ANÁLISE DE MARCHA DE INDIVÍDUOS COM ESCORREGAMENTO EPIFISÁRIO PROXIMAL DO FÊMUR
Abstract
Introdução: O Escorregamento Epifisário Proximal do Fêmur (EEPF) é o distúrbio do quadril mais comum em adolescentes. Indivíduos com EEPF podem ter padrões alterados de marcha, além de dores que pioram com atividade física. O tratamento do EEPF é cirúrgico, e os estudos têm avaliado o resultado de forma subjetiva, clínica e radiológica, no entanto, os aspectos funcionais, especialmente a influência da cirurgia na marcha tem sido negligenciado. Objetivo: Investigar diferenças entre indivíduos com tratamento cirúrgico para EEPF e controles saudáveis no que diz respeito à cinemática da marcha no plano sagital, frontal e transversal. Métodos: Trata-se de estudo observacional, no qual foram incluídos indivíduos com e sem EEPF, de ambos os sexos, com idade entre 9 e 19 anos. A avaliação tridimensional da marcha foi feita com sistema de captura Qualisys com 8 câmeras infravermelhas Oqus 300 operando em 120hz e dezenove marcadores posicionados em pelve e membros inferiores. O processamento de dados foi realizado com o Software Visual3D® (C-MOTION). Utilizando o software MATLAB 2014a foram separados os pontos de interesse. As análises estatísticas foram realizadas através de regressão linear de efeitos mistos comparando grupo EEPF e controle. Esse estudo foi aprovado pelo Conselho de Ética e Pesquisa (nº 942.952 e 2.357.360). Resultado: Participaram do estudo 20 indivíduos (12 com EEPF e 8 controles). No plano sagital, o grupo EEPF apresentou valores significativamente maiores de anteversão de pelve (p=0,01), extensão de joelho (p<0,01), flexão de joelho (p<0,01), dorsiflexão de tornozelo (p<0,01) durante a marcha quando comparados ao grupo controle. Não houve diferença significativa entre os grupos para flexão do quadril (p=0,13), extensão do quadril (p=0,1), e flexão plantar (p=0,93). No plano frontal, o grupo EEPF apresentou valores significativamente menores de elevação pélvica (p<0,01), abaixamento da pelve (p<0,01) e abdução do quadril (p=0,02) do que o grupo controle durante a marcha. Não houve diferença significativa na adução do quadril (p=0,32) entre os grupos. No plano transversal, não houve diferença significativa na protração pélvica (p=0,32), retração pélvica (p=0,66), rotação interna do quadril (p=0,05) e rotação externa do quadril (p=0,2) e ângulos de progressão interna (p=0,4) e progressão externa dos pés (p=0,12) entre os grupos. Conclusão: Indivíduos com EEPF submetidos à correção cirúrgica apresentaram alterações da marcha no plano sagital e frontal para pelve, quadril, joelho e tornozelo em comparação com indivíduos saudáveis. Vale ressaltar a importância da avaliação da marcha desses indivíduos na prática clínica, bem como a implementação de abordagens para melhora de parâmetros cinemáticos.