A RELAÇÃO DA PAIXÃO COM INTENSIDADE DA CORRIDA, VOLUME SEMANAL DE TREINO E LESÕES EM CORREDORES RECREACIONAIS
Abstract
Introdução: A paixão é um sentimento que nutre a motivação, compelindo o indivíduo a dedicar energia e tempo significativos na prática apaixonada. Esse comportamento é observado em corredores apaixonados que, pelo modelo dualístico de paixão, podem ser divididos em dois tipos, a paixão harmoniosa (PH), que desenvolvem um engajamento equilibrado e a paixão obsessiva (PO), que são compelidos a uma prática compulsiva. A alta prevalência de lesões é uma problemática vivenciada por corredores, a alta intensidade da corrida e o alto volume de treino semanal são apontados como possíveis fatores de risco. É possível que o tipo de paixão possa estar influenciando no modo que essa população gerencia a prática, sendo um aspecto ainda pouco investigado na sua relação com as lesões em corredores. Objetivo: Verificar a relação entre o tipo de paixão com a intensidade, o volume de treino semanal e lesões em corredores recreacionais. Método: Trata-se de um estudo transversal e quantitativo com participação de 32 corredores recreacionais de provas acima de 15km e com um mínimo de seis meses de prática de corrida. Foram aplicados os questionários de Acompanhamento de Rotina de Corrida e de Paixão. As análises descritivas foram apresentadas em média e desvio padrão. Para análise dos dados foi realizada a correlação de Pearson e a regressão linear simples, e significância estatística adotada quando p<0,05. Resultados: Os corredores recreacionais apresentaram 37,34 ± 9,526 anos, 24,59 ± 3,92 kg/m², 7,11 ± 7,19 anos de prática de corrida e 42,72 ± 25,62 km/sem de treinamento. Um total de 78,2% dos participantes relatou lesões relacionadas a corrida. A PO apresentou correlação significativa com maiores volumes semanais (r=0,447; p<0,05) e maior intensidade de treino (r=-0,468; p<0,05), entretanto, associou-se mais fortemente com a intensidade do que com o volume. Não houve correlação entre lesão e PO (p=0,77), como também, entre lesão e maior intensidade de treinamento (pace<5min30seg) (p = 0,41). O aumento de 1 ponto nos escores de paixão obsessiva, repercute no aumento de 6,229 km no volume semanal de treino e em uma redução de 0,329 segundos no pace. Com isso, a PO explica 14,4% do aumento no volume semanal e 19,7% da intensidade de treinamento. Conclusão: O presente estudo é um dos poucos a avaliar a relação da paixão com a intensidade, volume semanal de treinamento e lesões em corredores recreacionais, e reforça que maiores escores de PO influenciam no aumento de volume e na intensidade de treinamento e que, em contrapartida, isso não resulta no aumento do número de lesões.