Relação do Desempenho Entre os Saltos Vertical e Horizontal Com a Força Muscular Após Reconstrução Do Ligamento Cruzado Anterior.

Resumo

CONTEXTUALIZAÇÃO: O processo de retorno ao esporte após a reconstrução do ligamento cruzado anterior (RLCA) envolve um período de tempo prolongado e deve apresentar uma progressão baseada em critérios, incluindo testes de saltos e simetria de força muscular isocinética de quadríceps e isquiotibiais maior ou igual a 90%. Os testes de salto têm sido comumente empregados na avaliação de pacientes após RLCA e são projetados para avaliar o desempenho funcional do joelho lesionado com ampla utilização no cenário clínico. OBJETIVOS:  Verificar a relação entre o desempenho do salto vertical com o salto horizontal e de ambos os saltos com a força muscular de quadríceps e isquiotibiais em pacientes que passaram por RLCA. MÉTODOS: Estudo transversal conduzido com 80 participantes de ambos os sexos que passaram por RLCA, independentemente do tipo de enxerto e que estivessem entre 6 e 24 meses de pós-operatório. Os participantes preencheram uma ficha de avaliação com características clínicas e antropométricas. Em seguida, realizaram um aquecimento de 5 minutos na bicicleta ergométrica. A avaliação do desempenho dos saltos verticais - single leg vertical jump (SLVJ) e single leg drop jump (SLDJ) - foi realizada através da plataforma de força. A altura do salto foi utilizada para análise. Para os saltos horizontais - single hop for distance (SHD) e crossover hop for distance (CHD) - foi utilizada uma faixa de 6 metros com espessura de 15 centímetros. A distância do salto foi utilizada para análise. A força muscular de quadríceps e isquiotibiais foi avaliada pelo dinamômetro isocinético a 60°/s. A correlação entre os saltos verticais e horizontais com a força muscular foi analisada pelo coeficiente de correlação de Pearson, assumindo significância de 5%. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará/PROPESQ (6.846.530). RESULTADOS: Oitenta participantes pós-RLCA foram incluídos no estudo. Foram encontradas correlações positivas fortes do SLVJ com o SHD (r = 0,758) e o CHD (r = 0,718), além de forte correlação do SLDJ com o SHD (r = 0,715) e moderada a boa correlação com o CHD (r = 0,691). Foi encontrada uma correlação moderada a boa tanto do SLVJ (r = 0,574) e SLDJ (r = 0,598), quanto do SHD (r = 0,652) e CHD (r = 0,616) para a força extensores do joelho. O SLVJ e SLDJ apresentou correlação fraca (r = 0,397 e r = 0,393, respectivamente) e o SHD (r = 0,533) e CHD (r = 0,607) correlação moderada a boa para a força de flexores do joelho. CONCLUSÕES: O desempenho nos saltos verticais, como a altura do salto, tem uma relação positiva forte com a distância nos saltos horizontais. Além disso, as correlações do salto horizontal com a força de extensão e flexão de joelho foram maiores em relação ao salto vertical. IMPLICAÇÕES: As descobertas deste estudo podem ser úteis para os clínicos ao longo de um protocolo de reabilitação para pacientes pós-RLCA, reforçando e ampliando o conhecimento acerca dos principais testes de saltos e sua relação com a força muscular.