SUBGRUPOS BIOPSICOSSOCIAL DE PACIENTES COM FRATURA DE ÚMERO PROXIMAL

Autores

  • JAQUELINE MARTINS FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO (FMRP)
  • GIOVANNA MAGAGNINI FERNANDES GAZALLI FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO (FMRP)
  • FELIPE DE SOUZA SERENZA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO (FMRP)
  • ANAMARIA SIRIANI DE OLIVEIRA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO (FMRP)

Resumo

CONTEXTUALIZAÇÃO: Os fatores biológicos, psicológicos e sociais que predizem a limitação funcional após a fratura de úmero proximal ainda não estão bem estabelecidos, sendo importante reconhecer se existem diferentes perfis biopsicossociais OBJETIVOS: Identificar os subgrupos biopsicossociais de indivíduos com fratura de úmero proximal. MÉTODOS: O estudo recrutou 105 indivíduos com fratura de úmero proximal, de ambos os sexos (60 mulheres, 45 homens) e idade média de 55,04 (±15,48 anos) do serviço de fisioterapia. Todos os indivíduos assinaram o Termo de Consentimento aprovado no Comitê de Ética (CAAE: 67472123.8.0000.5440). Os indivíduos foram avaliados para os aspectos biológicos (sexo, idade, tempo de lesão, intensidade de dor pela EVN, incapacidade pela escala Shoulder Pain and Disability  Index (SPADI), tipo de tratamento, uso de opioides e antidepressivos. As seguintes escalas foram aplicadas para avaliação dos aspectos psicológicos e comportamental: The Avoidance Daily Activities Photo Scale (ADAP) para comportamento de evitação, The Connor-Davidson Resilience Scale (RISC-25) para resiliência, The Pain-related Self-Efficacy Beliefs (PSEQ-10) para autoeficácia, The Patient Health Questionaire (PHQ-9) para presença de depressão (sim ou não), escala Pensamentos Catastróficos sobre a Dor (PCS) para catastrofização da dor e The Tampa Scale of Kinesiophobia (TSK-17) para cinesiofobia. Os pacientes também foram avaliados para aspectos sociodemográficos (tipo de trabalho, escolaridade, estado civil, rede de apoio). Foi realizada análise de cluster hierárquica com método de Ward, e o número ótimo de grupos foi definido por dendrograma, método do cotovelo e índice de silhueta. RESULTADOS: Os pacientes com fratura de úmero proximal apresentaram dois subgrupos biopsicossociais distintos, sendo um deles mais acometido para aspectos psicológicos e comportamental (subgrupo 2).  O subgrupo 2 apresentou maior média na pontuação da escala ADAP (71,79 ± 16,76) em comparação ao grupo 1 (48,86 ± 19,39), indicando maior nível de evitação. Da mesma forma, o subgrupo 2 também apresentou menor resiliência (64,62 ± 10,67 vs. 81,17 ± 8,24), menor autoeficácia relacionada à dor (PSEQ: 30,57 ± 10,08 vs. 49,57 ± 7,56), maior prevalência de depressão pela escala PHQ-9 (33.33% vs. 1.59%) maiores escores de catastrofização da dor (PCS: 23,55 ± 8,47 vs. 9,95 ± 5,55) e medo de movimento (TSK: 44,36 ± 7,08 vs. 34,51 ± 7,88) em relação ao grupo 1. O grupo 2 apresentou maior proporção de mulheres (66,67% vs. 50,79%), menor prevalência de trabalho sem esforço físico (11,90% vs. 44,44%) e menor escolaridade de nível superior (4,76% vs. 19,05%) em comparação ao grupo 1. Além disso, observou-se maior uso de opioides no grupo 2 (52,38% vs. 19,05%). Esses dados reforçam o perfil psicossocial mais desfavorável do grupo 2. CONCLUSÕES: Os indivíduos com fratura de úmero proximal podem ser distinguidos em dois subgrupos biopsicossociais, sendo um deles de pior perfil psicológico e comportamental (maior evitação, catastrofização, medo do movimento, menor resiliência e autoeficácia) e de prevalência do sexo feminino, trabalho com esforço físico e menor escolaridade. IMPLICAÇÕES: A estratificação biopsicossocial permite identificar precocemente pacientes com risco psicossocial elevado, o que pode otimizar os resultados de intervenções direcionadas, como suporte psicológico e estratégias cognitivo-comportamentais.

Publicado

2025-09-11

Como Citar

MARTINS, J., MAGAGNINI FERNANDES GAZALLI, G., DE SOUZA SERENZA, F., & SIRIANI DE OLIVEIRA, A. (2025). SUBGRUPOS BIOPSICOSSOCIAL DE PACIENTES COM FRATURA DE ÚMERO PROXIMAL. Anais Do Congresso Brasileiro Da Associação Brasileira De Fisioterapia Traumato-Ortopédica - ABRAFITO, 5(1). Recuperado de https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/abrafito/article/view/2628