Abordagem musculoesquelética na APS: Análise de Intervenções em uma UBS no Extremo Sul do Brasil

Autores

  • BEATRIZ HENRIQUES MANSANARI UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS (UFPel)
  • FELIPE BITTENCOURT DAMIN UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS (UFPel)
  • MIGUEL MULLER RIBEIRO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS (UFPel)
  • VALENTINA MEDEIROS BORGES UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS (UFPel)
  • FRANCISCO XAVIER DE ARAUJO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS (UFPel)
  • MAÍRA JUNKES CUNHA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS (UFPel)

Resumo

CONTEXTUALIZAÇÃO: A Unidade Básica de Saúde (UBS) constitui o principal ponto de acesso aos serviços de Atenção Primária, desempenhando papel fundamental na promoção da saúde e manejo de condições prevalentes. No entanto, a inserção de fisioterapeutas nas Equipes de Saúde da Família (ESF) ainda não foi efetivada em Pelotas/RS, onde apenas quatro profissionais atuam no município, nenhum na atenção primária. Essa realidade contrasta com a Lei nº 14.231/2021 e a Portaria GM/MS nº 635/2023, que estabelecem a obrigatoriedade do fisioterapeuta nas equipes mínimas. Considerando que as dores musculoesqueléticas representam a principal causa de incapacidade global, com significativo impacto na qualidade de vida e custos para o sistema de saúde, este estudo analisou os resultados da inserção de estagiários de fisioterapia em uma UBS escola durante quinze semanas. OBJETIVOS: Analisar os resultados da inserção de estagiários de fisioterapia em uma UBS escola durante quinze semanas. MÉTODOS: Desenvolveu-se um estudo transversal na UBS Escola Areal Leste, vinculada à Universidade Federal de Pelotas, como parte das atividades de estágio supervisionado. O mesmo foi aprovada pelo Comitê de Ética sob número 7.200.008. Os 118 pacientes atendidos foram encaminhados pela equipe médica ou através de demanda espontânea, sendo avaliados com fichas musculoesqueléticas padronizadas que incluíam anamnese, exame físico e plano terapêutico. As intervenções consistiram em atendimentos individuais (48,3%), participação em grupos terapêuticos (37,3%) e visitas domiciliares (3,4%), com registros sistemáticos no prontuário eletrônico do e-SUS. Realizou-se ainda uma ação interdisciplinar com a equipe de nutrição, abordando estratégias não farmacológicas para manejo da dor crônica. RESULTADOS: A análise dos dados revelou que 89% dos casos foram resolvidos na própria UBS, com apenas 9,3% de encaminhamentos para atenção secundária. A população atendida caracterizou-se predominantemente por mulheres (72,9%) e idosos (50,8%), com queixas musculoesqueléticas em 89,8% dos casos, especialmente lombalgias (21%) e dores em ombros (24%). A resolutividade alcançou 75,4% dos casos, sendo que 6,8% dos pacientes obtiveram alta durante o período de acompanhamento. Os grupos terapêuticos mostraram-se particularmente eficazes no manejo das condições crônicas, com boa adesão dos participantes.  CONCLUSÕES: Os resultados demonstraram a capacidade resolutiva da fisioterapia na APS, com redução significativa de encaminhamentos para serviços especializados. A abordagem grupal mostrou-se promissora para o manejo de condições crônicas, enquanto os atendimentos individuais foram adequados para casos agudos. A experiência reforça a importância da inclusão efetiva do fisioterapeuta nas equipes de Saúde da Família, conforme previsto na legislação vigente, contribuindo para a qualificação da atenção primária e a organização dos fluxos assistenciais. IMPLICAÇÕES: Os achados sugerem que: (1) na prática clínica, validam-se protocolos para condições musculoesqueléticas na APS; (2) na gestão, justifica-se a ampliação da atuação fisioterapêutica na APS; (3) nas políticas públicas, oferecem-se subsídios para implementação da Lei nº 14.231/2021. Recomenda-se a realização de novos estudos em diferentes contextos para avaliar a replicabilidade do modelo.

Publicado

2025-09-11

Como Citar

HENRIQUES MANSANARI, B., BITTENCOURT DAMIN, F., MULLER RIBEIRO, M., MEDEIROS BORGES, V., XAVIER DE ARAUJO, F., & JUNKES CUNHA, M. (2025). Abordagem musculoesquelética na APS: Análise de Intervenções em uma UBS no Extremo Sul do Brasil. Anais Do Congresso Brasileiro Da Associação Brasileira De Fisioterapia Traumato-Ortopédica - ABRAFITO, 5(1). Recuperado de https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/abrafito/article/view/2699