Acompanhamento do Paciente submetido a Reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior por meio de Avaliações Funcionais - Estudo Observacional Retrospectivo

Autores

  • CAROLINA MATHIAS HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE RIBEIRÃO PRETO (HCFMRP)
  • GUSTAVO PICCOLI BONFANTE HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE RIBEIRÃO PRETO (HCFMRP)
  • ALINE MIRANDA FERREIRA HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE RIBEIRÃO PRETO (HCFMRP)
  • THIAGO BATISTA MUNIZ HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE RIBEIRÃO PRETO (HCFMRP)

Resumo

CONTEXTUALIZAÇÃO: O ligamento cruzado anterior (LCA) é crucial para a estabilidade do joelho e tem apresentado nos últimos anos, um aumento no número de reconstruções. Uma das opções do tratamento para lesões do LCA é a reconstrução cirúrgica. No pós operatório (PO), os protocolos de reabilitação devem ser fundamentados em critérios de retorno ao esporte, lazer ou atividades do cotidiano. A literatura científica recomenda a realização de avaliações periódicas pós-operatórias em pacientes submetidos à reconstrução do LCA (RLCA), com o objetivo de monitorar a recuperação e otimizar o processo de reabilitação. Nesse contexto, são realizadas quatro avaliações funcionais: pré-operatória, aos três meses, seis meses e doze meses de PO. As avaliações focam, principalmente, na mensuração da força muscular e na análise da função auto-relatada. Para a avaliação da função auto-relatada, utiliza-se o questionário Lysholm, reconhecido por sua alta responsividade em pacientes submetidos à RLCA. Além disso, o dinamômetro isocinético tem sido recomendado na literatura como uma ferramenta crucial para avaliar o desempenho muscular, fornecendo dados sobre  a média do pico de torque isocinético, o que auxilia na quantificação da recuperação da força muscular após a cirurgia. OBJETIVOS: Comparar os resultados das avaliações funcionais no sexto mês de PO entre três grupos de pacientes e verificar se a avaliação instrumentalizada periódica influencia na força e função auto-relatada do pacientes aos 6 meses de PO. MÉTODOS: Para a comparação dos resultados, os pacientes foram divididos em 3 grupos: Grupo 1 (G1), que realizou o exame no período pré operatório, com 3 e com 6 meses de PO de RLCA (n=15); Grupo 2 (G2), que realizou o exame no período de 3 e 6 meses de PO de RLCA (n=116); e o Grupo 3 (G3), que realizou o exame somente no período de 6 meses de PO de RLCA (n=34). A amostra total foi de 165 pacientes. Os dados que foram comparados foram aqueles obtidos na avaliação de 6 meses de PO. A pesquisa incluiu pacientes operados de 2011 à junho de 2024, excluindo aqueles com histórico de lesões associadas, re-ruptura do LCA e fratura dos membros inferiores. A distribuição dos dados foi avaliada utilizando o teste de Shapiro-Wilk para amostras menores que 50 participantes e o teste de D’Agostino-Pearson para amostras maiores. Dados com distribuição não normal foram analisados pelo teste de Mann-Whitney, com resultados apresentados em mediana e quartis. Para dados com distribuição normal, utilizou-se o teste de ANOVA, com os valores expressos em média e desvio padrão. Intervalo de confiança de 95% (p < 0,05).  RESULTADOS: Não foram observadas diferenças estatísticas significativas nos dados antropométricos (idade, altura, peso e IMC), dinamometria isocinética e escala Lysholm entre os três grupos.  CONCLUSÕES: Realizar a avaliação funcional pré operatória e 3 meses PO parece não influenciar de maneira significativa os resultados da avaliação de 6 meses PO, quando avaliamos média de picos de torque e função auto-relatada. IMPLICAÇÕES: Não há dúvidas de que avaliar e fornecer ao paciente informações sobre sua força muscular e função nos períodos pré-operatório e aos 3 meses de PO pode contribuir para o estabelecimento de objetivos durante a reabilitação. No entanto, os resultados deste estudo indicam que a realização pontual dessas avaliações, sem um acompanhamento contínuo e sistemático ao longo do processo, não foi suficiente para promover ganhos significativos na força e na função aos 6 meses de PO. Esses achados reforçam a importância de um monitoramento mais próximo e constante, com reavaliações regulares que permitam ajustes individualizados na conduta fisioterapêutica e potencializem os resultados funcionais ao longo da recuperação.

Publicado

2025-09-11

Como Citar

MATHIAS, C., PICCOLI BONFANTE, G., MIRANDA FERREIRA, A., & BATISTA MUNIZ, T. (2025). Acompanhamento do Paciente submetido a Reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior por meio de Avaliações Funcionais - Estudo Observacional Retrospectivo. Anais Do Congresso Brasileiro Da Associação Brasileira De Fisioterapia Traumato-Ortopédica - ABRAFITO, 5(1). Recuperado de https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/abrafito/article/view/2721