MUDANÇA DE CRENÇAS APÓS UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO EM CIENCIA DA DOR_ESTUDO DE CASO

Autores

  • GABRIEL LÚCIO DA CRUZ UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA (UDESC)
  • KATIA REGINA BODER ZOCATELLI UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA (UDESC)
  • CAROLINA DOS REIS MAIER UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA (UDESC)
  • GIOVANNA GUOLO COUTINHO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA (UDESC)
  • GIOVANA ANASTASI PERIN UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA (UDESC)
  • MICHELINE HENRIQUE ARAÚJO DA LUZ KOERICH UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA (UDESC)

Resumo

CONTEXTUALIZAÇÃO: A dor lombar crônica (DLC) é a principal causa de incapacidade global, influenciada por fatores biopsicossociais. Crenças cognitivas moldam a experiência dolorosa, perpetuando sofrimento e limitação funcional. A Educação em Ciência da Dor (ECD) busca modificá-las, promovendo a reconceitualização da dor. OBJETIVOS: Compreender se um programa de educação em ciência da dor ECD pode modificar as crenças em um indivíduo com DLC, segundo o MSC. MÉTODOS: Trata-se de um estudo de caso, longitudinal e qualitativo de uma mulher de 55 anos com história de DLC há um ano. Suas principais queixas foram dor, incapacidade e associa a causa de sua incapacidade ao excesso de peso realizado no trabalho de jardinagem e desvio na coluna (escoliose). A mesma participou do programa de ECD (6 encontros), realizado em grupo, que abordava temas como: conceito de dor, mecanismos de dor, plasticidade do cérebro e estratégias para controlar a dor. As crenças antes e após o programa foram coletadas por meio de entrevistas qualitativas semiestruturadas. As entrevistas transcritas foram analisadas utilizando a Análise de Conteúdo Temática e as categorias foram pré-estabelecidas de acordo com os componentes do MSC. O software Atlas.ti 8 foi utilizado para análise. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEPSH-UDESC (CAEE 77405524.1.0000.0118). RESULTADOS: Após o programa de ECD, na categoria “Identidade” houve redução da centralidade da crença na escoliose como fator contribuinte da dor, associado a “Causa” antes relacionada com carregar peso no trabalho, passando a incorporar a compreensão da dor com "cérebro desregulado". A associação da dor com a escoliose persistiu, apesar da mudança de comportamento em relação aos movimentos. Na categoria “Consequências", houve transição das crenças que focam na necessidade de ter que deixar o trabalho para a possibilidade de ter uma vida normal, apesar da dor. Na categoria “Controle”, houve transição na crença sobre a necessidade de estratégias passivas (quiropraxia e medicação) para ativas (exercícios físicos e mudança cognitiva), embora tenha permanecido a crença sobre a necessidade de monitorar a postura. Na categoria “Linha do Tempo”, constatou que a percepção se tornou mais otimista, descrevendo um "momento ruim que vai passar", apesar de apresentar preocupações sobre o futuro ("medo da dor voltar com a idade"). A mudança nas crenças parece ter contribuído para mudanças comportamentais, relatadas pela paciente através do retorno gradual de atividades (como a jardinagem) e busca por exercícios. O padrão de enfrentamento evoluiu de um pensamento catastrófico ("nunca vou melhorar") para maior aceitação ("a dor não define minha vida"). CONCLUSÕES: O programa ECD contribuiu para a mudança das crenças e no enfrentamento da condição. Destacam-se a maior aceitação da condição de saúde e a transição de estratégias passivas para ativas de enfrentamento. IMPLICAÇÕES: Este estudo sugere que programas de ECD, ao abordar crenças organizadas pelo MSC, podem ser importantes para compreensão das crenças e complementar o tratamento fisioterapêutico de indivíduos com DLC.

Publicado

2025-09-11

Como Citar

LÚCIO DA CRUZ, G., REGINA BODER ZOCATELLI, K., DOS REIS MAIER, C., GUOLO COUTINHO, G., ANASTASI PERIN, G., & HENRIQUE ARAÚJO DA LUZ KOERICH, M. (2025). MUDANÇA DE CRENÇAS APÓS UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO EM CIENCIA DA DOR_ESTUDO DE CASO. Anais Do Congresso Brasileiro Da Associação Brasileira De Fisioterapia Traumato-Ortopédica - ABRAFITO, 5(1). Recuperado de https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/abrafito/article/view/2635