Avaliação da funcionalidade de trabalhadores por meio da versão brasileira do Questionário de Reabilitação Profissional (WORQ)
Abstract
Introdução: O indivíduo acometido por uma incapacidade tem mudança no rendimento do trabalho que pode repercutir negativamente, levando a redução da qualidade de vida, perda de produtividade e maior demanda por serviços de saúde. Informações a respeito da funcionalidade são de extrema importância para guiar, desde o afastamento de um trabalhador, até a concessão de um benefício e o retorno ao trabalho. O WORQ é um instrumento de avaliação de incapacidades baseado na CIF, criado para uso em reabilitação profissional, traduzido para o português e posteriormente validado para uso com trabalhadores ativos. Seu uso possibilita o monitoramento da funcionalidade de trabalhadores, facilitando a elaboração de ações estratégicas de prevenção de incapacidades e recuperação da funcionalidade. Objetivo: Avaliar a funcionalidade de trabalhadores ativos de uma instituição pública de ensino superior e correlacionar os achados com a qualidade de vida destes indivíduos. Metodologia: Foram selecionados por meio de sorteio 241 servidores ativos que responderam o questionário de reabilitação profissional (WORQ) e o questionário de qualidade de vida (WHOQOL). Foram realizadas análises descritivas para caracterização das incapacidades encontradas (WORQ) e realizados testes de correlação com os escores do WHOQOL. Foi utilizado o programa SPSS.20. Resultados: A amostra estudada tinha média de idade de 41,78 anos (DP 10,99) com distribuição homogênea de mulheres (50,2%) e homens, maioria casada (59,3%), trabalhando em período integral (52,7%) e possuindo pós-graduação (78,4%). O escore total do WORQ varia de 0 a 400 (soma dos 40 itens com escala de 1 a 10) e neste estudo obteve média de 100,95 (±66,9). As principais alterações de funcionalidade encontradas foram relativas às dificuldades com o sono (n=241; score médio 4,59), sentir-se cansado (n=238; score médio 4,17), preocupação excessiva (n=241; escore médio 4,01), dificuldade em cuidar da própria saúde (n=240; score médio 3,78), presença de dor (n=241; score médio 3,76), resistência física (n=241; score médio 3,75), força muscular (n=241; score médio 3,51) e dificuldade para manter a atenção (n=242; score médio 3,38). O auto relato de problemas de funcionalidade (WORQ) se correlacionou moderada e inversamente com a qualidade de vida (WHOQOL) dos participantes (Spearman r= 0,671; p-valor 0,001). Conclusão: Mesmo os trabalhadores ativos, apresentam algum grau de incapacidade, conforme evidenciado por este estudo. A presença de dor e as alterações relacionadas a cansaço, stress e dificuldade para cuidar da própria saúde são indicativos da situação de saúde dos trabalhadores desta amostra, sinalizando a necessidade de acompanhamento da funcionalidade no ambiente de trabalho para minimizar os impactos na saúde e no desempenho laboral ao longo do tempo. A presença de incapacidades se mostrou inversa e moderadamente correlacionada à qualidade de vida, indicando impacto importante no dia a dia destes trabalhadores.