Características psicológicas em corredores com e sem dor femoropatelar. Um estudo caso-controle.

Autores

  • HYGOR FERREIRA DA SILVA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCar)
  • ELIANE DE MORAIS MACHADO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCar)
  • REBECA PEREIRA FERREIRA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCar)
  • FÁBIO VIADANNA SERRÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCar)

Resumo

CONTEXTUALIZAÇÃO: A dor femoropatelar (DFP) é uma condição frequentemente observada em corredores, impactando negativamente sua qualidade de vida e participação esportiva. Tradicionalmente, a DFP tem sido associada a fatores físicos e biomecânicos; no entanto, evidências mais recentes indicam que fatores psicológicos como ansiedade, depressão, medo do movimento (cinesiofobia) e catastrofização da dor podem influenciar a experiência da dor e os desfechos funcionais. Embora esses aspectos já tenham sido identificados em populações com DFP, ainda não está claro se corredores com DFP apresentam alterações psicológicas específicas quando comparados a corredores sem dor. OBJETIVOS: Investigar se corredores com DFP apresentam alterações nos aspectos psicológicos de cinesiofobia, catastrofização da dor, ansiedade e depressão em comparação a corredores sem DFP. MÉTODOS: Estudo caso-controle com 48 corredores (24 com DFP e 24 sem DFP), de ambos os sexos. Os participantes foram avaliados com os seguintes instrumentos: TAMPA Scale for Kinesiophobia (cinesiofobia), Pain Catastrophising Scale (catastrofização da dor) e Hospital Anxiety and Depression Scale (ansiedade e depressão). As comparações entre grupos foram realizadas por meio do teste t para amostras independentes, com alfa = 0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar (CAAE:75610623.0.0000.5504). RESULTADOS: Corredores com DFP apresentaram maior cinesiofobia e catstrofização da (p < 0,05) quando comparados aos corredores sem DFP. Não foram observadas diferenças significativas entre os grupos nos escores de ansiedade e depressão (p > 0,05). CONCLUSÕES: Os resultados indicam que corredores com DFP apresentam maiores níveis de medo do movimento (cinesiofobia) e pensamentos catastróficos em relação à dor, sugerindo alterações cognitivas e comportamentais específicas associadas à condição. Essas características podem contribuir para a persistência da dor e limitação funcional, mesmo em indivíduos fisicamente ativos. Por outro lado, não foram observadas diferenças nos escores de ansiedade e depressão entre os grupos, o que pode refletir um possível efeito protetor da prática regular da corrida sobre esses sintomas emocionais mais amplos. Assim, os impactos psicológicos da DFP em corredores parecem estar mais relacionados à experiência da dor do que a quadros de ansiedade ou depressão generalizados. IMPLICAÇÕES: Clínicos que atendem corredores com DFP devem incluir a avaliação de fatores psicológicos como cinesiofobia e catastrofização. Estratégias terapêuticas que combinem reabilitação física com abordagens cognitivas e educacionais podem promover melhores desfechos ao lidar tanto com as alterações físicas quanto com os comportamentos de evitação e crenças disfuncionais relacionados à dor.

Publicado

2025-09-11

Como Citar

FERREIRA DA SILVA, H., DE MORAIS MACHADO, E., PEREIRA FERREIRA, R., & VIADANNA SERRÃO, F. (2025). Características psicológicas em corredores com e sem dor femoropatelar. Um estudo caso-controle. Anais Do Congresso Brasileiro Da Associação Brasileira De Fisioterapia Traumato-Ortopédica - ABRAFITO, 5(1). Recuperado de https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/abrafito/article/view/2722