ou mobilidade da coluna no início do tratamento desempenha um papel significativo nos resultados alcançados. Compreender essa relação pode ajudar os profissionais a adaptar as estratégias de tratamento às necessidades individuais dos pacientes, promovendo melhores resultados. OBJETIVOS: Avaliar a correlação entre mobilidade específica da curva escoliótica, ângulo de Cobb e ATR em pacientes com escoliose tratados pela abordagem SEAS (Scientific Exercises Approach to Scoliosis) e pelo colete 3D Rigo-Chêneau. MÉTODOS: Estudo retrospectivo de correlação, com dados de uma clínica privada, envolvendo 67 pacientes, de janeiro de 2021 a abril de 2024. Todos os pacientes foram submetidos a tratamento conservador com a abordagem SEAS e o colete 3D. Critérios de inclusão: Pacientes com diagnóstico de escoliose idiopática do adolescente em tratamento conservador por no mínimo 6 meses. Critérios de exclusão: Pacientes com amputações de membros inferiores, causas identificáveis de escoliose, cirurgia de coluna ou avaliações incompletas. Cada paciente foi avaliado duas vezes pelo mesmo fisioterapeuta, medindo o Ângulo de Rotação do Tronco (ATR), o Teste de Rigidez Escoliótica (SST) e o Ângulo de Cobb. O SST foi realizado com os pacientes inclinados em direção à convexidade da curva durante a flexão anterior do tronco, com o grau da giba costal medido. O Índice de Flexibilidade Rotacional (RFI) foi calculado usando a fórmula: RFI = (ATR - SST) / ATR × 100, fornecendo um resultado percentual para o SST. A correlação de Pearson foi calculada entre mobilidade (SST e RFI) e ângulo de Cobb e ATR (p < 0,05). Um cálculo do tamanho da amostra indicou 29 indivíduos (bicaudal; H1 = 0,5; alfa = 0,05; beta = 0,20). RESULTADOS: Foram incluídas 61 curvas de 40 pacientes, sendo 36 do sexo feminino (90%), com 32 (52,5%) curvas torácicas e 29 (47,5%) lombares, idade média de 12,3 ± 1,8 anos. Para as curvas torácicas, o ângulo de Cobb médio foi de 31,3° ± 11,2°, ATR 9,2° ± 3,6°, SST -3,8° ± 5,2° e RFI 173% ± 65%. Para as curvas lombares, o ângulo de Cobb médio foi de 30,4° ± 10,5°, ATR 6,1° ± 5,2°, SST -7,5° ± 5° e RFI 190% ± 78%. Tanto para as curvas torácicas quanto lombares, a correlação entre SST e Cobb/ATR foi positiva e significativa (variando de 0,32 a 0,46). A correlação entre RFI e Cobb/ATR foi negativa e significativa (variando de -0,37 a -0,58). CONCLUSÕES: Existe uma correlação fraca a moderada entre a mobilidade específica da curva escoliótica (SST e RFI) no início do tratamento e os resultados finais (ângulo de Cobb e ATR). Quanto maior a mobilidade do paciente no início do tratamento, menores serão o ângulo de Cobb e o ATR após pelo menos 6 meses de tratamento conservador com a abordagem SEAS e o suporte 3D. IMPLICAÇÕES: Este estudo representa um primeiro passo para orientar o trabalho de mobilidade específica para a curva escoliótica, que pode ser incorporado ao tratamento conservador.

Publicado

2025-09-11

Como Citar

RÖDEL RIBEIRO, L., NAVARRO, I., GIENDRUCZAK, P., LOSS, J., & CANDOTTI, C. (2025). MOBILIDADE ESPECÍFICA DA CURVA ESCOLIÓTICA: HERÓI OU VILÃ?. Anais Do Congresso Brasileiro Da Associação Brasileira De Fisioterapia Traumato-Ortopédica - ABRAFITO, 5(1). Recuperado de https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/abrafito/article/view/2627