Recuperação funcional após reimplante da mão a nível do braço: relato de experiência de dois casos
Resumen
Introdução: Reimplantes após amputações nos membros superiores são realizados principalmente com o objetivo de manutenção de algum nível funcional, o que associa-se ao restabelecimento da sensibilidade no segmento reimplantado. Relato da experiência: Serão relatados dois casos de reimplante da mão a nível do braço após amputação traumática do antebraço, atendidos em um hospital universitário. Nas cirurgias ocorreu a ressecção do cotovelo, assim, os tendões flexores de punho e dedos foram solidarizados com o bíceps braquial e dos extensores, com o tríceps. Caso 1: Paciente do sexo masculino, 23 anos na data do trauma; amputação e reimplante no membro dominante, seguimento por 14 meses contínuos até a avaliação final; acompanhado pelos serviços de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Na avaliação final o paciente apresentava: limiar sensitivo normal para toda a mão afetada; pontuação questionário DASH: 30 pontos; força de preensão palmar por dinamometria isométrica: 5,34 kgf; força grau 4 para flexores de punho e grau 3 para extensores. Na alta, o paciente relatava uso da mão em diversas atividades, incluindo algumas com carga e retorno às atividades laborais de maneira adaptada. Caso 2: Paciente do sexo masculino, 66 anos, amputação e reimplante no membro dominante com artrodese do punho, ocorridos no início da pandemia de COVID-19, seguimento por 12 meses de maneira intermitente. Na avaliação final, realizada com 36 meses de pós-operatório, apresentava: anestesia na maior parte da palma da mão, com limiar apenas para pressão profunda em terceiro e quarto dedos; DASH: 20,45 pontos; força muscular grau 1 para flexores dos dedos, com grau 4 para o polegar; grau 3 para extensores dos dedos, com grau 1 para o polegar. O paciente retornou ao trabalho de maneira adaptada, relatou uso da mão reimplantada somente para apoio em algumas atividades tendo preferência por realizar a maior parte das AVD’s com o membro contralateral. Considerações finais: O reimplante da mão a nível do braço não é frequente e tem impacto funcional importante para o indivíduo. Observa-se que a idade na data do trauma pode ter sido um fator decisivo na recuperação da função sensorial desses pacientes, que, por sua vez, implica no uso da mão reimplantada. A preservação da articulação do punho pode, também, ser um fator favorável ao desempenho funcional do membro operado. Finalmente, os impactos da pandemia de COVID-19 sobre a frequência do tratamento e reavaliações fisioterapêuticas, e também sobre as condutas cirúrgicas complementares para melhora da sensibilidade, podem ter alguma influência na recuperação do paciente relatado no caso 2.