Conhecimento dos fisioterapeutas que atuam com pessoas com Dor Musculoesquelética Crônica sobre motivação e as teorias comportamentais

Resumo

CONTEXTUALIZAÇÃO: A Dor Musculoesquelética Crônica (DMC) pode impactar significativamente a saúde, comprometendo a qualidade de vida dos indivíduos afetados e o exercício físico é considerado um dos pilares do tratamento, mas a adesão costuma ser baixa. No entanto, existem estratégias amparadas por Teorias de Mudanças de Comportamento (TMC) a serem estudadas pelos fisioterapeutas e aplicadas na reabilitação, com o objetivo de entender os determinantes que influenciam os comportamentos e podem ser utilizadas como facilitadores da adesão à reabilitação. OBJETIVOS: Avaliar o nível de conhecimento dos fisioterapeutas que atuam com pessoas com Dor Musculoesquelética Crônica sobre motivação e as teorias comportamentais. MÉTODOS: Trata-se de um recorte de estudo observacional transversal realizado com fisioterapeutas que atuam com pacientes adultos com DMC, de ambos os sexos, residentes e atuantes no território brasileiro. Os dados foram coletados no período de outubro de 2024 a abril de 2025, por meio de formulário eletrônico na plataforma Google Forms®. O formulário apresenta uma seção destinada ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e 42 questões divididas em 4 seções. No presente estudo foram analisados como os participantes conceituam motivação.  Para análise dos dados foi utilizada a análise de conteúdo (frequência) e os conceitos descritos pelos participantes foram categorizados de acordo com os domínios (Autonomia, Competência e Relacionamento) das Necessidades Psicológicas Básicas (NPBs). Este estudo foi submetido e aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (CEPSH/UDESC).  RESULTADOS: Foram incluídos 137 participantes no estudo com média de idade de 33 anos [DP: 9,6], sendo a maioria do sexo feminino (69%) e que atuam em clínicas/ambulatórios (84%). Em relação à região de atuação, 72% deles são da região Sul; 15% região Sudeste; 8% região Nordeste; 3% região Norte e 2% região Centro-Oeste. Em relação ao conceito de motivação, 59% das respostas estavam relacionadas com o domínio de autonomia, 34% com o domínio de competência e 10* com o domínio “relacionamento”. Quando questionados sobre quais teorias comportamentais conheciam, as principais foram: Autoeficácia (82%); Necessidades Psicológicas Básicas (49%); Modelo de Crença em Saúde (45%); Teoria da Autodeterminação (39%). Ainda, 17% dos indivíduos responderam que não conheciam nenhuma. Outras teorias também foram citadas pelos participantes, como a TCC e CFT (4%).  CONCLUSÕES: O estudo mostrou que os fisioterapeutas que atuam com pessoas com Dor Musculoesquelética Crônica (DMC) têm conhecimento  sobre teorias como autoeficácia e as necessidades psicológicas básicas. Ao definirem motivação, autonomia foi o aspecto mais evidenciado. No entanto, parte dos participantes demonstrou desconhecimento de outras teorias importantes, evidenciando a necessidade de maior capacitação na área. Além disso, sugere-se um número amostral maior e mais representativo de todas as regiões do Brasil para ampliar a aplicabilidade dos resultados. IMPLICAÇÕES: O estudo reconhece a importância de ampliar a formação dos fisioterapeutas sobre diferentes teorias comportamentais, visando uma atuação mais eficaz e centrada no paciente com DMC. Também reforça a necessidade de incluir esses conteúdos na graduação e na educação continuada, favorecendo o conhecimento de intervenções que promovam maior adesão ao tratamento.