EFICACIA A CURTO PRAZO DO COLETE RIGO CHENEAU ASSOCIADO A FISIOTERAPIA NA REDUCAO DA ESCOLIOSE IDIOPATICA EM ADOLESCENTES: ESTUDO RETROSPECTIVO

Resumo

CONTEXTUALIZAÇÃO: Contextualização: A escoliose idiopática do adolescente (EIA) é uma deformidade tridimensional da coluna, de etiologia desconhecida, que acomete adolescentes entre 10 a 18 anos, sendo predominante no sexo feminino. O ângulo de Cobb é utilizado para mensuração da curvatura e, a depender de sua magnitude, os tratamentos podem variar de observação, tratamento cirúrgico ou conservador. O tratamento conservador, com uso de coletes e fisioterapia, busca reduzir a progressão da deformidade e evitar intervenções cirúrgicas, por se tratar de uma intervenção de alto índice de complicações que se estendem desde a infecção da ferida superficial aos déficits neurológicos. Além disso, o procedimento invasivo pode não alterar a dor, o emocional e o posicionamento das costelas, ocasionando eventualmente uma gibosidade residual, definida como alteração em rotação das vértebras e do gradil costal, visível ao exame físico. O colete Rigo Chêneau tem se destacado por considerar a tridimensionalidade da curvatura. No entanto, sua eficácia, a curto prazo, ainda é pouco documentada em adolescentes brasileiros. OBJETIVOS: Objetivos: Avaliar a eficácia a curto prazo (45 dias) do uso do colete Rigo Chêneau associado à fisioterapia na redução do ângulo de Cobb em adolescentes com EIA. Como objetivo secundário, comparou-se a resposta terapêutica entre pacientes com ângulos de Cobb superiores e inferiores a 25º. MÉTODOS: Métodos: O presente estudo apresenta delineamento observacional retrospectivo, com análise de 50 prontuários de pacientes de 10 a 18 anos diagnosticados com EIA, sem histórico de cirurgia prévia. Os pacientes foram divididos em dois grupos: grupo A (ângulo de Cobb >25º) e grupo B (ângulo de Cobb <25º). As mensurações do ângulo de Cobb foram feitas antes e após a intervenção, que consistiu no uso do colete Rigo Chêneau sob medida, associado à fisioterapia baseada nas diretrizes da Sociedade Ortopédica de Reabilitação e Tratamento da Escoliose (SOSORT). As medições foram realizadas utilizando software Surgimap Spine por avaliador único.Foi utilizado teste estatístico não paramétrico Wilcoxon , considerando nível de significância p<0,05. O avaliador selecionou a vértebra de alteração mais significativa na parte superior e inferior e, em seguida, por meio de algoritmos, o software realizou o cálculo do ângulo de Cobb automaticamente. Para a descrição das características sociodemográficas e clínicas dos prontuários, foram realizados cálculos de medida central e dispersão para idade. RESULTADOS: Resultados: Ambos os grupos apresentaram redução significativa do ângulo de Cobb após a intervenção. No grupo A, as reduções médias foram: torácica 17,6º (p<0,001), lombar 19º (p<0,001) e toracolombar 19,7º (p=0,021). No grupo B: torácica 8,3º (p=0,002), lombar 11,4º (p=0,008) e toracolombar 14,5º (p=0,005). A maior correção foi observada na região toracolombar. CONCLUSÕES: Conclusões: O uso do colete Rigo Chêneau associado à fisioterapia mostrou-se eficaz a curto prazo na redução do ângulo de Cobb em adolescentes com EIA, independentemente da magnitude inicial da curvatura. A região toracolombar apresentou maior resposta ao tratamento. IMPLICAÇÕES: Implicações: Os achados reforçam o potencial do tratamento conservador, a curto prazo, na abordagem precoce da escoliose idiopática, reduzindo a necessidade de intervenções cirúrgicas, ampliando o uso do colete Rigo Chêneau como opção terapêutica a curto prazo, associado à fisioterapia.