DINÂMICA MUSCULAR DO COMPLEXO DO OMBRO APÓS TRAUMA NA EXTREMIDADE DISTAL DO MEMBRO SUPERIOR
Resumen
Introdução: Para executar adequadamente uma tarefa motora, é essencial que haja uma sequência coordenada de todos os segmentos do membro superior. Traumas no segmento distal podem resultar em mudanças nos segmentos adjacentes. Incluindo a escápula, sendo suscetível a alterações que afetam sua posição e movimento. O objetivo deste estudo é avaliar a dinâmica muscular do complexo do ombro de um indivíduo que sofreu uma fratura na extremidade distal do membro superior direito. Métodos: Estudo foi realizado com um homem, de 20 anos e história de tratamento cirúrgico para fratura de rádio e ulna devido a acidente automobilístico ocorrido em dezembro de 2022. Aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, parecer nº 2.715.11. Para descartar lesões no ombro foi realizado o cluster para síndrome do impacto. Foi avaliada a discinese escapular através de vídeo dos movimentos de flexão e abdução do ombro com uma carga distal de 2kg. Para coleta de dados eletromiográficos foi utilizado o equipamento da marca Delsys (Trigono Wireless Systems). A preparação da pele e colocação dos eletrodos seguiu as recomendações do SENIAM. Eletrodos foram posicionados nos músculos trapézio superior, deltoide fibras médias, trapézio inferior e serrátil anterior. Processamento dos sinais foi realizado no programa Matlab (2015). Foram selecionadas as tarefas de elevação do ombro de 90º e 120º no plano da escápula, sem carga e com a carga de 2kg em ambos os membros e as variáveis eletromiograficas selecionadas foram o tempo inicial de ativação (onset) para identifição do primeiro músculo a ser ativado e root mean square (RMS) para mensurar a amplitude média de ativação muscular. Resultados: A classificação da discinese escapular foi tipo I bilateral, com predominância do lado esquerdo. No membro do lado da fratura (direito), o primeiro músculo a ser ativado, na tarefa sem a carga distal, foi o trapézio superior nas elevações de 90º e 120º e quando adicionada a carga, o trapézio superior foi o primeiro músculo na elevação de 90º e o trapézio superior e deltoide fibras médias, simultaneamente, à 120º. No membro contralateral (esquerdo) o primeiro músculo a ser ativado na elevação à 90º foi o deltoide fibras médias tanto na tarefa sem carga quanto com carga. Porém na elevação à 120º trapézio fibras superiores na tarefa sem carga e trapézio fibras inferiores na tarefa com carga. Ao analisar o RMS observamos que, os músculos do lado direito (lado lesão) foram mais recrutados quando comparados com o lado esquerdo (sem lesão). Do lado direito na elevação sem carga a 90º e 120º o músculo mais recrutado foi o trapézio superior, enquanto que nos movimentos com carga a 90º e 120º o músculo mais recrutado foi o deltóide fibras médias. Conclusão: Nossos resultados sugerem que há uma diferença no padrão do movimento entre lado da fratura e o lado contralateral, tanto em relação aos músculos que iniciam os movimentos quanto ao recrutamento muscular.