INDIVÍDUOS COM MIGRÂNEA CRÔNICA APRESENTAM ALTERAÇÕES SOMATOSSENSORIAIS NA FASE INTERICTAL: CASO-CONTROLE
Abstract
Introdução: Migrânea consiste numa cefaleia primária caracterizada por hipersensibilidade a estímulos, sendo classificada como condição crônica a partir da recorrência de 15 dias por mês, dos quais, pelo menos, 8 dias apresentam características típicas da migrânea. Supõe-se que haja ativação e envolvimento de diversas áreas cerebrais, seja desencadeando uma crise migranosa, ocasionando a dor, ou até mesmo na presença dos sintomas associados que ocorrem na duração da crise. Na maior parte das vezes, esses aspectos somatossensoriais não são incluídos na avaliação durante a fase interictal de indivíduos com migrânea crônica. Objetivo: Investigar a apresentação clínica dos aspectos somatossensoriais em indivíduos com migrânea crônica durante a fase interictal em comparação com indivíduos saudáveis. Métodos: Estudo caso-controle, conduzido em indivíduos com migrânea crônica e indivíduos saudáveis ??de janeiro de 2019 a fevereiro de 2020. As seguintes variáveis foram mensuradas: somação temporal, modulação condicionada da dor, limiar de dor por pressão nos músculos temporais, frontais, masseteres, esternocleidomastoides, trapézios superiores e tibial anterior, sintomas de sensibilização central pelo Inventário de Sensibilização Central (Central Sensitization Inventory) e os sintomas alodinicos por meio do Checklist de 12 itens de Sintomas Alodinicos (12 item Allodynia Symptom Checklist). Foi utilizado o software GraphPad Prism versão 6.0 para análise dos dados. Resultados: Trinta e dois indivíduos com migrânea crônica (GM) e 22 participantes no grupo controle saudável (GC) foram adicionados neste estudo. No teste de somação temporal, a amplificação da dor apresentou diferença significativa em todos os momentos analisados, considerando que os limiares de dor por pressão foram significativamente menores nos três momentos de mensuração no grupo GM em comparação ao GC no teste de modulação condicionada da dor. O limiar de dor por pressão nos músculos da cabeça, do pescoço e no músculo tibial anterior direito foram significativamente menores no GM em comparação ao GC. Os escores do Inventário de Sensibilização Central foram equivalentes à média de 56 pontos, indicando níveis de gravidade moderados para os sintomas de sensibilização central no grupo GM. Enquanto os sintomas alodinicos foram graves em sua maioria no grupo GM. Conclusão: Indivíduos com migrânea crônica exibiram alterações nos aspectos somatossensoriais identificados por meio da amplificação da magnitude de resposta a dor, distúrbio nos mecanismos de inibição endógena da dor e hiperalgesia quando comparados aos indivíduos controles saudáveis.