USO DE MEDICAMENTOS ANALGÉSICOS E PSIQUIÁTRICOS E INTENSIDADE DE DOR EM ADULTOS MAIS VELHOS COM DOR CRÔNICA
Resumo
CONTEXTUALIZAÇÃO: A dor crônica é frequentemente associada a condições psiquiátricas. A relação entre dor e sintomas depressivos é bidirecional, pois um pode influenciar e intensificar o outro, contribuindo para o aumento da intensidade da dor percebida. O tratamento costuma envolver o uso de medicamentos, tanto para manejo da dor quanto dos aspectos emocionais, embora essa nem sempre seja a abordagem mais adequada. Portanto, o uso de medicamentos analgésicos e/ou psiquiátricos é comum, refletindo a complexidade do quadro clínico e a intensidade dos sintomas de dor. OBJETIVOS: Verificar a associação entre o uso de medicamentos analgésicos e/ou psiquiátricos com a intensidade de dor em adultos mais velhos com dor crônica. MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal com dados de 3.324 pessoas acima de 50 anos da segunda onda do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), de 2019-21, que referiram dor crônica (mais de 3 meses). O desfecho foi a intensidade da dor (suave/fraca, moderada, intensa/forte). A exposição foi o uso de medicamentos [não (nem para dor nem para sintomas psiquiátricos) e sim (para dor e/ou sintomas psiquiátricos)]. Utilizou-se regressão logística multinomial bruta e ajustada, por idade, sexo, raça, renda, escolaridade, considerando valor de p<0,05. O ELSI-Brasil foi aprovado pelo Comitê de Ética da Fundação Oswaldo Cruz (CAAE:34649814.3.0000.5091). RESULTADOS: A intensidade de dor relatada foi de 13,3% suave/fraca, 50,4% moderada e 36,3% intensa/forte. Observou-se que 82,1% da amostra relatou usar algum tipo de medicação, que 67,0% utilizaram apenas analgésicos, 1,5% utilizaram só medicamentos psiquiátricos e 12,3% fizeram uso concomitante de ambos. A análise bivariada entre intensidade de dor e tipo de medicamento, indicou que a dor intensa foi mais prevalente entre os usuários de medicamentos psiquiátricos (49,8%) do que entre os que utilizavam analgésicos (39,1%) e nos que utilizaram ambos (38,8%). Na análise multivariada, os indivíduos que utilizaram algum dos medicamentos apresentaram 1,86 vezes mais chances de relatar dor moderada (RRR=1,86; IC95%:1,36–2,53) e 3,12 vezes mais chances de relatar dor intensa (RRR=3,12; IC95%:1,91–5,09), em comparação àqueles que relataram dor suave/fraca. Além disso, homens apresentaram menor chance de relatar dor intensa (RRR=0,60; IC95%:0,45–0,81) e moderada (RRR=0,75; IC95%:0,58–0,97), em relação às mulheres, enquanto pessoas com renda inferior tiveram maior chance de relatar dor intensa (RRR=1,89; IC95%:1,26–2,82) e moderada (RRR=1,56; IC95%:1,04–2,33) do que o tercil superior. CONCLUSÕES: Os resultados indicam que apesar do uso de medicamentos analgésicos e/ou psiquiátricos, os indivíduos apresentaram maior chance de relatar dor intensa. Nesse sentido, destaca-se a necessidade de revisar as abordagens terapêuticas, para que pessoas com dor crônica recebam tratamentos adequados e obtenham melhores desfechos clínicos. IMPLICAÇÕES: Esses achados reforçam a importância de uma abordagem multidisciplinar no manejo da dor crônica nessa população, com atenção à saúde mental e ao uso racional de medicamentos.Publicado
2025-09-11
Como Citar
KLUNCK, D., & JAYCE CEOLA SCHNEIDER, I. (2025). USO DE MEDICAMENTOS ANALGÉSICOS E PSIQUIÁTRICOS E INTENSIDADE DE DOR EM ADULTOS MAIS VELHOS COM DOR CRÔNICA. Anais Do Congresso Brasileiro Da Associação Brasileira De Fisioterapia Traumato-Ortopédica - ABRAFITO, 5(1). Recuperado de https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/abrafito/article/view/2714
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Resumo