Influência da microeletrólise percutânea no trapézio superior sobre o limiar de dor à pressão e a eletromiografia de superfície

Autores

  • CARLOS EDUARDO GIRASOL FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (FFCLRP-USP)
  • NATHALY ESCOBAR DURÁN UNIVERSIDAD MAIMÓNIDES
  • SANTIAGO MARCELO D'ALMEIDA UNIVERSIDAD MAIMÓNIDES
  • OSCAR RONZIO UNIVERSIDAD MAIMÓNIDES

Resumo

CONTEXTUALIZAÇÃO: A microeletrólise percutânea tem sido reconhecida por sua capacidade de promover analgesia local e induzir um processo inflamatório controlado, favorecendo o reparo tecidual. Esses efeitos evidenciam seu potencial como recurso terapêutico no contexto da reabilitação. No entanto, persistem lacunas no conhecimento quanto à resposta dos tecidos à intervenção, especialmente no que se refere à atividade eletromiográfica. OBJETIVOS: Analisar o efeito da microeletrólise percutânea sobre a atividade elétrica dos pontos-gatilho miofasciais (PGM) e o limiar de dor à pressão (LDP) no músculo trapézio superior. MÉTODOS: Trata-se de um estudo de casos múltiplos com 16 participantes que apresentavam PGM ativos no músculo trapézio superior. Os participantes foram avaliados por meio de limiar de dor à pressão e eletromiografia de superfície, considerando os seguintes desfechos: pico de atividade elétrica em repouso (EMG-Pico-Basal) e root mean square em repouso (EMG-RMS-Basal); pico de atividade elétrica durante contração isométrica (EMG-Pico-Isometria) e root mean square em isometria (EMG-RMS-Isometria). As avaliações foram realizadas em três momentos: imediatamente antes da intervenção, 1 minuto após e 10 minutos após. Os participantes foram randomizados em dois grupos: microeletrólise percutânea com corrente galvânica de baixa intensidade (n = 8) ou intervenção simulada (sham; n = 8). Utilizaram-se agulhas de acupuntura (0,30 mm × 25 mm), sendo que apenas o grupo ativo recebeu estimulação elétrica. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidad Maimónides (A-01-CEBBAD-20), de acordo com a Declaração de Helsinki e as normas éticas vigentes no país de realização. O protocolo está registrado no ClinicalTrials.gov (NCT05478928). RESULTADOS: Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos para as variáveis analisadas. No entanto, identificaram-se tamanhos de efeito moderados (d de Cohen) para EMG-RMS-Basal (após 1 minuto) e EMG-RMS-Isometria (após 1 minuto), bem como um tamanho de efeito grande para EMG-Pico-Basal (após 1 minuto), sugerindo respostas clínicas imediatas à intervenção. CONCLUSÕES: A microeletrólise percutânea com corrente galvânica de baixa intensidade demonstrou efeitos clínicos sobre a atividade elétrica muscular em repouso e durante contração isométrica. Embora não tenham sido detectadas diferenças estatisticamente significativas, os efeitos observados indicam uma possível resposta imediata ao tratamento. O curto período de acompanhamento pode ter limitado a detecção de efeitos sustentados, ressaltando a necessidade de estudos com seguimento prolongado. IMPLICAÇÕES: Este estudo contribui para o avanço científico e clínico ao indicar que a microeletrólise percutânea pode representar uma estratégia complementar na modulação da atividade elétrica em músculos com PGM ativos. Ademais, os achados abrem perspectivas para futuros ensaios clínicos com protocolos expandidos e avaliações de longo prazo.

Publicado

2025-09-11

Como Citar

GIRASOL, C. E., ESCOBAR DURÁN, N., MARCELO D’ALMEIDA, S., & RONZIO, O. (2025). Influência da microeletrólise percutânea no trapézio superior sobre o limiar de dor à pressão e a eletromiografia de superfície. Anais Do Congresso Brasileiro Da Associação Brasileira De Fisioterapia Traumato-Ortopédica - ABRAFITO, 5(1). Recuperado de https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/abrafito/article/view/2693