Avaliação e intervenção fisioterapêutica em atleta de voleibol com hipercifose torácica: um estudo de caso

Resumo

CONTEXTUALIZAÇÃO: A coluna vertebral é composta por 4 curvaturas fisiológicas: cervical, torácica, lombar e sacral. A curvatura torácica é denominada de cifose e, quando excede sua angulação fisiológica, é denominada de hipercifose. A hipercifose pode apresentar impactos negativos na saúde geral do indivíduo, como limitações funcionais e no desempenho físico, tanto para tarefas complexas, quanto para atividades de vida diária. Pode-se inferir, portanto, que estas alterações músculo-esqueléticas que afetam a funcionalidade, podem também afetar o desempenho esportivo. OBJETIVOS: O presente estudo tem como objetivo relatar a avaliação e intervenção fisioterapêutica com exercícios de fortalecimento e mobilidade articular em um atleta de voleibol com hipercifose torácica. MÉTODOS: Este relato de caso aborda a intervenção em um atleta de voleibol universitário de 22 anos diagnosticado com hipercifose torácica, praticante deste esporte desde seus 15 anos de idade. A intervenção presencial e as avaliações foram realizadas na Universidade Federal de Pelotas/RS. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob protocolo 6.561.467. Foi avaliado, pelo software Digital Image-based Postural Assessment (DIPA), a coluna vertebral no plano sagital, através de marcadores pré estabelecidos dispostos em pontos anatômicos do atleta. Por meio da análise do programa, obtiveram-se dados como relação de distância entre o fio de prumo (linha vertical de referência para calibragem do software) com diversos pontos anatômicos como o Tragus direito, Acrômio direito, Trocânter Maior do Fêmur direito e Tuberosidade do Côndilo Lateral do Fêmur direito. Outras métricas também foram geradas, como a Posição da Cabeça, Ângulo da Lordose Cervical e Ângulo da Cifose Dorsal. Por conseguinte, foi desenvolvido um plano de intervenção de acordo com as necessidades do paciente, a fim de reduzir a curvatura hipercifótica. A intervenção foi dividida em exercícios de mobilidade, flexibilidade e fortalecimento muscular, realizados em um período de 12 semanas de forma presencial. Assim, também foram indicados exercícios com os mesmos propósitos para serem realizados em sua casa, de forma remota, com uma frequência de 2 vezes na semana. RESULTADOS: O resultado da análise postural gerado pelo DIPA demonstrou que os dados de pré e pós intervenção do Teste do Fio de Prumo foram classificados como “Desequilíbrio Postural Anterior” (DPA), entretanto, houve uma diminuição entre a distância dos pontos anatômicos e o fio de prumo no pós-intervenção, indicando uma diminuição do DPA. Já a medida de posição da cabeça foi alterada de “anteriorização” para “cabeça em posição neutra”. A medida do Ângulo de Lordose Cervical partiu de “diminuída” para “fisiológica”. CONCLUSÕES: A intervenção fisioterapêutica com um programa de exercícios de fortalecimento, alongamento e mobilidade geraram resultados positivos na reabilitação postural de um atleta jovem-adulto com hipercifose torácica, respeitado um período e frequência de no mínimo 12 semanas, 2 vezes na semana, e o DIPA é uma ótima ferramenta para avaliar e comparar a evolução deste tipo de intervenção. IMPLICAÇÕES: Este estudo apresenta informações quanto a eficácia de um programa de exercícios para auxiliar na redução da hipercifose torácica.