DINAPENIA E DÉFICIT DE EQUILÍBRIO EM IDOSOS: EVIDÊNCIAS DO ELSI-BRASIL
Abstract
INTRODUÇÃO: O envelhecimento está associado a mudanças nos diversos sistemas corporais, como perda de força muscular, denominada dinapenia. Além disso, os mecanismos de controle do equilíbrio também são afetados com o envelhecimento. Acredita-se que o comprometimento do equilíbrio possa levar à restrição de mobilidade e, por consequência, à dinapenia. OBJETIVOS: Identificar a associação entre déficit de equilíbrio e dinapenia em idosos brasileiros. MÉTODOS: Estudo transversal com dados da primeira onda do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil, CAAE 34649814.3.0000.5091). Foram selecionados 4272 idosos acima de 60 anos, com dados completos, sem doenças neurológicas (Parkinson, AVE e doença de Alzheimer) e que não consumiam álcool, conforme o NIAAA. As variáveis de interesse foram dinapenia e déficit de equilíbrio. A dinapenia foi avaliada pela média das três medidas da Força de Preensão Manual, e classificada como <26kg para homens e <16kg para mulheres. O equilíbrio foi avaliado pelo tempo permanecido em três posições: lado a lado, semi-tandem e tandem. Os participantes tinham que permanecer, 10 segundos em cada posição para aqueles com idade >70 anos e, 30 segundos para aqueles com idade inferior. Os participantes foram agrupados em categorias: alcançaram o tempo máximo no tandem, não alcançaram o tempo máximo no tandem e não tentaram (aqueles que não tentaram a posição lado a lado ou que mantiveram menos tempo que o exigido na posição semitandem). As covariáveis utilizadas foram sexo, idade, estado civil, escolaridade, renda per capita, teste de caminhada, depressão, IMC, multimorbidade, hospitalização no último ano, participação em atividades sociais, quedas, déficit de audição, polifarmácia e atividade física moderada e vigorosa. Para a análise estatística foi utilizado o Stata 16.0 para calcular as frequências, associações e razões de prevalências brutas e ajustadas. RESULTADOS: Entre os incluídos, 29,7% (IC95%:26,9-32,6) tinham dinapenia e 60,3% (IC95%:56,2-64,3) alcançaram o tempo máximo no tandem. A análise ajustada demonstrou que aqueles que não atingiram o tempo determinado para o teste de equilíbrio ou não participaram têm prevalência 41% (IC95%:1,2-1,6) maior de dinapenia. Além disso, aqueles os com velocidade de marcha <0,8m/s tiveram 1,5 (IC95%:1,3-1,83) vezes maior prevalência de dinapenia, além daqueles com idade acima de 80 anos (RP:2,5; IC95%:2,1-2,9), que sofreram uma queda nos últimos 12 meses (RP:1,2; IC95%:1,1-1,3) e que realizam menos de 150 minutos de atividade física moderada e vigorosa (RP:1,2; IC95%:1,0-1,3). Por fim, daqueles com obesidade (RP:0,8; IC95%:0,7-0,9) e aqueles no segundo tercil de participação em atividade sociais (RP:0,7; IC95%:0,6-0,8) tiveram menor prevalência de dinapenia. CONCLUSÃO: Não ter alcançado o tempo máximo no tandem, ter a velocidade rápida da marcha e ter idade acima de 80 anos foram os principais fatores associados à dinapenia.