PREVALÊNCIA E GRAU DE CINESIOFOBIA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM FIBROMIALGIA JUVENIL
Abstract
Introdução: A fibromialgia juvenil (FMJ) é uma condição de dor musculoesquelética crônica associada, principalmente a fadiga e distúrbio do sono, que contribuem para limitação funcional, sintomas depressivos e prejuízos na qualidade de vida. Apesar da recomendação da prática de exercícios físicos como manejo da dor nesta população, observa-se comportamento de inatividade prolongada, sedentarismo e alterações biomecânicas. O medo do movimento relacionado à dor pode contribuir para pior desempenho funcional e maior sensibilidade à dor. Objetivo: Investigar a presença e o grau de cinesiofobia em crianças e adolescentes com FMJ. Métodos: Foi realizado um estudo transversal, descritivo, como parte de um estudo maior de viabilidade. Foram incluídas crianças e adolescentes com idade entre 8 e 18 anos com diagnóstico de FMJ, que aceitassem participar da avaliação. O estudo seguiu as recomendações e diretrizes Strengthening the Reporting of Observational studies in Epidemiology (STROBE). Foi aplicada a Escala Tampa para Cinesiofobia e um questionário para coletar dados sociodemográficos e clínicos, através de videoconferência. Coletou-se idade, gênero, presença de limitação funcional devido à dor, intensidade média da dor na última semana pela escala numérica da dor e escore de cinesiofobia. Os dados obtidos foram submetidos à análise exploratória descritiva por meio do programa estatístico BioEstat5.0 e resultados expressos em média, desvio padrão e percentual (%). Resultados: A amostra foi constituída por 12 participantes, com média de idade 14 ± 2,7 anos e 75% do sexo feminino. Limitação funcional para atividades diárias foi relatada por 83% dos participantes. Dor moderada foi relatada por 50% da amostra e dor intensa pelo restante. A prevalência de cinesiofobia foi de 67%, sendo que 33% apresentaram cinesiofobia leve, 58% moderada e 8% grave. O escore médio de cinesiofobia foi de 38,1 ± 8,1 pontos. Conclusão: A presença de cinesiofobia é alta, com predomínio do grau de cinesiofobia moderado. Os achados mostram impacto nas atividades funcionais e predomínio de dor moderada a intensa. O medo do movimento pode se relacionar com falta de confiança para realizar atividades e maiores níveis de dor, e acarretar maior comportamento sedentário e pior qualidade de vida nesses indivíduos. Portanto, conhecer os níveis de cinesiofobia permite estabelecer estratégias que aumentem o engajamento na realização de exercício físico e favoreçam melhor comportamento funcional.