Protocolo de mobilização ativa precoce após reparo do tendão flexor: Relato de experiência de um caso

Authors

  • BEATRIZ NUNES DI SPIRITO Hospital das Clínicas
  • HELOISA CORREA BUENO NARDIM Hospital das Clínicas
  • RAQUEL METZKER MENDES SUGANO Hospital das Clínicas
  • AMIRA MOHAMEDE HUSSEIN Hospital das Clínicas
  • NILTON MAZZER Universidade de São Paulo (USP)
  • MARISA DE CÁSSIA REGISTRO FONSECA Hospital das Clínicas

Abstract

Introdução: Os tendões flexores da mão são cruciais para função e mobilidade da mão. Lesões tendinosas podem requerer reparo, levando a um comprometimento da função devido ao tempo de imobilização e aderências cicatriciais. Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 66 anos na data do trauma, apresentou FCC por arma branca em zona V, com lesão dos tendões dos mm flexor ulnar do carpo e flexores profundos do 4º e 5º dedos, associada às lesões da artéria ulnar e do nervo ulnar. Após tenorrafia, neurorrafia e arteriorrafia, paciente foi imobilizado por 4 semanas com tala gessada dorsal em 0-30º de extensão do punho, 45-60º de flexão da articulação MCF e extensão das articulações IFs. No pós-operatório imediato foram orientados exercícios de mobilização passiva de flexo-extensão dos dedos até o limite da tala em 15 vezes por articulação a cada 2 horas. Após 7 dias de reparo, foi iniciado o protocolo ativo precoce consistindo em: mobilização passiva para flexão e ativa para a extensão dos dedos até o limite da tala; retirada da imobilização para realização do exercício de tenodese e exercício de flexão ativa dos dedos até quatro dedos de distância da prega palmar distal. Durante as 3 semanas subsequentes foram mantidos os exercícios, no entanto, com progressão da flexão ativa. O paciente foi orientado a manter a frequência de exercícios e recebeu cartilha ilustrada com as informações. Após 4 semanas, foi retirada a imobilização e o paciente seguiu com exercícios ativos de punho e dedos, alongamento protegido e deslizamento tendinoso diferencial. Na 8º semana foram iniciados exercícios resistidos e alongamento composto de flexores de punho e dedos. O paciente manteve frequência de atendimento semanal, totalizando 24 semanas de segmento até a alta. Em avaliação final, apresentava limiar sensitivo alterado em território de n. ulnar com ausência de discriminação térmica e preservação da sensibilidade dolorosa; força de preensão palmar pelo dinamômetro isométrico de 15kgf no membro acometido e de 34kgf no membro não acometido; força de pinças polpa a polpa, trípode e lateral de 4kgf no membro acometido e de 8kgf para pinça lateral e 6kgf para pinça polpa a polpa e trípode no membro não acometido. Obteve 7 pontos no Índice de Kapandji e 33 pontos no questionário QuickDash, com ausência de deformidade em garra ulnar e queixas funcionais. Foi avaliado o total active motion (TAM) do segundo (65%), terceiro (59%), quarto (57%) e quinto (54%) dedos, sendo classificado como resultado regular (50%-74%) após reparo. Considerações finais: Os resultados sugerem que o protocolo de mobilização ativa precoce apresentou um desfecho favorável na recuperação funcional e melhora dos parâmetros avaliados neste paciente. A boa evolução clínica do quadro também pode estar associada a zona de lesão e ausência de acometimento de outros tendões da mão. No entanto, novos estudos são necessários para avaliar o efeito deste protocolo em pacientes submetidos ao reparo do tendão flexor.

Published

2025-01-08

How to Cite

BEATRIZ NUNES DI SPIRITO, HELOISA CORREA BUENO NARDIM, RAQUEL METZKER MENDES SUGANO, AMIRA MOHAMEDE HUSSEIN, NILTON MAZZER, & MARISA DE CÁSSIA REGISTRO FONSECA. (2025). Protocolo de mobilização ativa precoce após reparo do tendão flexor: Relato de experiência de um caso. Anais Do Congresso Brasileiro Da Associação Brasileira De Fisioterapia Traumato-Ortopédica - ABRAFITO, 4(1). Retrieved from https://seer.uftm.edu.br/anaisuftm/index.php/abrafito/article/view/2500