PREVALÊNCIA DE ESCOLIOSE EM INDIVÍDUOS GÊMEOS E NÃO-GÊMEOS: UM ESTUDO TRANSVERSAL

Autores

  • CAUÃ DRUMOND FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS (FCM-MG)

Resumo

CONTEXTUALIZAÇÃO: A escoliose é uma alteração postural e estrutural caracterizada por desalinhamento da coluna, podendo ocorrer nas regiões cervical, torácica ou lombar, com deformidades tridimensionais visíveis também no plano transverso. Além disto, indivíduos com esta condição de saúde podem apresentar significativas limitações funcionais significativas. Pode-se apresentar em formato de "C" (com apenas uma convexidade e concavidade) ou "S" (com duas convexidades e concavidades). Sua prevalência global é estimada em 0,5–1,0 por 1.000 nascidos. A forma convencional de diagnosticar e acompanhar a escoliose é por meio do ângulo de Cobb, realizado por meio de radiografia. Entretanto, por ser um método utilizando raios ionizantes, pode ser utilizado teste do escoliômetro, utilizando-se um inclinômetro no local de gibosidade, no teste de Adams. Apesar da etiologia ainda não ser completamente elucidada, evidências apontam fatores genéticos, intrauterinos e ambientais como possíveis causas. Estudos com gêmeos monozigóticos sugerem que experiências adversas entre a quinta e oitava semana gestacional podem contribuir para malformações da coluna. Entretanto, não se sabe se gêmeos apresentam maior prevalência de escoliose em relação indivíduos não-gêmeos, sendo assim é necessário investigar se há maior prevalência de escoliose nos indivíduos gêmeos em comparação com os não gêmeos. OBJETIVOS: Avaliar a prevalência de escoliose em indivíduos gêmeos (monozigóticos e dizigóticos) e não gêmeos, comparando os valores angulares obtidos por meio do escoliômetro entre os grupos. MÉTODOS: O  presente estudo apresenta delineamento observacional transversal. Para avaliar o ângulo da coluna vertebral, foi utilizado inclinômetro digital validado (aplicativo de smartphone), posicionado no ponto mais proeminente da gibosidade, realizado apenas por uma avaliadora, com o voluntário na postura em flexão ortostática (teste de Adams). Voluntários que apresentavam valor superior a 23,3º foram considerados com valores preditores para escoliose. A coleta de dados foi realizada em Belo Horizonte/MG e região metropolitana, mediante a leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A amostra foi composta por 32 participantes, sendo 16 gêmeos (univitelinos e bivitelinos) e 16 não gêmeos. RESULTADOS: Houve diferença estatisticamente significativa p < 0,05 (p = 0,019), com maior prevalência de valores angulares preditores de escoliose em indivíduos não gêmeos. No grupo não gêmeo, 8 dos 16 participantes (50%) apresentaram escoliose, enquanto apenas 1 dos 16 gêmeos (6,25%) apresentou tal condição. No total, 28,12% dos participantes apresentaram valores compatíveis com escoliose. CONCLUSÕES: A prevalência de preditores de escoliose foi significativamente maior em indivíduos não gêmeos comparados aos gêmeos p < 0,05 (0,001). Além disso, a média da angulação foi maior nesse grupo. Os resultados sugerem que fatores ambientais e externos exercem maior influência na prevalência e gravidade da escoliose do que os fatores genéticos, hereditários ou formação intrauterinos em indivíduos gêmeos. Como complemento, outros estudos podem investigar a prevalência de escoliose de gêmeos, comparado a não-gêmeos, com amostra maior. IMPLICAÇÕES: Este estudo reforça a relevância de considerar o papel de fatores ambientais na etiologia da escoliose. Além disso, clinicamente, parece que ser gêmeo não seria um fator causal ou contribuinte para condição escoliose.

Publicado

2025-09-11

Como Citar

DRUMOND, C. (2025). PREVALÊNCIA DE ESCOLIOSE EM INDIVÍDUOS GÊMEOS E NÃO-GÊMEOS: UM ESTUDO TRANSVERSAL. Anais Do Congresso Brasileiro Da Associação Brasileira De Fisioterapia Traumato-Ortopédica - ABRAFITO, 5(1). Recuperado de https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/abrafito/article/view/2751