O EFEITO DA IMERSÃO EM ÁGUA FRIA NA DIMINUIÇÃO DA FADIGA EM NADADORES: UM ENSAIO CLÍNICO ALEATORIZADO
Resumen
Fadiga muscular é a perda gradual de força muscular resultante de carga excessiva impossibilitando a manutenção do desempenho a níveis ótimos. A demanda de ativação muscular decorrente de exercícios de alta intensidade pode promover aumento de tônus, afetando assim a coordenação e o desempenho. Além disso, estudos mostram que 56% das lesões relacionadas à fadiga de nadadores são atraumáticas e associadas ao estresse. Desta forma, estratégias recuperativas ganham cada vez mais destaque em diversas modalidades esportivas. O objetivo foi avaliar o efeito a curto prazo da imersão em água fria (IAF) em nadadores após um protocolo de fadiga usual. Trata-se de um ensaio clínico aleatorizado com amostra de nadadores saudáveis entre 16 e 20 anos de ambos os sexos, que treinam regularmente no Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG. O protocolo de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FCT/UNESP (CAAE: 40230320.0.0000.5402). Os participantes compareceram ao CTE duas vezes com intervalo de 7 dias para realizar as duas condições (controle e IAF) em ordens aleatorizadas previamente. O protocolo de fadiga foi realizado em piscina longa coberta, onde os participantes realizaram um aquecimento de 15 minutos, seguido de 8x100 metros estilo crawl utilizando um palmar e um paraquedas M, em intensidade correspondente ao VO2max, e intervalo de 30 segundos, objetivando promover fadiga periféricas dos membros superiores. Ao final das séries os voluntários responderam o nível de fadiga no momento, a partir da escala modificada de Borg (CR10), que varia de 0 (nenhum esforço) a 10 (esforço máximo). Em seguida, foram submetidos à condição controle, caracterizada pelo descanso em pé ou sentado, desde que não realizassem atividades físicas, ou a IAF, caracterizada pela imersão em tanque de água fria até os ombros com a temperatura de 11-15 °C, ambas por 12 minutos. Os grupos foram comparados pelo modelo linear geral com distribuição normal, com pós teste de bonferroni e nível de significância de 5%. Foram avaliados 16 participantes com as seguintes características (idade: 16,86 ± 1,46 anos; peso: 66,95 ± 8,42kg; altura: 171,15 ± 8,47cm). Em média, os voluntários relataram fadiga acima de 7 após o protocolo na piscina. Ambas as condições testadas diminuíram significativamente a fadiga sendo que o grupo controle teve redução de -2,12 (-3,31 a -0,92) e o grupo intervenção de -5,29 (-6,52 a -4,05). Destacamos também que a IAF promoveu uma melhora significativamente maior do que a condição controle, resultando em um nível de fadiga baixo (2,50 ± 1,61), enquanto o controle resultou em um nível moderado (5,05 ± 2,37). Ambas as condições reduziram significativamente a fadiga, porém a IAF apresentou melhores resultados o que promoveu uma recuperação quase completa desta sensação em apenas 12 minutos. Assim, quando logisticamente viável, a IAF se apresenta como uma boa alternativa clínica para diminuição da fadiga em nadadores após treinamentos de alta intensidade