CARGA PRESCRITA OU AUTO SELECIONADA: QUAL GERA MAIOR GANHO DE TORQUE NOS MEMBROS SUPERIORES?
Resumo
CONTEXTUALIZAÇÃO: O treinamento resistido (TR) é amplamente utilizado para melhorar força, potência, hipertrofia e resistência muscular. Em indivíduos sedentários, o progresso no TR estimula maior recrutamento de unidades motoras e adaptações neurais. Uma forma comum de prescrição envolve o uso de cargas relativas à repetição máxima (RM). Cargas leves de aproximadamente 45-55% do 1RM, já demonstram ser eficazes para aumentar a força em indivíduos destreinados. Contudo, a imposição de carga pode reduzir a autonomia do praticante e afetar negativamente sua relação com a prática. Permitir que o próprio indivíduo selecione a carga pode aumentar o conforto e o controle durante o treino. OBJETIVOS: Comparar o ganho de torque entre protocolos de treinamento resistido com carga prescrita e carga auto selecionada. MÉTODOS: Trata-se de um ensaio clínico randomizado cego com 46 adultos saudáveis, que não praticavam fortalecimento muscular há pelo menos três meses. O estudo teve quatro fases: avaliação, randomização e cegamento, treinamento e reavaliação. Os participantes foram divididos em três grupos: carga prescrita (GP), carga auto selecionada (GA) e controle (GC). O treinamento ocorreu durante oito semanas, com duas sessões semanais dos exercícios bíceps rosca e tríceps testa, sendo realizadas 3 séries de 15 repetições por exercício, com 1 minuto de intervalo. A força muscular foi avaliada com dinamômetro isométrico, por meio de três repetições com contração máxima de 5 segundos e intervalo de 30 segundos entre elas. No grupo prescrito, a carga foi definida por tentativa e erro para determinar o 1RM, iniciando com 45% de 1RM e evoluindo para 55%. No grupo de carga auto selecionada, os participantes escolhiam a carga que permitisse boa execução e esforço moderado ao final das séries. O grupo controle não realizou treino de membros superiores. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFSC (protocolo n° 64708522.1.0000.0121). A análise estatística foi realizada por média ± desvio padrão e ANOVA. Nível de significância adotado foi de p < 0,05. O tamanho de efeito foi calculado pelo D de Cohen. RESULTADOS: Os grupos de prescrição e controle tiveram 15 participantes cada e o grupo de auto seleção de carga contou com 16 voluntários. Ao final, 41 indivíduos completaram o protocolo. Não houve diferenças significativas entre os grupos para força dos extensores (p > 0,08) e flexores (p > 0,1) de cotovelo. No entanto, na análise intragrupo ao longo das oito semanas, apenas o grupo prescrição apresentou aumento no torque: +2,0±3,2N para extensores e +2,6±4,2N para flexores. O grupo controle teve quedas de -1,3±3,2N (extensores) e -1,1±4,2N (flexores), enquanto o grupo de carga auto selecionada apresentou maiores reduções: -2,7±3,1N e -6,0±4,0N, respectivamente. CONCLUSÕES: O protocolo com carga prescrita foi mais eficaz para o ganho de força muscular em indivíduos destreinados. Apesar da ausência de diferenças estatísticas entre grupos, somente o grupo prescrição apresentou aumento de torque ao longo das oito semanas. IMPLICAÇÕES: A prescrição de cargas leves (45-55% do 1RM) pode ser uma estratégia eficaz para iniciantes. Embora a auto seleção favoreça autonomia e conforto, ela pode ser insuficiente para promover ganho de torque a curto prazo.Publicado
2025-09-11
Como Citar
BUFON, T., BORTOLOZZO LEITÃO, L., WEINGARTNER, B. L., BRUSCHI, M., MARINHO E LIMA, K. M., & HAUPENTHAL, A. (2025). CARGA PRESCRITA OU AUTO SELECIONADA: QUAL GERA MAIOR GANHO DE TORQUE NOS MEMBROS SUPERIORES?. Anais Do Congresso Brasileiro Da Associação Brasileira De Fisioterapia Traumato-Ortopédica - ABRAFITO, 5(1). Recuperado de https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/abrafito/article/view/2780
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Resumo