Avaliação do Limiar de Dor por Pressão em Indivíduos pós Covid-19

Resumo

CONTEXTUALIZAÇÃO: A dor musculoesquelética é um dos sintomas persistentes mais comuns pós Covid-19. Devido à heterogeneidade das regiões corporais com prevalência de dor, a avaliação desses indivíduos se faz necessária. A avaliação do Limiar de Dor por Pressão (LDP), por meio da algometria, é uma ferramenta útil para mensuração objetiva dessa população, visto que, avalia a intensidade da dor em quilograma-força (kgf), gerando dados quantitativos sobre a dor referida. OBJETIVOS: Avaliar o limiar de dor pressão em indivíduos pós Covid-19, por meio da algometria. MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal, aprovado no CEPSH-UFSC nº 4.496.845. Foram incluídos no estudo indivíduos entre 18 e 70 anos de idade, de ambos os sexos, com dor musculoesquelética (mialgia e/ou artralgia) persistente, com classificação igual ou maior que 3 (dor moderada a intensa) na Escala Visual Analógica de dor (EVA). O LDP foi mensurado em quilograma-força (kgf), e uma pressão crescente foi aplicada, aumentando em 1kg/cm² por segundo, utilizando um algômetro de pressão analógico (Elecall NK-200 Force Gauge). Foram feitas três aferições em cada ponto bilateralmente, nas regiões de Deltóide, Trapézio superior, Paravertebrais (nível de L4), Glúteo médio e região medial dos joelhos, com intervalos de 30 segundos entre cada uma, na A média das três medidas foi calculada para as análises estatísticas. Um único avaliador treinado realizou todos os testes para limitar a variação entre testadores.  RESULTADOS: Doze participantes concluíram todos os procedimentos deste estudo, 66,7% eram do sexo feminino, com média de idade de 44,75 anos (±13,82), com tempo pós Covid-19 maior que 6 meses (75%). Na análise descritiva foi possível observar valores de LDP inferiores nos músculos Trapézio superior, Deltóide, Paravertebral lombar e Glúteo médio. O LDP mais baixo foi nos músculos Trapézio esquerdo (3,36 ± 1,25) e direito (3,40 ± 2,20) comparado ao valor normativo de 6,2kgf relatado por Fisher em 1987. Enquanto a região medial dos joelhos direito (5,75 ± 2,77) e esquerdo (4,99 ± 2,19) apresentou LDP superior ao valor de referência (3,8kgf). CONCLUSÕES: Este estudo evidenciou que indivíduos com dor musculoesquelética pós Covid-19 apresentam limiar de dor por pressão inferior aos valores normativos de indivíduos clinicamente saudáveis. Ademais, as regiões que apresentaram menor LDP relacionam-se com achados anteriores, que descreveram a região lombar, os membros superiores e inferiores como as  áreas de maior frequência de dor musculoesquelética pós Covid-19.  IMPLICAÇÕES: Este foi o primeiro estudo que buscou mapear os principais pontos dolorosos e avaliar o LDP em indivíduos pós Covid-19. Clinicamente, esse entendimento é relevante para mensuração objetiva do nível de dor e para a avaliação da efetividade de possíveis intervenções terapêuticas. Entretanto, deve-se ter cautela ao generalizar esses achados, uma vez que, a amostra avaliada pode ser considerada uma limitação.