QUALIDADE DO SONO E SEDENTARISMO EM IDOSOS COM DOR LOMBAR CRÔNICA
Abstract
Introdução: Estima-se que até 88% dos indivíduos com dor crônica musculoesquelética possuem queixas do sono. A relação entre essas duas variáveis é descrita pela literatura como bidirecional, embora estudos evidenciem maior influência da má qualidade do sono sobre a dor. No entanto, essa relação não é linear e sofre influência de outros fatores, como o sedentarismo. O sedentarismo associa-se a um maior risco de desenvolver insônia e outros distúrbios do sono, assim como, é prevalente em indivíduos com problemas crônicos de saúde, como os idosos. Em contrapartida, a atividade física (AF) regular gera benefícios tanto na melhora do sono, quanto da dor. Além de ser uma alternativa à terapia medicamentosa e na diminuição do risco de hospitalizações e mortalidade. Objetivos: Mensurar a qualidade do sono em idosos com dor lombar crônica e comparar a qualidade do sono e intensidade da dor entre idosos que praticam e não praticam AF. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, aprovado pelo Comitê de ética da Universidade Federal de Minas Gerais (CAE: 49334621.2.00005149). Foram recrutados idosos a partir dos 60 anos, com queixa de dor lombar (DL) inespecífica há no mínimo 3 meses, que procuravam atendimento na atenção primária. Foram excluídos idosos com déficit cognitivo identificado por meio do Leganés Cognitive Test (pontuações > 4 pontos), DL aguda, pós cirúrgicos recentes e suspeitas de patologias graves. Dados sociodemográficos, incluindo “prática regular de AF”, foram coletados. A qualidade do sono foi mensurada por meio do Índice de qualidade do sono de Pittsburgh (0-21), onde pontuações acima de 5 pontos indicam má qualidade e a intensidade da dor (dos últimos 7 dias), foi mensurada por meio da Escala Numérica de dor (END) (0-10), onde 0 representa ausência de dor e 10 pontos a pior dor possível. Para caracterização da amostra foi usado médias (desvios padrões) e porcentagens. O Mann-Whitney U Test foi usado para comparar a distribuição dos scores do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh e da END, entre idosos sedentários e ativos (significativo quando p<0,05) e os resultados foram expressos por meio de medianas (intervalos interquartis Q1 e Q3). Resultados: Participaram do estudo 99 indivíduos. Destes, 68% eram do sexo feminino, idade média de 69,8 (± 6,7) anos e IMC médio de 27,5 (±5,2) kg/m². Possuíam em média 5,5 (±2,2) comorbidades e utilizavam em média 3,7 (±2,5) medicamentos e a maioria eram sedentários (63%). Os idosos sedentários apresentaram pior qualidade de sono comparado ao grupo de idosos ativos (mediana de 10 (6,5-12,5) e 6,5 (5-8) pontos, respectivamente; p=0.00). Em relação a intensidade da dor, não foram observadas diferenças significativas entre sedentários e ativos (mediana de 8 (6,25-10) e 7 (6-8) pontos, respectivamente; p=0.11). Conclusão: Este estudo corrobora com achados de outras pesquisas. Estudos futuros devem investigar o nível de incapacidade funcional relacionado à DL crônica em relação a estes outros fatores.