Força muscular isométrica de membros inferiores: Uma análise de assimetria entre membro dominante e não dominante
Resumo
CONTEXTUALIZAÇÃO: A mensuração de força muscular é amplemente utilizada na avaliação de difunções musculoesqueléticas, a título de comparação quantitativa com membro contralateral. Apesar da assimetria entre membros dominante e não dominante seja biomecanicamente comum, essas diferenças podem resultar em desequilíbrios no aumento do risco de lesões posteriormente. Na literatura, os estudos geralmente apresentam dados de normalidade em indivíduos com alto nível de desempenho físico, não sendo possível a transferência desses valores à populção geral. OBJETIVOS: Analisar a força muscular isométrica durante a extensão e flexão do joelho em adultos jovens saudáveis. Além disso, comparar os níveis de força entre membro dominante e não dominante, levando em consideração a diferença entre os sexos e a relação agonista/antagonista. MÉTODOS: O estudo teve uma amostra total de 140 participantes, sendo 78 mulheres e 62 homens, com 25.9 (±5.88) anos, sem comorbidades ou histórico de lesões musculoesqueléticas recentemente. A força foi mensurada em quilograma-força (Kg/f) com dinamômetro manual digital. A ordem de avaliação dos grupos musculares foi randomizada para minimizar a fadiga. Cada coleta consistiu em uma repetição inicial para a familiarização do movimento, depois, três repetições de 5s, com intervalo de 30s e estímulo verbal padronizado, uma quarta repetição era realizada caso a terceira excedesse 10%das anteriores. A relação Hcon/Qcon (<0,60 considerado normativo) foi calculada para identificar desequilíbrios e o risco de lesões. os dados, expressos em média e desvio padrão, foram analisados por ANOVA de modelo misto, com dominância como fator repetido e sexo como fator independente. O estudo seguiu a Resolução n. 466/2012 e as normas do Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE:60137722.3.0000.0121). RESULTADOS: Nos extensores de joelho, a força do membro dominante superou significativamente a do não dominante (p<0,0001). Os homens apresentam maior força que mulheres (p<0,0001), sem interação dominância X sexo (p=0,125). Para dados de assimetria, foi observado uma diferença de 10,23% nas mulheres e 13,49% nos homens. Já nos flexores de joelho, também foi observado maior força do lado dominante (p=0,019) e maior força em homens (p<0,0001), sem interação significativa (p=0,233). As assimetrias apresentaram-se em 3,14% para mulheres e 14,76% em homens. A relação Hcon/Qcon apresentou médias de 0,33 (mulheres) e 0,35 (homens). CONCLUSÕES: Concui-se que homens apresentamforça isométrica significativamente maior que mulheres, refletindo diferenças fisiológicas. As assimetrias intermembros foram acima de 10% em mulheres e homens para extensores, e para flexores , apenas homens apresentaram assimetria acima da porcentagem, sem histórico de lesões anteriores. A relação Hcon/Qcon (0,33 em mulheres, 0,35 em homens) ficou abaixo do limiar de 0,60, mas sua aplicação clínica como preditor de lesões requer mais estudos para definir parâmetros normativos sensíveis a diferentes populações. IMPLICAÇÕES: este estudo reforça a avaliação individualizada da força de joelho, reconhecendo assimetrias de até 15% como toleráveis na ausência de disfunção. Sugere-se protocolos de reabilitação priorizando o fortalecimento de membro com menor força quando o desequilíbrio exceder essa margem. A relação Hcon/Qcon deve ser interpretada com autela e combinada a outras avaliações funcionais para orientar decisões clínicas.