AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR DE QUADRIL E TRONCO ENTRE INDIVÍDUOS COM E SEM DOR NO OMBRO: UM ESTUDO TRANSVERSAL DE FATORES DA CADEIA CINÉTICA
Abstract
INTRODUÇÃO: Alterações de força muscular em componentes da cadeia cinética podem comprometer a transmissão de energia entre os segmentos corporais e sobrecarregar estruturas adjacentes como o complexo do ombro. As regiões de quadril e tronco compõem o elo central da cadeia cinética e, embora déficits de força muscular já tenham sido observados em atletas com dor no ombro, tais aspectos ainda não foram explorados no público de não-atletas. OBJETIVO: Comparar o pico de força isométrica de músculos de quadril e tronco entre indivíduos não-atletas com e sem dor no ombro. MÉTODOS: Participaram do estudo 28 indivíduos sem histórico de condições reumatológicas e/ou traumas/cirurgias na região do ombro (com dor: n = 14 [10 mulheres]; 26,9 ± 7,7 anos; 22,8 ± 2,3 Kg/m²; sem dor: n = 14 [6 mulheres]; 27,0 ± 13,3 anos; -24,4 ± 3,1 Kg/m²). Foram realizadas avaliações da força muscular isométrica de músculos do quadril (flexores e, por meio do Hip Stability Isometric Test [hipSIT], os abdutores/extensores/rotadores laterais) e tronco (rotadores e extensores) utilizando o ©Lafayette Hand Held Dynamometer 01165. Com exceção da avaliação dos extensores do tronco, as demais foram realizadas nos lados dominante (D) e não dominante (ND). Cada indivíduo realizou duas contrações isométricas máximas durante cinco segundos (30 segundos de descanso entre elas). Em casos de variação > 10%, um terceiro valor foi coletado e a média entre os valores mais próximos foi calculada e normalizada pelo peso corporal (N/Kg). Os dados foram analisados pelo IBM® SPSS 22 e apresentaram distribuição não-normal (Shapiro-Wilk), sendo o teste de Mann-Whitney U utilizado. O nível de significância foi fixado em 5% e o tamanho de efeito (d) foi calculado. RESULTADOS: Quando comparado aos assintomáticos, indivíduos com dor no ombro apresentaram menores valores de força isométrica dos músculos flexores do quadril do lado D (diferença média [DM] = 122,8 N/Kg; p = 0,02; d = 0,9), rotadores (DM, lados D/ND = 33,5/63 N/Kg; p < 0,03; d = 0,6/1,1) e extensores do tronco (DM = 97,6 N/Kg; p = 0,03; d = 0,8). Não foram observadas diferenças intergrupos estatisticamente significativas para a força dos flexores do quadril (lado ND) e hipSIT (D/ND) (p > 0,05). CONCLUSÃO: Indivíduos com dor no ombro apresentam redução de força isométrica em músculos flexores do quadril (lado D) e tronco em comparação aos assintomáticos (tamanho de efeito médio-grande). Tais achados sugerem que uma avaliação fisioterapêutica mais ampla e que considere fatores da cadeia cinética pode ser relevante em indivíduos com dor no ombro fora do âmbito esportivo.