CINESIOFOBIA, MOBILIDADE DO TRONCO E INCAPACIDADE RELACIONADA À DOR LOMBAR EM IDOSOS ATENDIDOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Resumo
Introdução: A dor lombar cronica (DLC) é uma condição de saúde incapacitante no idoso. Embora fatores físicos e psicossociais afetem o planejamento de sua abordagem nesta população, a relação entre eles ainda não é clara. Objetivo: Investigar a associação entre cinesiofobia e mobilidade de tronco e incapacidade relacionadas à DLC em idosos atendidos na atenção primaria. Metodologia: Trata-se de um estudo observacional transversal, realizado em unidade basica de saúde de uma area de baixa renda da cidade de Fortaleza, Ceara. Foram incluídos participantes de ambos sexos, com idade maior de 55 anos, residentes da Regional III de Fortaleza, e com DLC como principal queixa musculoesquelética. O estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa (parecer QA74.2014.PJ.0018). Foram avaliados os níveis de cinesiofobia (Escala Tampa para Cinesiofobia), incapacidade relacionada à DL (Questionario de Incapacidade Roland Morris), mobilidade anterior do tronco (Finger to floor distance test, em centímetros), e intensidade da dor (Escala Numérica da Dor). A investigação da associação da variavel independente cinesiofobia com as dependentes mobilidade de tronco e incapacidade foi explorada por meio de testes de correlação, separadamente, construindo em sequência modelos de regressão linear, quando pertinente (alfa = 0,05). A variavel dor foi inserida para ajuste do modelo final. Resultados: Sessenta participantes, com média de idade de 64,6 anos (± 8,2), participaram do estudo. Os participantes tiveram níveis moderados de dor, e a maioria deles reportou baixo nível de escolaridade. As médias de cinesiofobia, incapacidade e mobilidade do tronco foram 44,58 (± 8,23), 11,72 (± 6,12) e 16 cm (15,38), respectivamente. Cinesiofobia não se correlacionou com mobilidade de tronco; em contrapartida, ela apresentou correlação positiva e moderada com a incapacidade relacionada com a DL (r = 0,50; p = 0,001). O modelo revelado por meio da analise de regressão identificou que cinesiofobia contribuiu para 33% da variância da incapacidade relacionada à DL (p = 0,001). Conclusão: Considerando a natureza multifatorial da DLC, a cinesiofobia em idosos pode ser um dos alvos terapêuticos, mas outros fatores associados devem ser investigados nesse nível de atenção em saúde.